Na última quarta-feira (12), o Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) anunciou a padronização do 802.11bb para comunicações sem fio baseadas em luz. Em outras palavras, a mesma entidade que padronizou o Wi-Fi agora está padronizando a tecnologia LiFi.

Para quem não conhece, o LiFi (termo abreviado para “Light Fidelity”) é um sistema de comunicações de internet sem fio. Ou seja, por meio dele, é possível conectar-se à rede para enviar mensagens, rodar servidores ou qualquer outra atividade que dependa de uma conexão sem fio.

Mas apesar de parecer com o Wi-Fi, o Light Fidelity é diferente: em termos de funcionamento, de vantagens e até de algumas desvantagens. Ambos servem para conexões à internet sem fio? Sim, mas em formas completamente distintas.

Naturalmente que, por tratar-se de um sistema novo de comunicação, é comum confundi-lo com Wi-Fi. Mas para melhor esclarecer as diferenças entre essas duas tecnologias sem fio, o blog KaBuM! elencou alguns pontos de análise que ajudam a entender melhor o funcionamento de ambos os sistemas.

Conexões à internet, mas de formas diferentes

Tecnologia LiFi

Imagem: BeeBright/Shutterstock

Parece claro que tanto o Wi-Fi quanto o LiFi são sistemas de transmissão de dados por redes sem fio. Mas a diferença entre ambas as tecnologias é observada logo em seus respectivos funcionamentos.

O Wi-Fi, por exemplo, transmite informações da internet por meio de ondas de rádio — da mesma forma como em TVs, rádios ou celulares. E todo esse processo acontece graças ao roteador, que capta os sinais, os decodifica e os emite a partir de uma antena.

Já o LiFi incorpora e transmite os dados por meio de luz visível (incluindo ultravioleta e infravermelho). No caso, dados são capturados em frequências de luz moduladas por fonte de luz LED e, então, transmitidas por dispositivos com suporte para a tecnologia.

De uma forma bem simplificada, é como se lâmpadas e LEDs funcionassem como os tradicionais roteadores.

Espectro de rádio x espectro de luz visível

Espectros Wi-Fi

Imagem: Praveen kumar Mathivanan/Unsplash

Por atuarem de formas distintas, consequentemente ambas as tecnologias atuam em espectros diferentes. O Wi-Fi opera dentro do espectro de rádio, que faz parte do espectro eletromagnético, e que possui frequências de 2.4 Ghz, 4.9 Ghz e 5 Ghz.

O LiFi, por sua vez, utiliza o espectro de luz visível, que cobre frequências de 430.000 a 770.000 GHz e cores próximos do ultravioleta ao infravermelho.

E neste quesito, a tecnologia Light Fidelity leva vantagem, uma vez que o espectro da luz visível é 10.000 vezes maior que todo o espectro de rádio. Além disso, esse último espectro também é utilizado em telecomunicações, o que aumenta a propensão de interferências.

Funcionalidades diferentes, velocidades distintas

Velocidade Wi-Fi

Imagem: Frederik Lipfert/Unsplash

Aqui entra uma grande diferença entre ambos os sistemas de conexão: a velocidade — algo que é de se imaginar, tendo em vista que os meios de transmissão e os espectros também são distintos.

Conexões com fio geralmente atingem velocidades mais altas, mas ainda assim, o Wi-Fi consegue atingir velocidades de até 2 Gbps.

O ponto é que o LiFi tem potencial para ser 100 vezes mais rápido que o Wi-Fi, atingindo velocidades próximas a 224 Gbps por segundo.

Mas acredite: não é tudo um mar de rosas para o Light Fidelity.

LiFi tem alcance limitado…

Tecnologia LiFi

Imagem: TierneyMJ/Shutterstock

Por mais que o Wi-Fi use um espectro dominado por serviços de telecomunicações (o que pode provocar interferências, como já citado), o LiFi também peca no quesito infraestrutura.

Até porque a luz não pode atravessar paredes como ondas de rádio. Isso significa que o alcance do Wi-Fi é muito maior, já que uma conexão dessas pode ser acessada mesmo a metros de distância — basta imaginar o uso de Wi-Fi de vizinhos por exemplo. E como se sabe, o alcance de uma lâmpada LED é limitada.

Mas além disso há também as interferências. Utilizar o LiFi significa ter de manter a luz ligada ininterruptamente. Pode funcionar muito bem à noite, por exemplo, mas luzes solares externas podem interferir na luz de LED com Light Fidelity em determinado ambiente.

É verdade que cientistas afirmam que há como a luz refletir em superfícies especiais para cobrir uma residência, por exemplo. Mas isso implicaria em perdas de velocidades. E ao menos em termos de alcance, o Wi-Fi mostra-se muito mais eficaz.

… mas é mais seguro que o Wi-Fi

Ilustração de segurança

Imagem: Franck/Unsplash

Por outro lado, esse problema de alcance torna o LiFi mais seguro do que o Wi-Fi.

Como o Wi-Fi pode ser acessado em raios de até 50 metros, isso significa que outras pessoas podem tentar acessar a rede — mesmo que ela seja protegida por senha. É claro que há técnicas sofisticadas de proteção, mas o risco de invasores comprometerem dados privados é mais que real.

E, bem, essa não é uma preocupação do sistema Light Fidelity. Até porque, enquanto os cômodos estiverem cobertos por paredes opacas, a luz se concentrará nesses espaços. Consequentemente, isso gera uma camada de proteção extra, que evita acessos não autorizados.

Não, o Wi-Fi não vai morrer

Mas, calma: o Wi-Fi não vai morrer. Assim como a rede cabeada não morreu com a chegada do Wi-Fi ou conexões sem fio menos velozes não foram extintas com o surgimento do 5G.

É preciso ter em mente que o caminho para o desenvolvimento do LiFi ainda é grande, visto que a tecnologia acabou de ser padronizada. E mesmo quando (e se) se tornar algo mais comum, não deverá ser empregada para todos os casos.

Em outras palavras, o Light Fidelity será uma alternativa ao Wi-Fi e 5G, e não um substituto soberano. E felizmente, quem tende a ganhar com tudo isso será o consumidor.

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