Cientistas criam forma de fazer o sinal Wi-Fi atravessar paredes
Método faz uso de uma estrutura que impede que ondas Wi-Fi sejam refletidas, de forma similar ao que acontece às lentes de óculosBy - Rafael Arbulu, 18 agosto 2022 às 13:14
Um grupo formado por pesquisadores das universidades de Viena e Rennes, na Áustria, desenvolveu um método que efetivamente impede o reflexo do sinal Wi-Fi, canalizando-o para uma melhor recepção dos dispositivos conectados. A ideia é tão interessante que, em cálculos primários, ela indicou que as ondas atravessariam paredes sem perda.
O método consiste em usar, parafraseando o grupo, um “meio complementar especialmente desenhado” ou então um “meio aleatoriamente desordenado” entre o emissor do sinal e o seu obstáculo. Em termos práticos: colocar algum tipo de painel anti-reflexivo entre o roteador e a parede.
Qualquer pessoa com uma conexão sem fio em casa sabe que o pior inimigo do Wi-Fi é uma parede grossa. Isso porque o sinal da rede bate contra ela, mas apenas parte dele a atravessa e chega ao dispositivo desejado. O restante ou é absorvido na própria parede ou refletido por ela em outras direções.
O cenário é especialmente verdadeiro em casas e apartamentos mais antigos, que contam com colunas bem mais grossas e concretagem mais reforçada. Por essa razão, até mesmo as “quitinetes” de poucos metros quadrados contam com um repetidor de sinal ou dois para contornar o problema.
Segundo Michael Horodynski, estudante de PhD em Formação de Ondas Frontais e Distribuição Complexa e coautor do estudo, a metodologia funciona de forma similar ao que se vê no revestimento nas lentes de um par de óculos: basicamente, existe uma camada antirreflexiva entre as duas partes de uma lente, permitindo que a luz chegue aos olhos sem ser jogada para outras direções e tampouco machuque a visão da pessoa que está utilizando o acessório.
Para o sinal de Wi-Fi, a ideia foi expandida: em um teste prático, os cientistas emitiram ondas de rádio (a real natureza do Wi-Fi) por entre uma série de obstáculos dispostos aleatoriamente. Por meio de modelos computadorizados, eles introduziram um meio extra na forma de uma superfície entre a parede e o emissor do sinal. O resultado foi bem interessante: nenhuma parte do sinal foi refletida ou absorvida — todas passaram e atingiram o objeto desejado.
Finalmente o sinal de Wi-Fi vai ser bom?
A princípio, colocar uma “parede na frente de outra parede” pode parecer uma ampliação do problema, mas, de acordo com o coautor Matthieu Davy, professor assistente de Engenharia Eletrônica, a chave está no direcionamento: “Esse obstáculo adicional nos permite guiar as ondas pelo labirinto inicial, seguindo uma rota totalmente transmissível e eliminando qualquer reflexo”.
Evidentemente, isso não parece ser algo fácil para se implementar de forma prática: convenhamos, estamos falando não só de mais paredes na sua casa, mas também de superfícies antirreflexo que tendem a ser mais caras.
O time por trás do estudo concede a necessidade de uma pesquisa maior para se estudar a natureza, composição e implementação do método — embora estejam esperançosos.
Ao menos por ora, porém, mantenha seus roteadores ligados e repetidores à mão.
Via: Nature
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