Nascido de uma parceria entre a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e a ABR Telecom, o app Celular Seguro está programado para lançamento nesta terça-feira, 19. O aplicativo é uma promessa do governo para tentar reduzir os índices de roubo e furto de aparelhos celulares ao oferecer o bloqueio imediato da linha por meio de um PC ou outro smartphone.

De acordo com postagem do Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, no X (ex-Twitter), “com apenas um clique” o comando de bloqueio da linha chega à Anatel, às operadoras de telefonia e “demais aplicativos”.

Da forma como ele foi apresentado, o recurso parece ser mais um entre muitos outros que já existem, mas por uma razão ou outra, são menos conhecidos. Capelli e a divulgação ao redor do app, no entanto, deixam algumas perguntas: todos os materiais mencionam “bloqueio da linha”, mas sequer mencionam conexão wi-fi, que não depende de uma linha válida.

Isso não é contornado na parte de “aviso às operadoras” – presumindo: bloqueio do IMEI, a “impressão digital” exclusiva de cada aparelho. Com o IMEI fechado, não há acesso ao pacote de dados móveis (a “internet de chip”). Entretanto, se o ladrão porventura acessar alguma rede sem fio (como algum estabelecimento onde o wi-fi é público ou livremente compartilhado pelo dono), ele ainda poderá acessar a internet do aparelho, presumindo que ele esteja desbloqueado.

Mais além, o bloqueio de internet móvel nada faz para fechar as funcionalidades do aparelho, ao contrário do que faz um acesso à página de dispositivos do Google (veja como usar, logo abaixo) – esta, efetivamente, restaura o aparelho às configurações de fábrica, eliminando apps, fotos, vídeos, contas, senhas e registros, coibindo assim vazamentos ou, pior ainda, acesso a aplicações importantes, como bancos digitais, mensageiros como o WhatsApp ou redes sociais.

Também há soluções corporativas como o Cadeado Samsung que, hoje, ao menos por ora, funciona exclusivamente em smartphones Galaxy, com a mesma proposta do Celular Seguro do governo – falamos dele em seu lançamento aqui (e como nota pessoal, eu mesmo consegui utilizá-lo quando me roubaram há alguns meses).

De qualquer forma, uma solução a mais de segurança é sempre bem-vinda então, por via das dúvidas, use todas.

Imagem mostra captura de tela do app de busca de dispositivos do Google, por onde é possível apagar seus dados remotamente

Imagem: Google/Reprodução

Google Dispositivos ainda é mais robusto que qualquer app (e iOS tem um equivalente)

Uma boa prerrogativa para quem teve o aparelho roubado é usar a página de dispositivos cadastrados do Google, chamada “Google Devices”. Nela, você tem acesso a uma suíte mais complementar de proteção dos seus dados em caso de furto ou roubo.

Essencialmente, a página do Google marca qualquer dispositivo que acesse a sua conta na empresa de Mountain View (se você cadastrar o seu Gmail ou login no YouTube, por exemplo). Nisso, você pode configurar o aparelho como ponto de aprovação para logins posteriores (verificação em duas etapas) ou, em caso de algum outro dispositivo seu ter a conta acessível (digamos…seu notebook), você consegue controlar algumas funções de maneira remota.

No caso do Google Devices, não há bloqueio da linha, nem via IMEI nem de outra forma, mas há uma solução mais “tapão na mesa”, como diz a expressão: com um ou dois comandos na tela, você consegue marcar a localização do seu aparelho (caso ele esteja com a internet ligada e você possa informar à polícia) ou, na parte mais derradeira, apagar o aparelho por completo, revertendo-o às configurações de fábrica.

“Configurações de fábrica”, para os não iniciados, é o status de “aparelho zerado”. Sabe a hora em que você compra o aparelho e o liga pela primeira vez, logo depois que o tira da caixa? Aquilo é um “estado de fábrica”, onde até as configurações do sistema são zeradas.

Para isso, basta acessar o menu lateral e clicar na opção de “Limpar” o aparelho.

Vale lembrar, usuários do iPhone contam com uma solução similar para dispositivos iOS: por meio do iCloud, no mesmo menu de localização de aparelhos, você consegue restaurar seu produto às configurações de fábrica – uma boa pedida, considerando o fato do iPhone ainda ser um dos smartphones mais visados do Brasil.

Obviamente, soluções de segurança digital não precisam ser “ou esta, ou aquela” e todas podem ser usadas de forma conjunta, então, na dúvida, sempre tenha mais de uma delas disponível a todo momento.

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