A plataforma de chat Wickr Me, da Amazon, deixará de existir a partir de 31 de dezembro de 2023, tendo paralisado a recepção de novos usuários na mesma data no ano passado. O anúncio foi feito na página da própria aplicação.
O Wickr Me é um app de mensagens disponível para iOS e Android que promete a máxima segurança digital: usuários não precisam se logar com nenhuma informação que leve às suas identidades, e as mensagens trocadas por ele têm prazo de validade antes de serem completamente apagadas.
A promessa de segurança irrestrita, no entanto, foi justamente o que acabou levando diversas dores de cabeça à Amazon: em junho de 2022, uma reportagem investigativa da NBC, nos EUA, revelou que o Wickr Me havia se tornado o método preferido de comunicação para criminosos de todas as escalas, desde traficantes locais até redes internacionais de tráfico de drogas e exploração sexual e infantil.
Nos últimos cinco anos, foram identificados mais de 70 casos pendentes de julgamento na justiça de diversos países – todos envolvendo o Wickr Me de alguma forma. Com a Amazon adquirindo a empresa homônima em 2021, a gigante do e-commerce provavelmente passou a pensar que o investimento não valeria à pena se significasse idas e vindas contra o sistema judicial. A consequência veio hoje (3), com a confirmação da paralisação das atividades em comunicado:
“Depois de pensarmos cuidadosamente, decidimos concentrar nossos esforços em assegurar o nosso negócio e os dados do setor público dentro da AWS Wickr e Wickr Enterprise, optando por descontinuar o nosso produto direcionado ao consumidor final, o Wickr Me. Como resultado, nós deixamos de aceitar novos registros desde de 31 de dezembro de 2022, e vamos descontinuar o Wickr Me em 31 de dezembro de 2023. Nós entendemos a necessidade de nossos clientes para manter as comunicações seguras para informações sensíveis, e estamos trabalhando junto de todos eles para atendermos às suas demandas com a AWS Wickr.”
“AWS Wickr” é uma plataforma de comunicação com criptografia de ponta a ponta direcionada a clientes empresariais, não muito diferente das versões corporativas do Microsoft Teams e similares, mas com a promessa de maior e mais robusta segurança de informações. A aplicação conta com várias companhias de renome e até mesmo partes do governo norte-americano como seus clientes.
Dentro das acusações passadas, a Amazon assegurou que todas as suas divisões possuem termos de uso bem restritivos no que tange à distribuição de materiais criminosos, como CSAMs (sigla em inglês para “Material de Abuso Sexual de Crianças”. Ainda não há informações atualizadas sobre os casos pendentes na justiça.
via Wickr Me
