Análise de Resident Evil Village: inspirações e chefes memoráveis criam a atmosfera do game
By - Luiz Nogueira, 21 maio 2021 às 17:40
Quando foi anunciado, “Resident Evil Village” chamou bastante atenção dos fãs da saga por se parecer bastante com o quarto capítulo da aventura, protagonizado por Leon Kennedy. Essa ligação foi feita principalmente por conta da ambientação, já que ambos se passam em um vilarejo da Europa.
Porém, as semelhanças param por aí e “Village” chega com uma identidade própria, trazendo novamente Ethan Winters, protagonista de “Resident Evil 7”, para o papel principal.
Uma das maiores críticas do game anterior era o fato de que Ethan não tinha personalidade ou sequer muitas falas. Felizmente, no novo jogo isso foi mudado. O personagem ganha ainda mais relevância quando o game mostra a felicidade de seu casamento com Mia e como os eventos que dão início ao jogo o afetam.
História
“Village” se passa três anos após o fim do sétimo capítulo da série. Após resgatar Mia das garras da família Baker, Ethan e sua esposa vivem tranquilamente na Europa enquanto criam sua filha, Rose.
No entanto, em uma noite aparentemente tranquila, a casa de Ethan é invadida e ele é levado junto com sua filha para um local desconhecido. O personagem acorda sem saber onde está e em um lugar totalmente deserto. É aí que a aventura começa.
Enquanto explora a vila atrás de sua filha, Ethan deve enfrentar inimigos chamados de licanos, uma espécie de lobisomem. Além disso, esse momento inicial serve para dar um pequeno teaser do que espera o protagonista no decorrer do game.
Logo de início somos apresentados ao conceito da Mãe Miranda e como essa estranha figura parece controlar tudo o que envolve o vilarejo. Isso é bem interessante, principalmente por criar uma tensão até o momento em que Ethan finalmente a encontra e entende um pouco de suas motivações.
Inclusive, o primeiro encontro entre Ethan e a personagem nos apresenta uma visão aterradora, como se fosse um julgamento, em que os presentes são os “filhos” de Miranda. Mas falaremos deles em breve.
Voltando à história, conforme Ethan avança pelas entranhas do local, descobre ligações com eventos passados de “Resident Evil”, bem como sobre alguns fatos envolvendo sua filha e os habitantes do vilarejo.
Em minha opinião, a história é um dos pontos altos do game, já que explica muita coisa que ficou aberta no jogo anterior – além de revelar uma informação sobre uma de minhas maiores indignações, que é o fato de Ethan conseguir “remendar” seus membros decepados com um kit de primeiros socorros.
Com uma história sombria e misteriosa, “Village” conseguiu se destacar em um momento em que muitos desacreditavam no potencial de uma história com Ethan como protagonista. Um dos maiores acertos da Capcom com este lançamento foi dar mais espaço para que o personagem se desenvolva e, consequentemente, adquira a empatia do jogador.
Personagens
Agora falando dos personagens, temos o maior destaque das ações de marketing de um “Resident Evil” até hoje: Lady Dimitrescu. Apesar de não ser a antagonista principal, ela consegue ter bastante personalidade e ser uma figura bastante presente no pesadelo enfrentado por Ethan.
No entanto, infelizmente, seu tempo dentro do game é pouco se comparado com as expectativas criadas. As crias de Dimitrescu (Bela, Cassandra e Daniela) também parecem mal-aproveitas, já que, na maior parte do tempo, aparecem em pequenas animações, sempre rodeando sua “mãe”.
Isso até as respectivas batalhas de Ethan contra elas acontecerem. Mas todas são bastante simples e sem muito brilho. Mas isso é até compreensível, já que elas não são as únicas adições à narrativa.
Como citado, Miranda possui “filhos”, que são seus protegidos e que servem suas vontades. Além de Dimitrescu, temos Salvatore Moreau, Donna Beneviento e Karl Heisenberg. Cada um possui sua própria personalidade e propriedade própria dentro do vilarejo. É interessante ver as diferenças de cada um e como eles agem em relação a Ethan.
Inclusive, em um dos segmentos no “domínio” de um deles, os fãs de “Resident Evil 4” estarão em casa, já que há uma criatura bastante semelhante ao Del Lago enfrentado por Leon.
Mas o grande destaque fica por conta da Casa Beneviento, que apresenta o segmento mais assustador do game e um dos mais interessantes da franquia – inclusive com uma clara referência ao P.T. (Playable Teaser) de “Silent Hills”. É assustador!
Infelizmente, como nem tudo é perfeito, alguns dos momentos do game parecem perder o fator tensão, como uma das batalhas, em que parece que estamos lutando contra um Transformer. Isso quebra um pouco da atmosfera criada até então. Felizmente, o restante compensa pela experiência.
Inimigos
Enquanto os antagonistas são bastante diferentes entre si e possuem características próprias, não posso dizer o mesmo dos inimigos. Aqui não há grande variação. Os já citados licanos estão presentes por quase todo o vilarejo, com a ressalva de uma versão com armadura, mas que não apresenta grande desafio.
Por isso, como o game apresenta um mundo semi-aberto, é normal ficar transitando pelos locais em busca de tesouros e melhorias de armas. Acostume-se a dar de cara com esses inimigos a todo o momento.
Mecânicas
Apesar das semelhanças com “Resident Evil 4” na ambientação, a Capcom também se inspirou muito no modelo de armazenamento de itens do Leon para criar o inventário de Ethan. Temos o retorno de uma espécie de maleta, em que o jogador deve manejar os itens para que eles caibam de maneira correta.
É possível comprar upgrades para essa maleta com o Duque, o mercador do game. Nele também é possível adquirir munições, aprimoramentos de armas e até entregar carnes caçadas durante o game para que melhorias para o personagem sejam feitas.
Ainda falando de caça, é interessante poder andar pelo mundo e caçar animais dos mais variados tipos. Isso vai servir para que o Duque cozinhe pratos que melhoram a defesa, a vida e a estamina de Ethan.
A caça aos itens para venda também é bastante comum. A cada chefe derrotado, por exemplo, o jogador recebe uma peça que pode ser vendida.
Conclusão
Apesar dos pequenos problemas citados, “Resident Evil Village” é um ótimo game da franquia e um jogo de terror bastante competente no que se propõe.
Com cerca de dez horas de duração, a campanha principal possui um fator replay bastante interessante, já que o título oferece desafios que devem ser completados para que recompensas, como munição infinita, sejam desbloqueadas.
O Modo Mercenários também é bastante interessante, o que pode dar uma vida útil maior para o game.
O jogo foi lançado em 7 de maio para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S/X, PC e Google Stadia.
Esta análise foi feita a partir de uma cópia do game cedida pela Capcom.
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