Trinta anos se passaram desde que embarcamos pela primeira com o “poderoso” pirata Guybrush Threepwood, em uma aventura rumo à Monkey Island, ou Ilha dos Macacos na tradução, em busca do grande segredo que o local abriga. Agora, esse mesmo tesouro é o motivo pelo qual Guybrush retorna à ilha (e também o motivo que se tornou a obsessão do pirata e o fez dedicar toda a sua carreira, diga-se de passagem).

O game chega hoje (8) para Xbox Game Pass e Xbox Series X/S, além do PlayStation 5. O título, no entanto, está disponível desde o dia 19 de setembro para PC Windows, macOS e Nintendo Switch, além de Linux — para este último, desde 26 de outubro.

Será que a nova história protagonizada por Guybrush vale a pena ser vivida? O blog KaBuM! mergulhou no novo título da franquia de point-and-click, e desvendou os principais quebra-cabeças para conseguir um veredicto. Se quiser saber o que achamos, rola a página e segue firme nas próximas linhas, que trouxemos mais detalhes sobre mais essa aventura do pirata.

Return to Monkey Island: uma história (mais ou menos) não contada

Muita coisa mudou desde que Guybrush Threepwood encontrou com LeChuck, seu arqui-inimigo mortal. Começando por ele mesmo: em Return to Monkey Island, Threepwood aparece não apenas mais velho, mas também casado e com um filho — que, por sinal, é uma versão mirim do pirata.

O rebento, inclusive, é quem inicia a narrativa e guia os jogadores nas primeiras cenas. Sua aparência é uma cópia tão fidedigna do pai que até pode dar a impressão de que literalmente voltamos no tempo — mas foi apenas uma fórmula perspicaz de introduzir a real jogatina.

Captura de tela do jogo Return to Monkey Island, parte do review feito pelo blog KaBuM! sobre o game

LeChuck, o arqui-inimigo de Guybrush – Imagem: reprodução/blog KaBuM!

Em Return to Monkey Island, reencontramos não apenas a icônica Ilha dos Macacos, como já era de se esperar pelo título do jogo, mas também vemos rostos conhecidos dos games anteriores como o empresário marqueteiro Stan, o trapaceiro Otis, a caveira falante Murray e, claro, o próprio pirata fantasma-zumbi LeChuck.

Aliás, os dois continuam inimigos, claro, e eles encaram mais uma competição para ver quem primeiro consegue desvendar o segredo da Ilha dos Macacos, bem como conquistar o coração da bela Elaine Marley — que, aliás, é a esposa de Threepwood, mas LeChuck não parece se importar muito com esse “detalhe”.

Para quem lembra do primeiro jogo, à parte dos personagens, desde o início somos apresentados a uma porção de detalhes que trazem a nostalgia à tona. Começando pela própria tela inicial:

[Review] Return to Monkey Island: a mistura do nostálgico com moderno ditam a nova aventura pirata
[Review] Return to Monkey Island: a mistura do nostálgico com moderno ditam a nova aventura pirata

Também como em The Secret of Monkey Island, a jornada de Threepwood começa com o pirata no observatório da Ilha de Mêlée. Quem não se lembra dessa cena?

[Review] Return to Monkey Island: a mistura do nostálgico com moderno ditam a nova aventura pirata
[Review] Return to Monkey Island: a mistura do nostálgico com moderno ditam a nova aventura pirata

No meio do caminho, o jogador reencontra lugares conhecidos, como o Bar Scumm — e o seu cozinheiro, além da loja de mapas e o cartógrafo Wally, bem como a “Voodoo Lady”, que se chama Corina.

Mas apesar de tudo parecer o mesmo, está tudo mudado: Elaine já não é mais a governadora local, os três velhos piratas líderes da Ilha foram substituídos por três jovens liderados pela Capitã Madison. Stan, por sua vez, foi preso por “crimes de marketing” e há também novas ilhas a serem exploradas, como a gelada Brrr Muda e a enigmática Ilha do Terror.

Captura de tela do jogo Return to Monkey Island, parte do review feito pelo blog KaBuM! sobre o game

Olha aí a clássica cozinha do Scumm Bar – Imagem: reprodução/blog KaBuM!

Mecânica e jogabilidade

Este é o sexto game da franquia, mas que traz uma pitada especial, porque ele — diferentemente dos outros três títulos, à exceção do original de 1990 e a continuação de 1991 — foi desenvolvido pelo criador Ron Gilbert, ao lado da desenvolvedora Terrible Toybox. A publicação ficou a cargo da Devolver Digital, com colaboração da Lucasfilm Games (que também participou da produção de outros títulos da série quando ainda era LucasArts).

Return to Monkey Island também contou com a volta de outros nomes do original: Dave Grossman, que escreveu a história ao lado de Gilbert, bem como serviu como codesigner; Michael Land, Peter McConnell e Clint Bajakian na composição da trilha, e Dominic Armato, que foi a voz de Guybrush no original.

A clássica mecânica point-and-click, misturada com uma porção de quebra-cabeças que precisam ser resolvidos ao longo da história, foi mantida. Ou seja: você pode esperar uma jogabilidade que engloba obter objetos em diferentes cenários, os quais poderão ser usados para solucionar algum puzzle no meio do caminho, como também poderá combinar alguns deles para dar “um boost” e criar algo novo que também ajudará na solução das charadas — sim, da mesma forma que é possível fazer nos outros jogos.

O que podemos citar de novidades? Além dos gráficos, que estão com uma roupagem bastante fluida e artística, há outras melhorias que facilitam a vida do jogador, como um inventário que permite arrastar itens, e um agraciado sistema de dicas — que, por sinal, se integra bem ludicamente ao contexto do jogo (basicamente é um livro antigo bem bonito que fica dentro do inventário).

Ou seja: será mais fácil — e bem menos sofrido — quando você ficar travado em algum quebra-cabeça. Eu disse “quando”, porque esse momento vai chegar, pode ter certeza!

Return to Monkey Island conta com dois modos de jogo: o casual e o difícil. Então, por mais que o game possa terminar de forma relativamente rápida (é possível finalizar o game mais ou menos em 12 horas), sempre dá para voltar e deixá-lo mais interessante.

Captura de tela do jogo Return to Monkey Island, parte do review feito pelo blog KaBuM! sobre o game

Imagem: reprodução/blog KaBuM!

Há também cartas colecionáveis que você pode encontrar no meio dos cenários e ir colocando no inventário, cada uma com uma curiosidade sobre o jogo e uma interação em forma de quizz que é um bônus à interação principal dentro da narrativa linear do jogo. 

Return to Monkey Island vale a pena?

Em uma mistura do nostálgico com o moderno, os desenvolvedores conseguiram manter a leveza — e também o característico humor ácido — do jogo original, sem deixar de trazer um ar de novidade. Sem que também fosse preciso transformar a história em um conto repetitivo, daqueles que apenas recebeu uma mera “repaginada”.

É um jogo para matar as saudades, até porque há muitos diálogos que remetem ao passado dos personagens e às interações que ocorreram nos outros jogos.

Mas acredito ser também um game para quem nunca jogou qualquer um dos títulos anteriores. Isso, inclusive, foi um cuidado que senti que os criadores tiveram ao introduzir o novo jogo: no menu, antes de iniciar a jogatina, você pode passar pelo livro de memórias de Threepwood e entender resumidamente (e do ponto de vista dele, vale dizer) as peripécias passadas.

Ou seja, você não ficará sem o contexto geral. Esse “detalhe”, para mim, foi um ponto super positivo e recomendo fortemente que você comece por aí se quiser absorver o melhor da história, especialmente se não jogou outros títulos.

Por fim, como eu disse no início deste review, já se passaram três décadas desde que o primeiro título da franquia foi lançado, nos idos de 1990. Mas, na minha opinião, a magia que permeia a história e que a fez tão popular, por certo, permanece intacta.

O desfecho — sem dar spoilers aqui — realmente me surpreendeu. De início, me trouxe uma mistura de sentimentos, confesso. Mas depois eu achei uma boa sacada para encerrar a narrativa proposta, bem como deixar um fio solto para uma continuação futura (ou não também, porque o final já satisfaz do jeito que está e é provavelmente o que irá acontecer, visto que Ron Gilbert já afirmou que não pretende construir continuações).

Ao jogar, deve-se ter em mente que Return to Monkey Island é, sim, uma história boba de piratas. Mas é também mais do que isso: é uma história sobre a vida. Para entender a essência, chegue ao final e leia a carta deixada pelos criadores no caderno de memórias. Espero que ela te faça refletir tanto quanto fez a mim. 

Agora, considerando que consegui apenas 13 dos 39 achievements, retornarei à Monkey Island ao menos mais algumas vezes para reviver essa história que, por mim, mereceu ser contada.

Se você decidir encarar a aventura ao lado de Guybrush, me conta o que achou?

Return to Monkey Island está disponível para PC Windows, MacOS e Linux, PlayStation 5, Xbox Series S/X e Nintendo Switch. Para a análise, a jornalista jogou uma cópia para Steam, com acesso fornecido pela Devolver Digital.

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