Os administradores da linguagem de programação de código aberto do Google, Go (Golang), desistiram de implementar a telemetria de software por padrão, logo será necessário que os desenvolvedores a ativem caso queiram compartilhar os dados.

Em fevereiro, Russ Cox, chefe técnico da Golang no Google, apresentou uma proposta opt-out como forma de compreender melhor como é usado o código Go e ajudar a priorizar decisões de desenvolvimento e manutenção relacionadas à linguagem com auxílio da telemetria, que enviaria dados do software Go sobre funções em uso e o status de funcionando do software para um servidor.

Além de registrar outros vários eventos, como acessos ao cache, uso de recursos, latência e assim por diante, em um arquivo local. O arquivo consistiria em valores de contador e nomes de funções, mas não em dados ou identificadores de usuários.

Enquanto isso, a equipe do Go operaria um servidor de coleta com 10% de chance por semana de capturar esses dados sem nenhum identificador: login, ID da máquina, dados de localização ou endereço IP. Com exceção aos endereços IP para conexões TCP. Embora visíveis ao sistema, esses não fariam parte do relatório de telemetria.

Google desiste de implementar telemetria por padrão em linguagem Go

Imagem: samjoule/Shutterstock.com

Os dados em questão, escreveu Cox na proposta inicial, consistiam em respostas a perguntas como que parte das invocações de comandos Go usam configurações, sistemas operacionais ou módulos específicos. Ele argumentou que fazer com que a telemetria fosse opcional resultaria em um número muito pequeno de pessoas participando para coletar dados significativos sobre o ecossistema Go.

Reação negativa da comunidade Go

Quando foi anunciado, muitos desenvolvedores de Go se opuseram ao fato da ativação por padrão da telemetria, manifestando preocupações em centenas de respostas ao post de discussão de Cox.

Para a comunidade Golang, o fato de a linguagem ter sido criada pelo Google também não ajuda muito. “Não acho que ‘Confio na equipe de desenvolvimento do Go’ seja uma garantia de longo prazo. O Google, por mais diversificado que seja um conglomerado de interesses e motivações, ainda é uma megacorporação sem rosto que pode demitir toda a equipe a qualquer momento, sem motivo algum, ou até mesmo por motivos ruins.”, disse um participante da discussão.

“O fato de a equipe de desenvolvimento do Go não ter tomado nenhuma medida para se livrar da dependência total dos dólares e serviços do Google é prova apenas de que a equipe de desenvolvimento confia em seus gerentes. Não compartilho dessa confiança e acho que a equipe estaria bem servida se examinasse as consequências de longo prazo dessa dependência e dos exercícios de coleta de informações em larga escala que submetem os dados coletados à propriedade corporativa.”, acrescentou.

Google Campus em Mountain View, na California

Imagem: Shutterstock.com

Também não ajudou o fato de os comentários contrários à telemetria sem permissão terem sido minimizados para não ficarem visíveis.

Cerca de um mês após a recepção negativa por parte da comunidade, Cox apresentou uma proposta de adesão e, em 12 de abril, ela foi finalmente aceita. “Há boas razões para acreditar que, mesmo com dezenas de milhares de usuários que optaram por participar, poderemos obter dados úteis”, disse Cox na proposta alterada. “Ele não será tão completo quanto o sistema de opt-out, mas deve ser bom o suficiente.”

 

 

Via The Register

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