Crítica | The Last of Us: mesmo com mudanças, 1º episódio da série indica que temos uma das melhores adaptações de games
Mesmo com mudanças, The Last of Us ainda traz diversos momentos icônicos vistos nos gamesBy - Luiz Nogueira, 16 janeiro 2023 às 12:11
No último domingo (15), a HBO contou com a estreia da aguardada adaptação de The Last of Us para a TV. A produção, exibida simultaneamente nos canais HBO e no HBO Max, estava cercada de expectativa por conta de sua legião de fãs.
Felizmente, por mais que a série tenha suas mudanças em relação ao enredo do game, é uma belíssima homenagem ao material de origem e ao que os personagens representam para a cultura pop.
O blog KaBuM! assistiu ao primeiro episódio de The Last of Us em busca das mudanças em relação ao game e, abaixo, você confere nossa opinião do piloto e algumas das alterações de enredo para a produção.
https://www.youtube.com/watch?v=VHNzi1CjDb0
Elenco afiado
Por mais que muita gente tenha torcido o nariz para a escalação de alguns atores, arrisco a dizer que é como se os personagens tivessem sido tirados diretamente do game para as telas. A caraterização e as atuações são de altíssimo nível, algo já esperado pelo nível da produção.
Mas aqui, o destaque fica para a dupla de protagonistas. Não tem como deixar de falar como Pedro Pascal entrou no personagem e conseguiu transmitir exatamente o jeito durão de Joel – que ganha uma explicação mais profunda do motivo.
Bella Ramsey também é um show à parte. Apesar de Ellie ser uma personagem bastante complexa, principalmente por conta de seu passado conturbado – e visto no DLC de The Last of Us -, a atriz extraiu sua essência e foi como se olhássemos para a personagem em carne e osso.
Com a expansão de alguns acontecimentos, o início da relação de Joel e Ellie é mostrada de maneira mais clara e apresenta o início conturbado do que é uma das melhores interações entre personagens dos videogames.
A atuação é tão intensa quando ambos estão juntos que nem parece que a história vai para um caminho em que os dois se tornarão tão próximos por diversas questões.
Os outros personagens que apareceram no piloto também fazem um ótimo trabalho em criar a atmosfera de guerra dos humanos e dos monstros que dominaram o mundo.
Mais tempo de tela para Sarah e novos personagens
Por trás da produção da série há Neil Druckmann, um dos criadores de The Last of Us. Por conta disso, a liberdade criativa para criação de situações visível – e, no fim, funciona muito bem.
Um caso em que isso fica muito claro é com Sarah, filha de Joel. Neste primeiro episódio, a série mostra três linhas do tempo: 1968, 2003 e 2023 – este último, substituindo 2033, ano em que a maior parte do game se passa.
O primeiro segmento funciona como uma espécie de prólogo, em que um programa de TV fala sobre as possibilidades de um fungo dominar a espécie humana e provocar um apocalipse – quase como se previssem o que aconteceria anos depois.
Após um salto temporal, estamos em 2003 e começamos a acompanhar Sarah, filha de Joel. No game, ela tem um pequeno papel na introdução da história. No entanto, aqui, sua participação é bem maior e mais significativa.
Considero essa uma das decisões mais acertadas do piloto, já que mostra um pouco mais de como era Sarah antes do fatídico acontecimento.
Vemos ela indo à escola, consertando o relógio de seu pai como presente de aniversário, estudando na casa de vizinhos – é aí que acontece uma das sequências mais interessantes de The Last of Us – e finalmente entregando o item arrumado para seu pai junto de um DVD de seu filme de ação favorito.
O interessante aqui é o nome do filme em si. Quem jogou The Last of Us II deve ter uma vaga lembrança disso. No começo do segundo game, enquanto Ellie e Dina se aventuram por paisagens nevadas, Ellie menciona que planeja convidar Joel para assistir a um filme, que coincidentemente é Curtis and Viper 2, o mesmo DVD entregue por Sarah ao personagem no episódio piloto.
Y’all catch this Easter Egg? #TheLastOfUs pic.twitter.com/2wceoFbO4v
— Naughty Dog Central (@NaughtyNDC) January 16, 2023
Outras mudanças da série
Já deu para perceber que a série já pode ser considerada uma das melhores adaptações de games feitas até então – mesmo mudando diversos elementos. O que mostra que ser inventivo difere de alterar o material original de tal forma que descaracteriza a obra.
Vemos isso em diversos momentos, principalmente na relação de Joel com Tess, sua parceria de contrabando. Aqui, durante vários momentos, a série dá a entender que ambos têm algo a mais que apenas uma relação de trabalho.
Essa questão é mostrada quando Joel está dormindo e Tess chega e se deita a seu lado, abraçando-o, por exemplo.
Outro momento se dá com um envolvimento maior de Tommy, irmão de Joel – ambos, inclusive, protagonizam algo que parece uma referência a uma cena icônica de Resident Evil 2 no meio do episódio.
Depois do salto temporal, Tommy se torna o principal motivo pelo qual nosso personagem principal concorda em levar Ellie até o Capitólio para os Vaga-Lumes. A motivação de Joel é buscar seu irmão, que não responde o rádio há três semanas.
Para comparação, no jogo, Joel e Tommy não se falam há anos e eles acabam se encontrando em ocasionalmente no meio da história original. Trazer mais uma motivação para que o personagem aceitasse a tarefa de transportar a garota deixou tudo mais crível e interessante – principalmente para quem já conhece a história original.
Por fim, a adição das músicas como forma de codificação foi um prenúncio de que os personagens enfrentarão problemas. Na série, Bill e Frank – que, ao que parece, serão introduzidos no próximo episódio – mantêm contato com Joel por rádio. Eles se comunicam de maneira codificada, tocando músicas para identificar situações.
Isso quer dizer que músicas dos anos 1960 significam que tudo está normal, músicas de 1970 indicam um novo estoque de itens e, por fim, algo de 1980 indica problemas – e é justamente uma música desse período que encerra o episódio. Para ser mais exato, trata-se de Never Let Me Down Again, do Depeche Mode – o que pode indicar que Bill ou Frank estão com problemas.
Vale lembrar que, no jogo, Joel só encontra Bill – que é um velho amigo, não alguém que ele mantém contato -, em certo momento, quando o personagem precisa de um carro que funcione para fugir. A essa altura, Frank já está morto.
De qualquer forma, a série de The Last os Us tem muito o que explorar e, se considerarmos tudo o que vimos no primeiro episódio, há grandes chances de várias surpresas, mesmo para quem conhece a história do jogo.
Vale lembrar que a produção terá episódios semanais que vão ao ar todos os domingos, a partir das 23h (horário de Brasília), simultaneamente na HBO e no HBO Max.
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