Smartphones de gigantes chinesas estão vigiando usuários, revela investigação
Segundo a perícia, smartphones de Xiaomi, OnePlus e Realme estão coletando dados sem o consentimento de usuários; marcas ainda não se pronunciaramBy - Igor Shimabukuro, 10 fevereiro 2023 às 18:24
Atenção: uma nova investigação realizada por cientistas da computação aponta que smartphones Android de grandes fabricantes chinesas estão espionando usuários sem que eles percebam. E segundo as informações, marcas como Xiaomi, OnePlus e Realme estariam neste esquema.
Para a perícia, pesquisadores da Universidade de Edimburgo e do Trinity College da Irlanda utilizaram três dos smartphones mais populares da China: Redmi Note 11, OnePlus 9R e Realme Q3 Pro, fabricados por Xiaomi, OnePlus e Realme, respectivamente.
O grande problema é que, durante as investigações, os especialistas descobriram que os três celulares de referência chegam das fábricas com uma série de plataformas — que rodam em segundo plano — capazes de coletar dados dos usuários e enviar para as marcas e desenvolvedores de apps. Tudo isso sem o consentimento do consumidor.
Como isso acontece?
De acordo com os especialistas, a coleta ilegal de dados destes smartphones é feito por meio de seus respectivos sistemas operacionais (no caso, o Android) e por aplicativos pré-instalados, como Baidu Input e Sogou Input (no Xiaomi) e Baidu Map e Amap (no OnePlus e Realme).
À primeira vista, os apps aparentam ser ferramentas inofensivas que só consomem espaço de armazenamento. Mas como descoberto na investigação, o problema está em suas permissões, que habilitam a execução em segundo plano e coletam informações de usuários sem que eles percebam.
“Descobrimos que esses pacotes transmitem para muitos domínios de terceiros informações confidenciais de privacidade relacionadas ao dispositivo do usuário”, afirmam os pesquisadores.
No caso da Xiaomi, os investigadores detectaram que o Redmi Note 11 envia informações para um URL de rastreamento externo toda vez que apps pré-instalados (como câmera, mensagens, notas, gravador de voz, entre outros) são executados.
Não está claro se outros smartphones das marcas citadas também utilizam os mesmos mecanismos de coleta de dados.
Quais dados estão sendo coletados?
Ainda segundo as investigações, os smartphones analisados têm coletado uma “quantidade” preocupante de Informações de Identificação Pessoal (PII).
E neste bolo estão dados como informações básicas do usuário, números de telefone e identificadores de dispositivos (IMEI e MAC, IDs de publicidade, entre outros), dados de geolocalização e até informações de conexões sociais (contatos, metadados e histórico de chamadas).
O mais preocupante é que toda essa coleta é feita sem um pedido de consentimento e sem notificação ao usuário. E ao que parece, não há como cancelar essa vigilância.
Vigilância de smartphones chineses preocupa
A descoberta é levada com muita seriedade pelos cientistas da computação. Isso porque há um temor de que as informações coletadas sorrateiramente também sejam enviadas para provedores de serviços, operadoras de redes móveis e até mesmo para o governo chinês.
Naturalmente, o foco da preocupação volta-se para os chineses. Até porque o governo local é conhecido por atos de vigilância. E a julgar a gestão rígida no país, é de se imaginar que ter sua localização rastreada pelo Estado é, no mínimo, grave.
Mas não são apenas os chineses os afetados: smartphones que saíram da China também reportaram o mesmo esquema de coleta ilegal de dados. Contudo, os riscos para moradores de outras regiões é “entre três e quatro vezes menor”, já que os apps pré-instalados em dispositivos no resto do mundo exigem entre 8 a 10 permissões a menos.
O Gizmodo chegou a contatar Xiaomi, OnePlus e Realme para comentários. Mas até o momento, nenhum posicionamento foi divulgado.
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