As recentes alterações nos termos e condições de uso do programa de chamadas em vídeo Zoom incentivaram um pedido da Software Freedom Conservancy para que desenvolvedores abandonem a aplicação popular, segundo um comunicado da organização emitido na terça-feira (15).

Zoom

Imagem: Yiyang/Unsplash

Embora o Zoom tenha garantido explicitamente que não utilizará conteúdo de áudio, vídeo ou chat de clientes para treinar modelos de IA sem consentimento em uma atualização dos termos de serviço, a Software Freedom Conservancy aponta que cláusulas remanescentes sugerem que os termos poderão ser alterados no futuro, colocando o ônus sobre o usuário de “verificar regularmente” as atualizações.

Como resposta, a entidade sem fins lucrativos que oferece suporte legal para projetos de código aberto e reivindica o patrocínio de várias empresas, incluindo Google e Mozilla, disse em nota que trabalhará para ajudar entusiastas de software livre e de código aberto (FOSS) a adotar alternativas ao Zoom como parte de um novo programa.

“Como é frustrantemente comum nos termos de serviço incrivelmente longos e repletos de linguagem jurídica, o Zoom se reserva o direito de alterar os termos a qualquer momento”, escreve a Conservancy. “Isso aponta para a luta constante na dinâmica de poder entre corporações e usuários. O Zoom abusou de seu nome conhecido para obter lucro, sabendo que os usuários não serão capazes de entender a mudança dos termos de serviço ou de ter a opção de usar qualquer outro software.”

BigBlueButton: uma alternativa de código aberto ao Zoom

Assim como a maioria das organizações pró FOSS, a Conservancy não é muito diferente. Crítico à natureza proprietária que promovia o bloqueio dos usuários, o grupo observou que, embora que grande parte de mundo tenha recorrido à plataforma chinesa durante o confinamento provocado pela pandemia de Covid-19, a participação do grupo — por ser a plataforma mais popular do mundo — foi com relutância.

“Consideramos a possibilidade de evitar completamente essas reuniões como forma de protesto”, continua a organização. “No entanto, percebemos a mesma pressão que todos os indivíduos sentem quando recebem um link do Zoom — você perde a chance de participar do diálogo e, em alguns casos, corre o risco de perder o emprego! Como um compromisso para a nossa situação, a equipe do SFC adotou uma abordagem ativista.”

Como forma de oferecer uma alternativa aos usuários do Zoom, a Conservancy vai promover o servidor de bate-papo auto-hospedado, desenvolvido com base no software de sala de aula virtual de código aberto BigBlueButton.

Embora já com acesso há algum tempo, a empresa deve tornar o servidor “uma parte oficial da nossa infraestrutura”, fornecendo-o aos projetos membros de FOSS (incluindo Git, Selenium e Godot). Aos que desejam acessar seu servidor de bate-papo por vídeo, a empresa pede que todos os colaboradores FOSS façam a solicitação.

Além disso, ela realizará sessões para ajudar outras entidades a instalar e configurar o próprio servidor BigBlueButton para incentivar as pessoas a “lançar coletivos de auto-hospedagem” como parte de um movimento maior para que elas deixem o Zoom.

“Sem o controle sobre nossa infraestrutura básica, nos tornaremos totalmente dependentes de empresas que priorizam os lucros em detrimento dos direitos do consumidor”, escreveu a organização.

Boicote a outras grandes empresas de tecnologia

Não é a primeira vez que a Software Freedom Conservancy faz um pedido de boicote a uma das grandes empresas de tecnologia. No ano passado, foi a vez do GitHub, após a proprietária Microsoft anunciar o Copilot, IA treinada a partir do código gerado por humanos — grande parte produzido para projetos de código aberto.

Software Freedom Conservancy pede que desenvolvedores abandonem Zoom após mudança controversa com dados

Imagem: Sharaf Maksumov/Shutterstock.com

Após insistir para que desenvolvedores parassem de usar a plataforma de hospedagem de código, a própria Conservancy anunciou que encerraria o uso do GitHub internamente e lançaria um programa para ajudar seus membros na transição, adicionando que os novos membros só seriam aceitos se demonstrassem um plano para se afastar da repositório da empresa de Redmond.

 

Via TechCrunch

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