[Crítica] Samurai de Olhos Azuis é maravilhosamente sangrento e hipnotizante

Lindamente sangrento, hipnotizante e uma belíssima demonstração do poder da animação. O Samurai de Olhos Azuis não é um anime tradicional – longe disso. Produzido em inglês e com episódios longos, conta a história de Mizu, uma samurai implacável em busca de vingança.

A história tem como pano de fundo o Japão dos anos 1600, durante o período Edo, quando as fronteiras foram fechadas e os brancos totalmente banidos do país. Mizu é mestiça, filha de um homem branco desconhecido, e sofre as consequências de ser diferente.

Imagem: Netflix

Uma vida dedicada à vingança

Seus olhos azuis não mentem e a fazem ser vista como um “monstro” pela sociedade. Por tudo o que passou, ela dedica então sua vida a executar o responsável pelo seu sofrimento. E como não sabe quem é seu pai, Mizu decide matar todos os quatro homens brancos que viviam no Japão quando nasceu. É o início de uma caçada sangrenta — e de um drama maravilhoso!

A série usa o fato para mostrar a incrível força de uma mulher determinada. Inevitavelmente, para seguir com sua jornada de vingança, Mizu se disfarça de homem: usa uma faixa amarrada no peito, roupas masculinas, cabelo preso e se camufla sob um chapéu de aba larga enquanto esconde seus lindos olhos azuis atrás de um óculos laranja.

E se a espada é a alma de um samurai, Mizu não se separa da sua: forjada a partir de um meteorito, é forte o suficiente para cortar como água o que vê pela frente.

A personagem é impressionante. Sua obsessão pela vingança a deixa cega e apaixonante. Nada ou ninguém importa tanto quanto sua missão: matar o primeiro homem branco identificado por ela no país, o traficante de armas Abijah Fowler.

No caminho até ele, sua habilidade como espadachim transforma as cenas de luta em verdadeiras obras de arte, quando (aí, sim) Mizu aparece como um “monstro” e mostra que nada é páreo para ela, seja um exército inteiro ou as mais graves feridas.

Imagem: Netflix

A perfeita mistura de animação 2D e 3D dá à série paisagens e personagens que aproximam muito a produção de um “live-action” (filme com atores reais). Mas a animação brilha nas longas lutas de espada e nas cenas fascinantes de tirar o fôlego.

Um exemplo claro dessa afirmação são os oito minutos em que Mizu desafia as leis da física para destruir as Quatro Presas à beira de um penhasco. A cena final é praticamente uma pintura: um golpe mortal desferido enquanto uma onda enorme quebra no mar ao fundo e a luz do pôr do sol cria um brilho vermelho na água.

Imagem: Netflix

Estilo Kill Bill

Curiosamente, em muitos momentos, Samurai de Olhos Azuis faz lembrar da história de Uma Thurman como Beatrix Kiddo no clássico Kill Bill, de Quentin Tarantino. São muitas semelhanças ao longo dos episódios, da violência metodicamente coreografada com momentos de pura beleza, ao desejo profundo de vingança e até mesmo certa gentileza em seus atos.

Acompanham a incrível saga de Mizu outros personagens marcantes na história, como seu aprendiz Ringo, um jovem cozinheiro sem as duas mãos que deixa para traz a loja de noodles do seu pai em busca da grandeza. Apesar do desinteresse da samurai em alguém ao seu lado, Ringo é adoravelmente insistente e mexe com os sentimentos da mestiça de olhos azuis.

Imagem: Netflix

A série ainda vai muito além de todo sangue que jorra durante as lindas batalhas. O drama adulto foca de forma não linear na história de Mizu, mostrando constantemente os reflexos e as consequências de uma vida dedicada à vingança. Não dá para deixar de comentar também, de volta à parte gráfica, o cuidado ao retratar as inúmeras cenas de sexo — que assim como as lutas de espadas, não são gratuitas.

Imagem: Netflix

Samurai de Olhos Azuis – segunda temporada? Provavelmente!

Por fim, resta dizer que a forma como termina a primeira temporada de Samurai de Olhos Azuis deixa claro que muitas cabeças ainda vão rolar. Uma segunda (e até terceira) temporada são mera questão de tempo, na minha opinião.

Os oito capítulos da primeira temporada de Samurai de Olhos Azuis estão disponíveis na Netflix.