Twitter pode falir, alerta Elon Musk, em meio à saída de anunciantes
Novo líder do Twitter enviou e-mail a todos os funcionários, ressaltando a necessidade de faturamento rápido; executivos sênior pediram demissãoBy - Rafael Arbulu, 11 novembro 2022 às 13:00
Em um e-mail enviado a todos os seus novos funcionários, Elon Musk alertou que o Twitter deve gerar receita rápida, ou arriscar a falência. As informações são da agência de notícias Reuters, que ressaltou que a comunicação de ontem (10) abriu um dia caótico que viu pelo menos quatro executivos sênior pedirem demissão, mais anunciantes retirarem seus apoios e até um órgão regulador do governo americano sinalizar preocupações.
Pelo conteúdo do e-mail em si, Musk disse que “o Twitter pode não ser capaz de sobreviver à derrubada econômica” caso a empresa não consiga compensar em lucros de assinaturas a queda de faturamento causada pela saída massiva de anunciantes da plataforma.
Pouco depois, em uma videoconferência com a maior parte dos executivos de gerência, Musk reiterou o alerta, dizendo que ele não descarta a possibilidade de o Twitter entrar em falência. Especialistas ouvidos pela Reuters e outras agências afirmaram que a aquisição feita pelo bilionário, há duas semanas, deixou a rede social em uma “posição financeira precária”.
A quinta-feira do Twitter não limitou-se apenas ao alarmismo do seu novo CEO: ao longo do dia, quatro executivos de liderança – Yoel Roth, Lea Kissner, Damien Keran e Marianne Fogarty – anunciaram suas saídas da empresa. Nenhum comentou a situação à agência de notícias, mas todos gerenciavam áreas de alto interesse. Roth era o chefe da área de moderação de discurso de ódio, enquanto Kissner era a CISO – sigla em inglês para “Chefe de Segurança da Informação”. Já Keran e Fogarty lideravam, respectivamente, as áreas de privacidade e compliance.
Robin Wheeler, que lidera a área de publicidade, ressaltou que segue na empresa, dissuadir rumores internos de que ele também havia saído.
A situação das demissões de executivos sênior incomodou a Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA: três dos quatro ex-gestores respondiam por áreas que correspondem a acordos judiciais de privacidade e segurança firmados pelo Twitter – e suas saídas, teme o órgão, pode abrir caminho para que a empresa não cumpra com suas obrigações.
“Estamos monitorando os recentes desenvolvimentos no Twitter com profunda preocupação. Nenhum CEO ou empresa está acima da lei, e as empresas devem obrigatoriamente seguir os nossos decretos permissivos. Nossas ordens permissivas revisadas nos dão ferramentas para garantir o compliance, e estamos preparados para usá-las” – Douglas Farrar, diretor de Assuntos Governamentais da FTC.
De acordo com Alex Spiro, advogado pessoal de Elon Musk e conselheiro dele para essa transição de liderança no Twitter, a empresa continuará honrando suas obrigações e que os funcionários das áreas que permanecem na companhia poderiam ficar tranquilos, que apenas a empresa – e não eles, individualmente – poderiam ser processados no caso de alguma violação.
Twitter não consegue acalmar anunciantes
Na última quarta-feira (9), Musk falou com alguns dos parceiros publicitários do Twitter, no intuito de acalmar os ânimos destas empresas ao prometer usar ferramentas como o Twitter Spaces para “transformar a plataforma em uma força pela verdade e acabar com as contas falsas”.
Não foi suficiente: um dia depois, a rede de restaurantes fast food Chipotle anunciou a remoção de seus investimentos publicitários na rede social, “enquanto buscamos uma compreensão melhor da direção que a plataforma vai seguir sob a nova liderança”.
A rede Chipotle se junta a empresas que já haviam tomado decisões similares na última semana: a montadora automotiva General Motors (GM), a linha aérea United e a farmacêutica Pfizer, entre outras, também removeram seus investimentos.
Muito disso pode ter sido motivado por uma declaração controversa de Musk, feita na terça (8): pelo seu próprio perfil no Twitter, o CEO ameaçou um exposed “termonuclear” de nomes de empresas que deixarem de apoiar a rede social. No dia seguinte, no entanto, sua abordagem foi mais amena, em reunião com algumas dessas companhias.
Lou Paskalis, especialista em marketing e mídia e ex-diretor de mídias globais do Bank of America, disse à Fortune que as posições polêmicas de Elon Musk no passado e presente podem assustar potenciais abordagens de executivos do setor.
“Para sair falando assim, como Elon fez…e dizer ‘vamos votar nos Republicanos já que tem um Democrata na Casa Branca’ — eu não sei de nenhum marketeiro que vá querer chegar perto disso.”
Paskalis refere-se às eleições recentes vividas na última terça pelos EUA: o país votou em representantes do Congresso e Senado no que eles chamam de “midterms“. Para desagrado de Musk, os Democratas obtiveram maioria em ambos os casos – ainda que a votação tenha sido extremamente próxima.
Finalmente, Musk ressaltou novamente o fim do trabalho remoto, dizendo que todos os funcionários do Twitter terão que mostrar “pelo menos” 40 horas semanais dentro do escritório, de forma presencial. Em seguida, ele afirmou que a empresa pode perder “bilhões de dólares” ano que vem.
Vale lembrar que, após a aquisição, o Twitter declarou uma dívida de US$ 13 bilhões (R$ 68,47 bilhões) e juros avaliados em US$ 1,2 bilhão (R$ 6,32 bilhões) total nos próximos 12 meses. O valor é consideravelmente maior do que o último fluxo de caixa do Twitter, que foi de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,79 bilhões )ao final de junho deste ano.
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