Sony dá passo em falso e acidentalmente revela custo de ‘Horizon’, ‘Last of Us’
Em mais um capítulo da batalha legal da Microsoft pela aquisição da Activision, Sony acabou divulgando até dados secretos da franquia Call of DutyBy - Rafael Arbulu, 29 junho 2023 às 15:52
Existe “ato falho”, e existe “erro monumental” – e a Sony cometeu o segundo: de acordo com uma série de documentos mal editados, a gigante japonesa acabou revelando, sem querer, dados que sempre brigou para manter em sigilo. Especificamente, os custos de desenvolvimento de Horizon Forbidden West e The Last of Us Parte 2.
Mais além, a mesma documentação também ressaltou a importância da franquia Call of Duty para os produtos PlayStation: tempo de engajamento dos jogadores, volume de vendas por plataforma…tudo porque a documentação apresentada pelo CEO Jim Ryan, embora censurada à caneta, acabou mostrando as informações na hora de ser escaneada. Então, vamos por partes:
Call of Duty deu ganhos bilionários ao PlayStation
Começando por Call of Duty, a documentação apresentada revelou alguns dados bem interessantes: em 2021, a Sony contabilizou aproximadamente 21 milhões de jogadores que curtiam o game de tiro da Activision em alguma plataforma PlayStation – seja PS4 ou PS5. Destes, 14 milhões dedicaram “pelo menos 30% do seu tempo”, 6 milhões jogaram por 70% do tempo e 1 milhão, 100%.
A papelada não entra nesse volume de detalhe, mas isso nos permite especular algumas coisas: especificamente no PlayStation, em 2021, a maior parte dos jogadores de Call of Duty pode ter sido a turma adulta – convenhamos, 30% do seu tempo disponível em jogos deve ser algo dividido em outras obrigações, como o trabalho ou a família, por exemplo. Estranhamente, apenas seis milhões devem consistir de pessoas mais jovens – filhos adolescentes ou jovens adultos, por exemplo, teriam as responsabilidades escolares/universitárias, mas menos tempo de quem, digamos, esteja estabelecido no mercado de trabalho.
Outra informação – esta mais importante ainda – é o volume financeiro que Call of Duty traz ao PlayStation: a Sony estima que, em 2021, a franquia rendeu à fabricante japonesa algo em torno de US$ 800 milhões (quase R$ 3,89 bilhões) nos EUA. Globalmente, o número quase dobra: US$ 1,5 bilhão (R$ 7,29 bilhões).
No investimento por parte do jogador – ou seja, pessoas que compram skins, itens e expansões de conteúdo da franquia – a Sony faturou US$ 13,9 “ou” US$ 15,9 bilhões. O “ou” vem do fato dessa ser uma parte censurada, então o número do meio “parece” um 3 ou um 5, de acordo com o The Verge.
Em seis anos, Horizon e The Last of Us custaram mais de US$ 400 milhões à Sony
Ainda segundo o The Verge, a Sony despendeu uma bela quantia de dinheiro para manter o ciclo de desenvolvimento de alguns de seus principais jogos no PlayStation. Falando especificamente de Horizon Forbidden West e The Last of Us Parte 2, somados, os jogos custaram US$ 430 milhões (quase R$ 2,09 bilhões) em ciclos especificos, sendo US$ 212 milhões por cinco anos no caso de Horizon; e US$ 220 milhões e seis anos para The Last of Us.
Sony did great job on the document redactions… not ? https://t.co/aPQgk9JU8L pic.twitter.com/5rJQbZbbd0
— Tom Warren (@tomwarren) June 28, 2023
Mais além, Horizon teve mais pessoal disponível, com um time dedicado de 300 pessoas – 100 pessoas a mais que The Last of Us. É bem provável, no entanto, que os valores acima não incluam investimentos em marketing, relações públicas e divulgações, nem tampouco a distribuição dos jogos em si.
Toda a documentação já foi removida da listagem da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, para quem a Sony a havia submetido como evidência das discussões relacionadas à proposta de aquisição da Activision, feita pela Microsoft e avaliada em quase US$ 70 bilhões (R$ 340,02 bilhões).
A FTC é contrária à aquisição, e moveu uma ação contra a Microsoft na tentativa de barrar o avanço dos negócios. A Sony, obviamente, tem interesse em apoiar a decisão da FTC – um dos medos da japonesa é o de que a Microsoft torne as propriedades intelectuais da Activision (como Call of Duty) exclusividades do Xbox, o que a Microsoft repetidamente informou que não pretende fazer.
A própria Sony – representada por Jim Ryan, CEO da Sony Interactive Entertainment (SIE, a “divisão PlayStation” do grupo) – prestou depoimento ontem (28). A empresa afirmou que ter adquirido a Bungie foi um negócio melhor do que a proposta da Microsoft com a Activision, além de afirmar que a Nintendo não é sua concorrente e que Call of Duty só se tornou um problema em agosto do ano passado. Veja mais detalhes aqui.
O julgamento deve chegar ao seu fim amanhã (30), mas a decisão final da FTC sobre a aprovação – ou revogação – da oferta da Microsoft ainda deve demorar mais algumas semanas de deliberações. A Microsoft, especulam especialistas, pode desistir completamente do negócio caso a FTC não aprove a proposta.
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