Jogos gratuitos – ou “free to play” – não são necessariamente gratuitos e, pelo visto, ainda se mantém como uma via de forte remuneração a seus criadores, e se dividem entre “pacotes” e “gacha”. De acordo com uma pesquisa do GameDiscoverCo, títulos que atendem ao segundo pilar de microtransação lideraram a preferência dos jogadores de PC em 2023.

Em resumo, parece que jogos estilo “gacha” levaram a melhor em relação à boa e velha venda de pacotes adquiridos à parte (vamos explicar a diferença mais abaixo), com Summoners Wars: Chronicles liderando a listagem ao gerar receita de US$ 24.447.000 (R$ 121.115.889,68) e média de gasto por jogador de US$ 17,87 (R$ 88,53).

Listagem mostra ranking de títulos free to play da Steam em 2023

Imagem: GameDiscoverCo/Reprodução

Em segundo lugar, como você viu acima, temos Marvel Snap, o jogo de cartas da “Casa das Ideias” que foi lançado ano passado com reviews muito favoráveis. De lá até aqui, o jogo permaneceu forte, com receita de US$ 19.378.00 (R$ 96.002.933,29). Outros nomes interessantes que figuram em boas posições são Tower of Fantasy, Magic: The Gathering Arena e Torchlight: Infinite.

Outros jogos free to play que apareceram no levantamento – mais abaixo no ranking, vale citar – são  Overwatch 2 e Trackmania (este último sequer chegou a passar de US$ 1 milhão).

Vale citar que o levantamento acima refere-se apenas aos jogos disponíveis na Steam, e não consideram, por exemplo, os valores obtidos por títulos presentes em várias plataformas: Overwatch 2, por exemplo, teve faturamento de US$ 4.621.000 (R$ 22.894.282,40), mas ele está disponível também via Battle.net, da Blizzard, e os números de lá não entram nessa conta.

Call of Duty está ausente desse levantamento pois, segundo o GameDiscoverCo, o método aplicado não consegue separar formatos pagos de formatos free to play, como é o caso com o jogo da Activision, que oferece ambos.

‘Gacha’ ou ‘Pacote’: os dois são ‘free to play’, mas o modelo é diferente

Jogos ‘free to play’ – ou “F2P” – são, em essência, títulos que você baixar e jogar de graça, usando todos os seus recursos de base sem nenhum impedimento. Dentro dessa categoria, temos vários títulos famosos, desde o já citado Overwatch 2, APEX Legends, Genshin Impact e assim por diante…

Entretanto, todos esses jogos oferecem recursos que podem ser adquiridos por um preço à parte – e é aí que mora o “pulo do gato”, já que o modelo de negócios costuma se dividir em duas vias: gacha e pacotes. Entender essa diferença não é muito complicado, mas pode ajudar você a decidir melhor onde você quer botar seu suado salário e ter uma melhor relação custo-benefício para o seu divertimento.

O método de pacotes é o mais comum em jogos free to play. Nele, essencialmente, você tem anúncios de, bem, pacotes específicos de recursos que são revelados logo de cara para o usuário, que decide de antemão se vale a pena ou não pagar por ele. Um pacote de itens e aceleradores de experiência em Call of Duty: Warzone 2.0, por exemplo, cai nessa categoria – você vê o pacote, sabe o que tem nele e decide se quer comprar ou não.

Banner mostra os três novos operadores do multiplayer de Call of Duty -- incluindo Lara Croft, de Tomb Raider

Em Warzone, você pode jogar gratuitamente, mas alguns pacotes com personagens, itens e armas são adquiridos à parte, por meio de cobrança de dinheiro real (Imagem: Activision/Divulgação)

O formato gacha, por outro lado, é um pouco mais arriscado, já que você paga, essencialmente, por uma aposta. Com o seu investimento, você “compra” sua entrada em um sorteio automatizado que pode render uma série de benefícios que você não tem controle sobre qual será.

O melhor exemplo disso é Genshin Impact: o jogo oferece as “primogemas” – sua moeda interna – que lhe permite trocar por “Desejos”. Esses “desejos” funcionam como método de troca para a aquisição de novos personagens e armas. No entanto, gastar seus “desejos” não necessariamente levará você a adquirir “aquele” personagem – ele pode ou não chegar, no meio de vários outros.

Obviamente, há formas de obter os “desejos” naturalmente: você vai jogando e cumprindo objetivos que podem oferecê-los como recompensa. Ou, caso você queira economizar tempo, investir na compra direta deles usando dinheiro real.

Em termos práticos: a temporada atual do jogo da HoYoVerse traz o banner “Destino Tempestuoso”, que destaca os personagens Wriothesley e Venti. Ambos podem ou não serem conferidos a você na troca por “desejos”. Mas você também pode acabar investindo desejos e não pegando nenhum dos dois e sim outros benefícios “menores”.

Isso porque Wriothesley e Venti são considerados personagens “cinco estrelas”, e por isso, têm uma probabilidade mais rara de contemplar seus jogadores. Ao passo que personagens de quatro estrelas ou armas de três e quatro estrelas têm chances maiores e, consequentemente, são resultantes mais comuns.

Imagem mostra o banner atual de personagens de Genshin Impact

Em Genshin Impact, o método de microtransação gacha equivale à aposta, onde você não controla o benefício que receberá mediante pagamento de dinheiro real (Imagem: HoYoVerse/Reprodução)

Entendeu porque usamos “aposta” mais acima? No formato gacha, você não controla o resultado, mas investe na possibilidade de tê-lo.

E qual é melhor?

Bem…os dois. E nenhum dos dois. Seja o método gacha ou pacotes à parte, nenhum dos dois formatos é exclusivo de jogos free to play. Inclusive, jogos comprados com dinheiro real – como EA Sports FC – ainda oferecem pacotes à parte, ou seja, cobrando de você mais grana além daquela que você já pagou para comprar o título.

Ao final do dia, pacotes tendem (mas nem sempre) a ser mais caros, já que você tem um controle maior sobre a recompensa da compra. Já os gacha às vezes são mais baratos, uma vez que você não sabe o que vai ganhar pelo seu gasto.

Vai de você querer investir em algo certeiro ou brincar de apostar com a possível recompensa.

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