O vídeo de demonstração do Autopilot da Tesla, mostrando o sistema parando em um semáforo com luzes vermelhas e acelerando ao identificar a luz verde, foi encenado, de acordo com o diretor do software do Autopilot, Ashok Elluswamy. O testemunho de julho foi tomado como prova em uma ação judicial contra a fabricante de automóveis após o acidente fatal do engenheiro da Apple Walter Huang em 2018. Esta é a primeira vez que um funcionário da Tesla confirma e detalha como o vídeo foi produzido.

A demo publicada em outubro de 2016 e amplamente vista, ainda está disponível no site da Tesla. O vídeo traz o slogan: “A pessoa no assento do motorista só está lá por razões legais. Ela não está fazendo nada. O carro está dirigindo sozinho” no início, então um Tesla Model X sai da garagem e um motorista entra no veículo quando ‘Paint it Black’, da banda Rolling Stones, começa a tocar. O motorista, que tem as mãos próximas ao volante, mas que não o toca, está a caminho de uma instalação da Tesla, cujo trajeto há semáforos que o Autopilot consegue identificar precisamente, parando para a luz vermelha. Ao chegar ao destino, o motorista sai no veículo e deixa o automóvel estacionar sozinho, sem que atropele um pedestre no processo.

Tesla Model X

Tesla Model X. Imagem: Kyle Reed/Unsplash

Este mesmo vídeo também foi divulgado pelo CEO da empresa, Elon Musk, no Twitter. “O Tesla dirige por si mesmo (sem nenhuma contribuição humana) atravessando vias urbanas,  rodovia e ruas, depois encontra um lugar para estacionar”, escreveu. “8 câmeras, 12 ultrassônicos e radar, tudo embutido na cor do corpo”. A beleza permanece”, acrescentou.

Posteriormente, a Tesla removeu tanto o radar quanto os sensores ultrassônicos dos seus modelos; presume-se que para cortar custos para a montadora de automóveis. A perda dos sensores e o grande número de reclamações sobre frenagem fantasma atraíram a atenção da National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), que abriu uma investigação – mais uma de várias do órgão sobre as diversas assistências de condutores da Tesla e sua propensão para colisão.

Tesla culpa Huang pelo acidente fatal; intenções do vídeo era de mostrar “o que era possível incorporar ao sistema”

De acordo com Elluswamy, o Model X mostrado no vídeo foi pré-programado para dirigir de Menlo Park a Palo Alto. “A intenção do vídeo não era retratar com precisão o que estava disponível para os clientes em 2016. Era retratar o que era possível incorporar ao sistema”, disse em seu testemunho, segundo a Reuters. Foram usados mapas 3D para pré-programar a rota, incluindo onde parar, e durante a demonstração de auto estacionamento um Tesla bateu em uma cerca, disse Elluswamy, que ocupava a função de engenheiro de software sênior em 2019 antes de ser promovido para dirigir todo o desenvolvimento do software Autopilot em 2019.

Tesla falsificou vídeo sobre segurança do Autopilot, afirma diretor de software do sistema

Imagem: NTSB

O acidente que levou à morte de Walter Huang ocorreu na Rodovia 101 em Mountain View, Califórnia, em março de 2018. Enquanto operava sob o Autopilot, o veículo Model X do engenheiro desviou-se para um atenuador de acidentes da rodovia a mais de 70 mph (mais de 112 km/h, em conversão direta). Em defesa, a Tesla culpou Huang pelo acidente, alegando que ele não estava prestando atenção. No entanto, a National Transportation Safety Board (NTSB) disse que Huang reclamou repetidamente com amigos e familiares sobre a capacidade de seu carro para desviar naquela barreira específica do acidente no passado.

Em 2020, a NTSB apontou a Tesla, a CalTrans e a NTSB como todos igualmente culpados pela morte de Huang.

 

Com informações Ars Technica e Reuters

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