Tencent pode se tornar a maior controladora da UbiSoft e oferece €100 por ação
Se confirmado o boato e proposta for aprovada, a Tencent efetivamente tirará a UbiSoft da família Guillemot, do atual CEO da publisher francesaBy - Rafael Arbulu, 5 agosto 2022 às 13:07
A gigante chinesa Tencent pode estar em vias de tirar a família Guillemot da participação da UbiSoft, a conhecida publisher francesa de jogos como Assassin’s Creed, Watch Dogs, Rainbow Six, Far Cry e Ghost Recon, para citar algumas de suas franquias.
Segundo informações divulgadas pela Reuters, que cita “quatro fontes com direto envolvimento nos processos”, a empresa chinesa abordou a família Guillemot, que fundou a “Ubi” e atualmente a lidera por meio de seu CEO, Yves Guillemot, oferecendo € 100 (R$ 527,55) por papel de ação.
Vale lembrar que a Tencent já é dona de parte da companhia francesa: em 2018, eles compraram 5% dela pagando € 60 (R$ 316,51) por papel. Atualmente, a família Guillemot controla 15% da companhia, enquanto o restante é dividido entre seus investidores.
Segundo um trecho da matéria na Reuters:
“Ainda não está claro quanto mais da UbiSoft – hoje avaliada em US$ 5,3 bilhões [R$ 27,51 bilhões], a Tencent quer comandar, mas a chinesa planeja se tornar a maior acionista única da companhia francesa por meio da compra de ações adicionais, segundo duas das fontes, que falaram em condições de anonimato”.
Além da família Guillemot, a liderança da gigante chinesa também vem abordando outros acionistas públicos da publisher francesa, segundo as outras fontes, que também pediram para não serem nomeadas por estarem próximas do processo e não terem autorização para conversar sobre ele publicamente.
Todas as fontes ressaltaram que os termos das propostas ainda estão sob análise e estão sujeitos a mudanças.
Respondendo queda doméstica com crescimento global
A Tencent ir atrás de uma fatia maior da UbiSoft pode parecer apenas mais uma empresa se expandindo para o setor global. Afinal, a gigante chinesa tem ações de propriedade em companhias como Epic Games, Riot Games, além de desenvolvedoras famosas como Valhalla Studios, Remedy Entertainment e PlatinumGames, para citar alguns.
Entretanto, a medida pode ter um tom mais estratégico: a empresa deve amargar prejuízos no mercado doméstico, onde seus jogos vêm passando dificuldades frente à regulamentação midiática do governo chinês. Os resultados trimestrais da empresa ainda não saíram, mas analistas estimam uma queda de 1,7% no faturamento da companhia, segundo a Bloomberg.
Paralelamente, a área mais global da Tencent vem no caminho contrário, onde ela registrou um crescimento de 4% no primeiro trimestre deste ano. Fora do setor chinês, a empresa de tecnologia tende a investir em companhias que produzam jogos online onde a monetização principal venha por meio de microtransações. No caso da UbiSoft, a publisher francesa tem Rainbow Six Siege como sua série mais longeva que atenda a essas características.
Em outras palavras: a Tencent pode estar tentando contornar eventuais perdas (cujos fatores, ela não tem controle) no mercado interno com os ganhos externos.
Entretanto, não há como a Tencent escolher “este” ou “aquele” jogo quando o assunto é o aumento de sua participação acionária. Goste ela ou não, a companhia terá que responder por todas as franquias da UbiSoft – incluindo aquelas pelas quais ela não se interessaria normalmente. Por essa razão, é difícil dizer qual o impacto do controle da Tencent em, digamos, Assassin’s Creed ou Far Cry, que são mais conhecidos pelas suas experiências single player. E outra: se o mercado global retrair – e ele tem dado esses sinais -, a chinesa responderá por isso também, independente de quais jogos ela “goste”.
De qualquer forma, a informação acima vem sendo tratada como rumor, então talvez ainda seja meio cedo para fazer esse tipo de análise.
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