[Review] The Quarry
Novo jogo da Supermassive (Until Dawn e The Dark Pictures Anthology), The Quarry é um “terrir” com alguns problemas, mas envolvente e interessanteBy - Jessica Pinheiro, 4 julho 2022 às 20:51
The Quarry é o mais recente título desenvolvido pela Supermassive Games, mesmo estúdio de Until Dawn e The Dark Pictures Anthology (Man of Medan, Little Hope e House of Ashes). Caso você esteja habituado com os jogos da desenvolvedora, provavelmente tem uma noção do que lhe espera, mas The Quarry se destaca em alguns aspectos muito mais do que seus antecessores.
O game traz uma premissa típica de filmes de terror estrelando um grupo de adolescentes e alguns adultos realizando péssimas escolhas, como sempre. Isso porque The Quarry se passa em uma noite inesquecível, logo após o término de um acampamento de verão em Hackett’s Quarry, uma propriedade localizada nos Estados Unidos; onde um grupo de monitores tenta sobreviver a uma caçada mortal.
Prelúdio da desgraça
Logo após se despedirem das crianças que compareceram ao acampamento de verão, é a vez dos monitores se prepararem para deixar Hackett’s Quarry. Porém, quando a van que lhes serviria de transporte sofre um problema que parece irreversível, o instrutor Chris Hackett ordena que os jovens permaneçam no chalé durante a noite, sem sair sob hipótese alguma. Ele promete retornar pela manhã com os equipamentos para consertar o veículo e então saí às pressas.
Obviamente os jovens monitores não escutam Chris e decidem se divertir pela propriedade da família Hackett realizando uma espécie de festa de despedida. Entretanto, a diversão é interrompida quando eles são atacados por uma estranha criatura que começa a persegui-los de forma incansável.
Demora pra engrenar, mas serve bem
Depois de um prólogo muito intrigante, The Quarry demora alguns capítulos até que a luta pela sobrevivência de fato comece. Isso acontece para que o jogo consiga apresentar os personagens principais, fazendo com o que jogador os conheça e, se possível, se afeiçoe aos jovens. Alguns personagens são mais fáceis de gostar do que outros, o que pessoalmente é um mérito herdado dos demais jogos da Supermassive Games.
É impossível gostar de todas as pessoas na vida real, por que no jogo seria diferente? Além disso, algumas personalidades continuam mais difíceis de lidar do que outras — um aspecto que pode tornar mais difícil a tarefa de salvar as vidas desses jovens durante algumas situações. De forma geral, o trabalho de apresentação e desenvolvimento de personagens continua excelente em The Quarry, quer você goste dos protagonistas ou não.
Ainda assim, como já mencionado, a história demora um pouco para engrenar, com a trama começando a se desenrolar pra valer a partir do capítulo 3. Em contrapartida, a estética oitentista dos ícones, menus e display que contrastam de forma interessante com os podcasts e smartphones citados e/ou usados pelos adolescentes, os clichês narrativos que beiram o absurdo e muitas vezes arrancando risadas ao invés de repulsa, a dose certa de referências a filmes de terror e as interessantes reviravoltas compensam a espera.
Mecânicas e mais de 150 possibilidades de finais
Além da narrativa interativa com aspectos dignos de um filme de terror trash e dos personagens realistas que despertam a sensação de vale da estranheza mais do que nos games anteriores da desenvolvedora, The Quarry conta com algumas mecânicas interessantes para além das habituais escolhas com o poder de definir destinos.
Existem pistas que precisam ser coletadas para inocentar os adolescentes dos acontecimentos que perduram a noite, e cartas de tarot que podem revelar informações adicionais, prevenindo assim o jogador de seguir pelo pior caminho. Algumas vezes esses artifícios até mesmo desbloqueiam cenas extras para complementar a história. A dica de ouro, portanto, é: explore bastante.
Outro fator interessante são os mais de 150 finais que podem ser ativados dependendo das escolhas do jogador. Claro que existe um considerado como o melhor, mas mesmo este desfecho conta com ramificações muito intrigantes. Para os gamers que adoram testar todas as possibilidades ou gostam de completar 100% de um jogo, The Quarry é um prato cheio.
Elenco de milhões para um filme interativo
No elenco do game estão rostos conhecidos pelos mais assíduos por cinema e televisão. Chris, por exemplo, é interpretado por David Arquette, da franquia Pânico. Já Ryan é vivido por Justice Smith, de Pokémon: Detetive Pikachu; enquanto Ariel Winter, da série Modern Family, dá vida a Abigail em The Quarry.
The Quarry conta ainda com Brenda Song como Kaitlyn, Evan Evagora como Nick, Halston Sage como Emma, Miles Robbins como Dylan, Siobhan Williams como Laura, Skyler Gisondo como Max, Zach Tinker como Jacob, Ethan Suplee como Bobby, Grace Zabriskie como Eliza, Lance Henriksen como Jedediah, Lin Shaye como Constance e Ted Raimi como Travis.
E caso você queira tornar a experiência 100% em um filme interativo, The Quarry oferece o Modo Filme, que permite assistir a trama do começo ao fim como um verdadeiro suspense cinematográfico. Honestamente? Esse recurso tira 70% da graça e praticamente invalida a mídia para a qual o produto é destinado — i.e. videogames.
The Quarry vale a pena?
Disponível para PC(via Steam),Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox Series X/S e PlayStation 5, The Quarry eleve muitas características dos títulos anteriores da Supermassive Games a outro nível, mas ainda peca em aspectos cruciais. A jogabilidade, por exemplo, continua simples e fácil de dominar, e até mesmo os eventos de ação rápida (tradução para Quick Time Events, ou QTEs) não apresentam desafios. Além disso, sem entregar muito, os finais carecem de um tom épico.
A localização em português-brasileiro de The Quarry, por outro lado, merece elogios pela qualidade da adaptação do texto em si, com muitos termos populares e memes inseridos e sem parecerem forçados. As interpretações da dublagem também estão no ponto, se adaptando sempre que possível ao ritmo das falas originais. Entretanto, algumas legendas apareciam fora de sincronia algumas vezes (uma questão mais relacionada à programação, neste caso), e as vozes sofrem com a sincronização labial — ao menos de início.
Muito interessante e envolvente, The Quarry entrega uma experiência satisfatória e com muitas qualidades que merecem ser exaltadas, mas nada excepcional ou muito diferente do que a Supermassive Games se propõe em seus jogos. Um “terrir” divertido, especialmente se você estiver jogando acompanhado de outras pessoas, seja em encontros sociais ou transmissões na Twitch e YouTube.
Terror mesmo é o preço dessa brincadeira: por ser um lançamento, você pode encontrar o game a partir de R$ 349,90. Dependendo de suas condições financeiras, talvez valha mais a pena esperar baixar o preço ou aguardar uma promoção.
The Quarry foi analisado por meio de uma cópia para PC fornecida pela 2K Games.
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