O Twitter foi judicialmente notificado pela primeira vez desde que Elon Musk assumiu o controle da empresa, na última semana. E o caso é uma acusação grave de violações de acordos trabalhistas.

Segundo informações do Washington Post, Engadget e New York Times, a nova gestão vinha sinalizando uma rodada massiva de demissões a ocorrer nesta sexta-feira, 4. Uma parte considerável dos funcionários teria sido, então, ordenada a ficar em casa e “aguardar um e-mail” da empresa: se a correspondência viesse na caixa de entrada de trabalho, então seus empregos estariam salvos; se chegasse no endereço pessoal, então a pessoa seria uma das demitidas.

Montagem mostra o Twitter exibido em um celular, com notas de dólares ao fundo e o rosto de elon musk em preto e brando desfocado do centro

Imagem: Sergei Elagin/Shutterstock

Segundo o Twitter, as demissões seriam “um infeliz porém necessário passo para assegurar o sucesso da empresa seguindo em frente” após a aquisição de Elon Musk. Vale ressaltar que, assim que a sua compra foi confirmada, o próprio Musk demitiu Parag Agrawal, o agora ex-CEO da companhia e escolhido pelo próprio Jack Dorsey, fundador da rede.

Segundo os reclamantes da ação de classe – onde várias pessoas têm a mesma reclamação e todas são unidas dentro de um único processo – as demissões feitas recentemente pelo Twitter estão em violação direta do Ato de Notificação de Ajuste e Retreinamento do Trabalhador (WARN, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Pelo que rege o ato, demissões motivadas por reestruturação empresarial – ou seja, sem justa causa direta de erro do funcionário ou da empresa – devem obrigatoriamente ser notificadas com 60 dias de antecedência. Musk assumiu o controle do Twitter há pouco mais de uma semana, e as demissões que hoje figuram a mídia internacional, antes disso, não eram planejadas.

Segundo alguns relatos de funcionários – ironicamente, no Twitter – antes mesmo de chegar algum e-mail, certas pessoas já afirmaram estar trancadas para fora de suas caixas de entrada de trabalho e seus perfis removidos dos grupos da empresa no Slack, sinalizando que elas seriam algumas das demitidas. As reclamantes do processo pedem que a justiça trabalhista norte-americana force o Twitter a obedecer o ato WARN, a fim de que, se as demissões se confirmem, elas tenham tempo de se preparar para o desemprego e/ou arranjar outro emprego.

Segundo a advogada que moveu o processo, Shannon Liss-Riordan:

“As reclamantes formalizaram a ação como uma forma de garantir que os empregados estejam cientes de que ninguém deve assinar nenhum termo que porventura lhes retire de seus direitos e que eles tenham uma via para perseguir o que lhes é justo.”

Vale ressaltar: Liss-Riordan também foi a advogada que moveu uma ação de classe contra a Tesla, outra empresa de Elon Musk, quando esta tentou demitir 10% da sua força de trabalho da noite para o dia. No caso do Twitter, já diz a expressão, “o buraco é mais embaixo”: especialistas estimam que as demissões programadas por Musk devem afetar até 50% do capital humano da empresa.

Nem Musk, nem Twitter comentaram o caso.

via Engadget (1) (2) | New York Times | Washington Post

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Flavio
4 de novembro de 2022 17:21

Agora vão começar a fazer esse tipo de postagem.

Vou ter que rever onde estou consumindo conteúdo.