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Tecnologia
“Minha internet descentralizada não precisa de blockchain”, dispara inventor da WWW sobre Web3
Tim Berners-Lee é cético em relação à ideia de resgatar o objetivo primordial da web das garras da Big Tech com Web3: “simplesmente não funciona”By - Liliane Nakagawa, 2 julho 2022 às 18:37
É difícil pensar na web das últimas duas décadas sem a presença de empresas da Big Tech — Google, Facebook, Amazon e Twitter. De lá pra cá, o objetivo primordial do seu cocriador vem se perdendo. Entretanto, a Web3, baseada em blockchain, surge como uma das promessas de salvação dessa centralização, embora crie muitas discussões e divida opiniões entre lendas do setor. Para o pai da W3, Tim Berners-Lee, uma internet baseada na tecnologia “simplesmente não funciona”.
Cético, o jovem cientista da computação de 67 anos negou qualquer possibilidade de alinhamento dessa promessa para com o seu propósito de resgate da web da centralização na última TNW Conference.
Arquitetura descentralizada e usuários no controle
O britânico, que também se beneficiou com um dos supostos pilares da Web3 — embolsando US$ 5,4 milhões com a venda de um NFT—, tem a própria visão para o sucessor da web: ela se baseia em uma arquitetura decentralizada, permitindo devolver aos usuários o controle sobre seus dados.
A ideia é construí-la sobre uma plataforma Solid. “Falamos dele como Web 3.0 em um ponto, porque Web 2.0 era um termo usado para a disfunção do que acontece com o conteúdo gerado pelo usuário nas grandes plataformas”, disse ele. “As pessoas chamaram essa de Web 2.0, portanto, se você quiser chamar essa Web 3.0, então tudo bem”.
Embora compartilhe da suposta missão de transferir o poder dos dados da Big Tech para as mãos dos usuários, o criador da internet toma um caminho diferente para alcançar o objetivo.
Ao rejeitar o blockchain, base para a Web3, ele sugere aproveitar as ferramentas da web comum e especificações abertas para construir a Solid. Assim, os dados privados seriam guardados nos chamados ‘pods’, armazéns de dados descentralizados capazes de serem hospedados em qualquer local que o usuário quiser. Além da localização, caberia a ele também a escolha de quais aplicativos poderiam acessar os dados.
A abordagem de Berners-Lee visa proporcionar interoperabilidade, velocidade, escalabilidade e privacidade. “Quando você tenta construir essas coisas no blockchain, simplesmente não funciona”, defende.
Evitar que as empresas utilizem nossos dados para fins não solicitados, de manipular os eleitores para gerar clickbait, e proporcionar oportunidades para nos beneficiarmos de nossas informações são dois propósitos distintos, que segundo o cientista, serão atendidos pelo Solid.
A web como ferramenta de colaboração: o objetivo original
Berners-Lee dá exemplos de como isso poderia funcionar na prática. Os dados de saúde, por exemplo, poderiam ser compartilhados com serviços confiáveis para melhorar nosso tratamento e apoiar a pesquisa médica, enquanto que nossas fotos, entretanto, poderiam ser fornecidas aos amigos do Facebook, colegas do LinkedIn e seguidores do Flickr sem a necessidade de carregar as fotos para cada plataforma.
“Eu queria ser capaz de resolver problemas quando parte da solução está em minha cabeça e parte da solução está em sua cabeça, e você está do outro lado do planeta — conectado pela internet”, disse ele.
“Esse era o tipo de coisa para a qual eu queria a web”. Ela partiu mais como um meio de publicação – mas nem tudo está perdido”.
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