Lembra quando o Twitter começou a bloquear a exibição de tweets para usuários sem perfil na plataforma, ou mesmo deslogados? Pois bem, parece que o serviço voltou atrás e está liberando novamente a exibição de posts aos poucos, dentro dessas circunstâncias.

Quem identificou o retorno silencioso foi o Engadget , afirmando que os editores da publicação conseguiram novamente ter acesso a tweets individuais normalmente, embora aparentemente a visualização de perfis ainda esteja bloqueada. Aqui no blog KaBuM! também fizemos testes e a funcionalidade pareceu estar de volta no mesmo esquema relatado pela publicação: posts liberados, perfis nem tanto…

Um pouco de contexto

Segundo Elon Musk, o dono do Twitter, tornar os tweets inacessíveis para usuários desconectados foi parte de uma “medida emergencial temporária” que contou também com outro bloqueio que resultou em um limite de posts exibidos diariamente para usuários logados.

Ainda de acordo com o executivo, os bloqueios foram necessários porque a rede estaria enfrentando “scraping massivo de dados” a ponto de ser “humilhante para usuários normais”, escreveu.

Ele também teria dito que “quase todas as empresas que usam IA, desde startups até algumas das maiores corporações da Terra, coletam grandes quantidades de dados” e que seria “bastante irritante ter de colocar um grande número de servidores online em caráter de emergência apenas para facilitar a avaliação ultrajante de alguma startup de IA”.

Em tempo: para quem não sabe, scraping de dados (ou “data scraping”, no inglês) é uma técnica conhecida no mundo tecnologia que consiste na extração (coleta) de dados provenientes de um determinado serviço ou aplicativo (no caso, os dados seriam do Twitter) por meio do uso de um software específico para essa finalidade.

A técnica também é conhecida como “raspagem de dados” e, em geral, seria usada para “raspar dados”, colocando-os de forma estruturada e clara para, então, possibilitar análises — empresas utilizam bastante esse tipo de recurso para trabalhos de analitycs e insights de negócios, por exemplo.

Mas voltando à questão principal: a justificativa de Musk até pode fazer sentido, afinal qualquer ação dentro de uma plataforma requer um servidor estabelecido por trás da tecnologia para “aguentar” o processo.

A rigor, quando Musk diz ser “bastante irritante ter de colocar um grande número de servidores online em caráter de emergência”, ele argumenta que o Twitter estaria tendo de contratar mais espaço em servidores para suportar as requisições provenientes de processos de scraping que, por sua vez, não são ações realizadas propriamente pelo Twitter, mas sim, por terceiros.

No fim, a reclamação do executivo pode ser resumida em apenas uma palavra: dinheiro. Quanto maior o número de requisições, mais alocação de recursos e, consequentemente, maior investimento a empresa teria de fazer.

Corroborando com a justificativa de Musk, a companhia também teria feito um comunicado oficialmente pelo blog da empresa, afirmando que a ação emergencial teria como finalidade identificar e separar usuários comuns e humanos de bot.

“Para garantir a autenticidade da nossa base de usuários, nós temos de tomar medidas extremas para remover spam e bots da nossa plataforma. Por esse motivo nós temporariamente limitamos o uso [do serviço] para que possamos detectar e eliminar bots e outros agentes nocivos que estão impactando a plataforma.”

Seria Thread a nova threat* ao Twitter?

Depois de toda essa explicação do blog KaBuM! ai em cima, vale lembrar que essa foi apenas uma maneira bem simplista de tentar decifrar a justificativa liberada por Musk. Para ter um veredicto adequado sobre a tal “decisão emergencial”, seria necessário de fato entender o funcionamento por trás da plataforma — mas isso é conversa para outra matéria.

Exemplos de telas do novo aplicativo do Instagram, o Threads, que seria novo concorrente do Twitter

Imagem: reprodução

Coincidentemente ou não, o desbloqueio das medidas recentemente aplicadas está acontecendo na mesma semana em que publicações no mundo (inclusive nós) falaram sobre a Meta estar preparando para lançar o Threads como concorrente direto do serviço do passarinho azul. Se o aplicativo de Zuckerberg será uma nova ameaça ou não, ainda precisamos de insumo para decidir.

Mas que a concorrência conseguiu chamar alguma atenção do Twitter, isso é fato.

Vamos esperar para ver onde é que vai dar esse debate. Enquanto isso, você também pode ver nossas matérias especiais sobre tudo o que sabemos do Threads e nossa lista de serviços alternativos ao Twitter, caso você não queira mais utilizar o serviço.

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*Threat: do inglês “ameaça”, “risco”.

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