Ainda no ‘preju’, receita de publicidade do Twitter diminuiu em 50%
Segundo o ex-CEO Elon Musk, o Twitter ainda opera em números negativos: recente limitação de visualizações gerou controvérsiasBy - Rafael Arbulu, 17 julho 2023 às 16:49
Apesar de ser uma das três principais redes sociais do mercado, o Twitter ainda está amargando prejuízos desconfortáveis, com o ex-CEO da empresa – Elon Musk – admitindo que o faturamento publicitário da plataforma caiu em 50%.
Embora o bilionário, que comprou o Twitter em outubro de 2022, não tenha confirmado “50% em relação a que”, a sua afirmação veio em resposta a uma sugestão de um usuário, que dizia que a empresa deveria abrir um consórcio de companhias que “entendessem a visão” do chefe da empresa, e que topassem comprar a dívida bilionária da companhia ou financiá-la de alguma forma.
We’re still negative cash flow, due to ~50% drop in advertising revenue plus heavy debt load. Need to reach positive cash flow before we have the luxury of anything else.
— Elon Musk (@elonmusk) July 15, 2023
“Nós ainda estamos com fluxo negativo de caixa, devido a uma queda de 50% na receita publicitária e uma carga de dívidas bem pesada. Precisamos ter um caixa positivo antes de nos darmos ao luxo de qualquer outra coisa.” – Elon Musk, CEO do Twitter
Musk não entrou nesse nível de detalhe, mas é plausível que medidas recentemente tomadas em sua gestão tenham se provado responsáveis pela queda: o Twitter Ads – a parte de anúncios da rede – foi a mais rentável da empresa em 2022, com US$ 4,4 bilhões (R$ 21,16 bilhões) de acordo com o Business of Apps.
Entretanto, a coisa parece estar mudando de figura: no começo de julho, Musk instituiu uma mudança no volume de visualizações – usuários que não assinam pagam por uma assinatura do Twitter Blue só poderiam visualizar até 600 tuítes por dia, antes de terem o recarregamento do feed de postagens cortado. Assinantes também tinham um limite – 6 mil postagens – mas isso não ajudou.
O ex-CEO eventualmente corrigiu os números para 800/8000 e, finalmente, 1000/10000. Ainda assim, a medida não foi bem absorvida por público e empresas anunciantes – estas últimas dependem de usuários vendo suas publicidades para terem tráfego, algo difícil de fazer se você não consegue mais recarregar a página.
Além disso, o Twitter implementou, depois voltou atrás, depois reimplementou “na surdina” uma medida que impedia internautas de verem publicações sem ter uma conta ativa na plataforma. O que também não caiu bem para usuários e publicitários.
Recentemente, porém, a rede anunciou o início de um programa de remuneração de perfis verificados (que inclui também alguns influenciadores conhecidos por compartilhar desinformação e fake news), a fim de gerar mais tração de uso e engajamento.
Queda no faturamento do Twitter é mais uma mancha na saída da gestão de Elon Musk
Quando adquiriu o Twitter, Elon Musk não apenas “pagou US$ 44 bilhões” (R$ 211,76 bilhões), mas financiou grande parte desse valor como empréstimo, oferecendo a maior parte da sua fortuna pessoal – atrelada às ações da Tesla Motors, sua outra empresa – como colateral.
As condições do empréstimo são bem pesadas: segundo a Reuters, só de juros, esse valor chega a US$ 1,5 bilhão (R$ 7,22 bilhões) por ano e, em caso de não pagamento, os credores podem não apenas tirar o Twitter da posse de Musk, como também levar junto as ações da Tesla oferecidas no ato da compra.
A medida desagradou investidores da Tesla, que em outubro viu seu valor por papel cair perto de 69% (via TIME).
Por isso, é extremamente interessante que Musk encontre uma forma de monetizar – positivamente – o Twitter. Disso vieram medidas até agora consideradas impopulares, como o Twitter Blue (que oferece verificação de perfil apenas por se pagar, sem veto de identificação pessoal de usuário) e as limitações citadas acima.
A situação é bem desfavorável, mas se complica ainda mais com o fato de que Musk está, tecnicamente, “de saída”: embora ele ainda siga como chairman do comitê diretivo da empresa e supervisor do desenvolvimento de produtos e tecnologia, o bilionário nomeou, em maio, a executiva Linda Yaccarino como a nova CEO. A expectativa é que ela, não ele, reverta a imagem manchada do Twitter frente aos anunciantes – já que ela vem justamente do mercado publicitário.
Se ela conseguirá consertar a bagunça feita por Elon Musk, só o tempo dirá. Ela tomou posse do cargo no começo de junho, mas seu perfil é amplamente “introvertido”, com ela aparecendo bem pouco publicamente.
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