[Review] Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões chega ao PC com boa performance
Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões chega ao PC exigindo bastante do hardware, mas entrega boa performance e uma campanha divertidíssimaBy - Alvaro Scola, 18 outubro 2022 às 12:00
Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões marca a chegada de uma das franquias mais aclamadas do PlayStation ao PC com dois títulos, sendo estes o Uncharted 4: A Thief’s End e o Uncharted: Legado Perdido. Apesar de terem sido lançados originalmente para o PlayStation 4, essa coletânea de PC traz os títulos com as mesmas melhorias vistas no PlayStation 5.
O blog KaBuM! recebeu uma cópia de Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões para PC e, após saltar de muitos penhascos e andar por lugares praticamente inexplorados, conta o que achou neste review. Confira!
História
Assim como explicado no começo do texto, Uncharted: Coleção Legado dos Dragões traz dois títulos, ou seja, temos duas histórias diferentes que tem alguns eventos ligados, mas que podem ser jogadas em qualquer ordem por não serem exatamente uma continuação da outra.
Em Uncharted 4, os jogadores acompanham Nathan Drake em uma jornada na busca pelo tesouro do pirata Henry Avery. Apesar de Nathan ser o protagonista, assim como nos três primeiros títulos, aqui Sam Drake, irmão de Nathan, ganha um bom protagonismo sendo um aliado em diversos momentos do jogo.
Além de Sam, outros personagens antigos da franquia como Elena e Victor Sullivan também dão as caras, apesar de ficarem na maior parte do tempo em segundo plano. A história é bem contada e, como de praxe em Uncharted, rica em detalhes, sendo que itens obtidos no jogo dão alguns pontos extras.
Não apenas isso, algo em que a Naughty Dog acerta é em contar não apenas a “história atual”, mas ao mesclar momentos do passado em que os jogadores controlam Nathan como uma criança e Sam começando a sair de sua adolescência.
Se a história dos mocinhos é bem trabalhada, o mesmo não se pode dizer dos inimigos do título. Rafe e Nadine,os vilões, apesar de encaixarem na proposta de Uncharted 4, não tem uma história muito bem elaborada e carecem um pouco de personalidade. Basicamente, aqui temos dois vilões com um exército enorme a sua disposição que apenas fazem ameaças com seu grande poder e que estão sempre no caminho de Drake e seus amigos.
O Uncharted 4, também como os 3 primeiros títulos da franquia, apresenta tudo de maneira bem linear. Às vezes, o jogo até dá uma opção de escolha para pequenas conversas, mas que são apenas secundárias e não alteram o rumo da história. A campanha leva aproximadamente 15 horas para ser fechada e me manteve cativado do início ao fim.
Já Uncharted: O Legado Perdido traz Chloe Frazer como protagonista ao lado de Nadine Ross, a vilã do título anterior. Como uma história que compartilha similaridades, Chloe está atrás de uma relíquia que pertenceu à civilização Hoysala, mas o vilão, Asav, também possui um exército à sua disposição para tentar obter a mesma relíquia.
De volta mais para a história, Chloe é uma personagem interessante em que o seu passado é revelado aos poucos, mas que substitui Nathan com maestria. Por sua vez, Nadine, que não foi bem trabalhada em Uncharted 4, está muito mais interessante e, inclusive, mostra uma personalidade forte.
Os outros detalhes da história também são revelados através de itens, que estão presentes em grande quantidade e espalhados pelo mapa. A campanha aqui, entretanto, é um tanto menor, e leva aproximadamente 10 horas para ser fechada pelos marinheiros de primeira viagem.
Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões tem jogabilidade que não é perfeita, mas agrada
Uma das críticas de alguns jogadores referentes aos primeiros jogos da franquia Uncharted era o fato de sempre estar fazendo a mesma coisa, ou seja, grande parte do tempo pulando de um ponto para outro. Felizmente, em Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões, principalmente em Uncharted 4, a variedade está em alta.
Além dos momentos em que, sim, você terá que pular muito, o jogo adiciona momentos de ação bem interessantes, como o quando você está sendo perseguido e precisa dirigir um 4×4 para fugir. Não somente isso, como não poderia faltar em nenhum Uncharted, puzzles marcam bastante presença.
A maioria deles são bem elaborados e levam poucos minutos para serem desvendados. Assim, para colocar em palavras práticas, esses puzzles não ofendem a sua inteligência, mas também não requerem que você passe horas estudando-os ou vendo guias para serem solucionados.
Uncharted: O Legado Perdido mistura momentos em que o jogador explora cenários de forma linear e aberta, a primeira vez que isso é visto na franquia. Enquanto as missões, aquelas que envolvem puzzles e história, se passam em locais com um único caminho a ser seguido, o mapa para chegar até as mesmas é aberto na maior parte do tempo.
Esta mecânica introduzida é interessante, uma vez que o jogador pode até mesmo escolher, em partes, qual ordem dos templos irá desbravar. Mesmo isso sendo um ponto positivo, o mapa aberto do jogo pode ser considerado um pouco frustrante, uma vez que seus objetivos são repetitivos e o caminho a ser percorrido com um jipe não é agradável, mesmo ao entendermos o ambiente em que o título se passa.
Em relação a jogabilidade, tanto Uncharted 4 quanto o Legado Perdido funcionam da mesma forma, inclusive, até o movimento dos protagonistas é praticamente o mesmo, ou seja, até parece que mudou apenas o visual do “modelo”, algo que considero um contra.
Para os padrões atuais, vale lembrar que um dos títulos foi lançado em 2016, os comandos ainda respondem bem e não são muito complexos, a não ser para quem se aventurar a jogar no mouse e teclado, o que pessoalmente achei confuso e desconfortável.
Apesar de funcionar bem na maior parte do tempo, os comandos não são perfeitos e ajustes seriam bem-vindos principalmente na parte do combate. Além de contar com muitos movimentos repetidos, os comandos na hora da ação pra valer não são precisos.
Não somente isso, mesmo jogando no nível moderado, algumas coisas bem estranhas ocorrem. Apenas para exemplificar, alguns inimigos, não me refiro aos de capacete, não morrem com um tiro na cabeça e nem mesmo com uma dinamite explodindo ao seu lado.
Em compensação, ambos os títulos mandam bem na parte do stealth, em que você precisa matar os inimigos sem ser visto, uma vez que tudo funciona de forma maestral apesar da inteligência artificial dos inimigos não ser tão precisa.
O Legado Perdido, sejamos justos, até apresenta um novo puzzle para abrir fechaduras, mas as novidades de sua jogabilidade param por aí.
Gráficos e performance no PC
O Uncharted 4 e o Legado Perdido utilizam praticamente o mesmo motor, o que significa que não apenas a jogabilidade, mas os seus gráficos também são bem parecidos. Apesar de não contar com Ray Tracing, ambos os jogos ainda são bem bonitos mesmo para os padrões atuais.
Um dos pontos que impressiona bastante, por exemplo, é a vegetação do jogo que mesmo sem o Ray Tracing traz traços de iluminação bem definidos. O modelo dos personagens também são bem feitos e trazem bons traços.
Uma parte negativa, entretanto, fica para as CGs, aquelas cenas para contar a história. Nestas, além do visual dos personagens denunciar um pouco a sua idade, é notório que uma compressão foi utilizada e que até mesmo a sua taxa de quadros está longe de, pelo menos, 60 FPS.
Por sua vez, em relação a performance, existem pontos positivos e negativos a serem destacados. Ao começar pela parte negativa, de acordo com informações da própria Sony, em processadores com 6 núcleos ou menos, o jogo faz uma compilação de shaders, similar àquelas vistas em emuladores.
Na prática, na primeira vez que você abre o jogo, cada um deles, esse processo, que levou pouco menos de 30 minutos em minha máquina, será iniciado. Neste momento, você pode até iniciar o jogo e sua campanha, mas terá uma performance abaixo do esperado.
Eu, apesar de não gostar deste tipo de processo, até entenderia se o mesmo acontecesse apenas uma vez. Entretanto, no caso específico do Uncharted 4, o processo ocorreu pelo menos 3 vezes durante a campanha inteira. Em determinado momento, inclusive, eu estava jogando e a performance se degradou, assim, ao reiniciar o jogo este processo começou novamente. Já em outro caso, após ter zerado o título, quando presume-se que os shaders já estariam compilados, o processo iniciou novamente em um momento que resolvi abri-lo apenas para algumas capturas de tela.
Do lado positivo, o Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões até que está bem otimizado para PC, sendo um tanto mais exigente na questão GPU. Em testes realizados no meu PC com processador i5-9600K, 16 GB de memória RAM e uma placa de vídeo RTX 3070, ao executá-lo em 4K com o DLSS qualidade, que usa a resolução 1080p para o upscale, o jogo teve uma taxa média de 89 FPS, mas quedas abaixo dos 60 FPS foram presenciadas em algumas partes. Enquanto o uso da CPU nestas condições não passou dos 80%, a GPU ficou constantemente em 100%.
Com o AMD FSR, o resultado foi bem similar e, vale notar, tanto com o FSR quanto com o DLSS, não notei uma perda grande na questão da qualidade da imagem. Já sem estes recursos, o jogo rodou com uma média de 29 FPS, o que ainda o deixa jogável, mas não nas melhores condições.
Ao rodar os títulos da coleção em Full HD, na maior parte do tempo eu obtive uma taxa perto dos 120 FPS. Nesse caso, como esperado, a GPU teve uma utilização menor, aproximadamente 70%, enquanto o uso do processador ficou acima dos 80%. Sem usar demais recursos, como os mencionados FSR e DLSS, o título praticamente não apresentou quedas na taxa de quadros por segundo perceptíveis.
Já um pequeno ponto que me incomodou no port é que o mesmo não possibilita que o jogo rode em resolução em tela cheia diferente do sistema operacional. Ou seja, se o seu Windows está configurado em 4K, em tela cheia, você estará restrito ao 4K. Isso, é claro, pode ser mudado com alguma atualização futura, o que espero que ocorra.
As outras configurações disponíveis, felizmente, ficam em um menu de forma bem colocado no qual o usuário dificilmente se perderá ou deixará de entender no que está mexendo. As configurações gráficas, como detalhe de texturas e outros, fica em um menu separado.
As imagens do review foram capturadas pelo próprio blog KaBuM! com o título sendo executado na resolução 4K com DLSS e as demais opções gráficas no Ultra.
Conclusão
Uncharted: A Coleção Legado dos Ladrões marca a chegada da famosa franquia ao PC com dois títulos divertidos e que possuem ótimas campanhas. Ambos os jogos envelheceram bem e ainda trazem gráficos bonitos, sendo que apenas o seu combate e outros pontos menores poderiam ser um pouco aprimorados.
Em relação ao port, aqui temos algo interessante. Enquanto o jogo exige um PC potente para rodá-lo bem, o mesmo não está mal otimizado. Quem for rodar o título em resoluções menores não deve ter muitos problemas, enquanto o AMD e o FSR salvarão muitos jogadores mais exigentes com resoluções altas.
Dessa forma, enquanto a coletânea pode não ser perfeita, principalmente com essa questão dos shaders, a Sony ainda conseguiu realizar um bom trabalho tanto ao entregar um jogo divertido quanto ao conseguir ter uma boa performance.
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