Por que a compra da Activision Blizzard é prejudicial à privacidade digital de consumidores?
Antitruste e privacidade estão entrelaçadas. Quanto maior o poder de uma empresa, maior será a capacidade de explorar, coletar e usar dados pessoaisBy - Liliane Nakagawa, 25 janeiro 2022 às 5:33
Além do prejuízo de pelo menos US$ 20 bilhões causado a Sony, resultado da queda nos preços das ações após o anúncio da compra da Activision Blizzard pela Microsoft na semana passada, a aquisição de quase US$ 70 bilhões da problemática holding de jogos eletrônicos, responsável por megahits como Overwatch, Diablo, Call of Duty, World of Warcraft e Candy Crush, também trouxe à tona a discussão sobre a concentração desequilibrada de poder nas mãos de gigantes da tecnologia que prejudica, além de concorrentes menores dessa indústria, os consumidores finais dela. Enquanto as leis antitruste tentam frear práticas anticoncorrenciais, essa concentração também representa um problema de privacidade digital.
Em menos de um ano, a proprietária da plataforma de console Xbox comprou dois grandes estúdios de games — sendo a última, em vias de ser concretizada, — a mais impactante. Em março de 2020, a aquisição da ZeniMax, por US$ 7 bilhões, deu à Microsoft poder sobre a matriz da popular Bethesda Softworks, criadora de franquias como Fallout, Doom e Wolfenstein.
Os movimentos da Microsoft na indústria de games dão pistas claras de que a gigante americana de software pretende assumir uma extensa parte do mercado de jogos. E não só, o negócio da Activision Blizzard é uma peça de uma estratégia maior visando conquistar novos territórios, incluindo jogos móveis e, potencialmente, a realidade virtual e aumentada, explorando assim novos tipos de dados. Uma aquisição que “forneceria blocos de construção para o metaverso”.
Pela Horda, pela privacidade dos dados
No mesmo dia do anúncio de compra da Activision Blizzard, Lina Khan, presidente da Comissão Federal de Comércio (FTC), e Jason Kanter, procurador-geral adjunto, também fizeram um anúncio — o de ‘modernizar’ as diretrizes de fusão —, algo que poderia trazer problemas ao acordo da Microsoft, bloqueando ou mesmo restringindo a nova aquisição.
Isso ainda poderá acontecer, caso e quando os reguladores da Comissão e o Departamento de Justiça pousarem os olhos sobre o negócio e o analisarem. A Microsoft não está apenas ganhando uma fatia no mercado, propriedade intelectual e funcionários, o que impacta nos efeitos competitivos no mercado, mas fazendo uma jogada para mover mais dados do consumidor neste processo. Logo, a atenção às questões de proteção ao consumidor e de concorrência relacionadas à privacidade de dados não seriam mero capricho.
A privacidade e o antitruste estão entrelaçadas, e a proporção dos negócios entrega quão capaz será de atingí-las. Quanto maior e mais poderosa a empresa de tecnologia se torna, maior será a capacidade de ela coletar e usar dados das pessoas (não pensemos apenas em publicidade dirigida). Igualmente, quanto maior a base de dados de uma empresa, mais difícil será as outras competirem.
Obter acesso a bilhões de pontos de dados sobre o comportamento e preferências dos usuários entrega a essas grandes empresas mais chances de atender a demanda dos consumidores, se comparada a uma empresa menor que provavelmente vai carecer desses recursos. O resultado dessa concentração de poder é o atraso da inovação e a criação do risco de maior dano à privacidade dos consumidores.
A maior participação de mercado também dão a elas maior preparação para moldar a conversa jurídica e regulatória, incluem-se o lobby e tentativas de influência por meio de grupos comerciais da indústria, think tanks e eventos, algo que tem segurado por anos a aprovação de leis antitruste e evitado a regulamentação sobre a privacidade por bastante tempo.
Para além do acordo lucrativo da Microsoft: por que se preocupar?
Ao expandir a diversidade de plataformas — console, PC, nuvem, móvel e até metaverso — a Microsoft abre novos caminhos para atrair consumidores, o que significa maior coleta e dados para se utilizar. Os jogos móveis, por exemplo, coletam dados relacionados ao comportamento dos usuários enquanto usam o celular, incluindo informações de rastreamento de localização e outros dados. Se os planos futuro da Microsoft incluírem aumentar as ofertas de jogos virtuais e de realidade aumentada relacionados a metaversos, isso também vai se converter em uma coleta significantemente maior de dados biométricos, potencialmente muito além do que foi coletado pela plataforma Xbox Kinect.
O negócio da Activision Blizzard soma ainda mais dados à enorme base de acesso já mantida pela Microsoft. O que suscita preocupação, já que riscos à privacidade relacionados à coleta de dados são agravados quando uma só corporação é capaz de reunir grandes quantidades de dados de diferentes fontes, todos sobre o mesmo indivíduo. Além do perigo de cair em mãos erradas (vazamento de dados), também não há garantias suficientes para barrar o uso indevido ou a reidentificação de dados privados.
Mesmo que até então seja permitido, o acordo diz muito além do potencial de lucro na indústria de jogos, ele volta-se para um problema que há uma década permite empresas da Big Tech tenham o poder excessivo e incontrolável para massacrar a concorrência e concentrar o poder de mercado. Esforços como do recém-lançado projeto Tech Oversight prometem ser uma verdadeira ‘pedra no sapato’ para essas grandes companhias que passam praticamente ilesas pela legislação antitrustre.
Enquanto consumidores, o monopólio e essa concentração de poder é convertida apenas em carência de inovação e oportunidade. De quebra, como indivíduos, é tirado de nós um direito digital como a privacidade de dados. E como jogadores, qual seria o sentido de lutar pela Horda se essa guerra já seria uma batalha perdida?
Via CNBC
Comentários
David
Que choro lindo
Marcio Irapuã
E o choro tá como????kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Rodrigo
Vc chora demais serteza q esse site fez um abaixo assinado pra cancelar a compra.
Sony Wins
Quanto choro, deu até vergonha KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Joãozinho
Quando a Sony fechou a exclusividade do SF5, eu fui obrigado a comprar um PS4 e me cadastrar na PSN para poder jogar online. Eu não gostaria de compartilhar meus dados com a Sony, pois ela já tem históricos de vazamentos de dados de clientes. Isso não ferre a privacidade dos jogadores?
Joãozinho
Quando a Sony fechou a exclusividade de SF5 para PS4, muitos como eu, foram obrigados a comprar um PS4 e se cadastrarem na PSN. Eu não gostaria de compartilhar meus dados com a Sony, já que ela tem históricos de vazamento de dados de clientes. Isso não ferre a privacidade dos clientes?
Renato
Que matéria é essa, meu Deus.
ZeColmeia
Mano, PAREM DE CHORAR, JÁ DEU, VOCÊS SÃO INSUPORTÁVEIS, NÃO VAI ADIANTAR NADA FICAR FAZENDO ESSE TIPO DE MATÉRIA
wellinton
Mas que porcaria de materiais foi essa kkkk que vergonha.
WAGNER LUIZ DE MELO
Que matéria sem sentido, só de abrir o chrome pra acessá-la já estou compartilhando dados com a Google, esses colunistas sem moral inventa cada uma.