O RPG 2D Live a Live, da Square Enix, é uma peça estranha para quem quer fazer um review: isso porque o jogo é, originalmente, uma produção lançada exclusivamente no Super NES em 1994, para ganhar um remake, lançado em julho de 2022 no Switch e, agora, esse remake recebeu uma remasterização que o levou para o PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.

Essencialmente, estamos então falando do review do remaster do remake do original. É uma bagunça que dá um nó na cabeça de qualquer um, mas felizmente, isso soa pior do que realmente é, neste caso. Nossa análise contempla as versões para PlayStation do jogo, mas a boa notícia é que ela mudou pouquíssima coisa em relação ao Switch, então as mesmas argumentações do jogo no ano passado valem aqui.

Live a Live – Análise

O mais interessante de Live a Live é o fato de, mesmo ele sendo lançado originalmente há quase três décadas, o remake do Switch conseguiu trazer as coisas para uma percepção mais contemporânea, sem abandonar os motivos originais do RPG – visual em duas dimensões, com sprites pixelizados dando lugar à texturização “quase” em terceira dimensão (o nome técnico é “2.5D” caso queira saber).

E o remaster do remake, nos consoles PlayStation e PC/Steam Deck, conseguiu levar isso um pouquinho mais à frente ao atualizar a apresentação visual e sonora para a tecnologia das plataformas de maior tecnologia. Os detalhes são pequenos – as moitas, folhagens e árvores têm uma impressão menos “digital” e mais natural, o fogo das magias e fogueiras é mais realista, mas sem perder o ar de “desenho” pelo qual o jogo ficou conhecido.

No gameplay, as alterações foram ainda mais cosméticas: ao contrário de Octopath Traveler II (os dois jogos têm praticamente o mesmo time de desenvolvimento e elenco), que teve bastante alteração entre as versões de console e Switch, Live a Live preferiu manter as coisas mais iguais.

Isso se traduz em um tempo menor de loading – mesmo no PlayStation 4: um dos pontos criticados do remake no Switch era justamente a demora entre as transições de tela e o atraso (delay) entre a inserção dos comandos no controle e suas execuções na tela. Aqui, no entanto, o remaster praticamente anulou isso.

Vale citar: um dos testes (conseguimos jogar o título por completo umas três vezes – ele é curtinho mesmo, como você verá abaixo) envolveu uma versão de lançamento do PlayStation 4, aquela com o disco rígido padrão e leitura barulhenta. Mesmo nele, tudo fluiu de maneira perfeita.

Facilmente, a taxa de quadros (framerate) fica bem perto dos 60 fps (quadros por segundo), o que é um plus que o Switch não conseguiu atingir,além de algo sempre positivo para aqueles que priorizam um deleite visual em seus jogos.

Imagem mostra o jogo Live a Live, da Square Enix

Imagem: Square Enix/Divulgação

Em time que está ganhando, não se mexe

No que tange ao restante dos aspectos a serem analisados, Live a Live é integralmente igual à versão do Switch: nada de capítulos adicionais, itens especiais ou personagens extras.

Não, aqui, você tem os mesmos oito capítulos distintos, cada um com sua mecânica de jogo, enredo, protagonistas e vilões. Apenas quando você terminar todos eles é que um capítulo secreto – e seus dois finais – aparecem. Um por um, cada capítulo tem em torno de duas a três horas de duração, um pouquinho mais para o capítulo final, que amarra todo o enredo.

O mais interessante é que não há nenhuma linearidade: os capítulos se dividem na Pré-história, Japão Feudal, China Imperial, o tempo presente, um futuro próximo, outro mais distante e até o Velho Oeste. Depois de trafegar esses sete, um oitavo capítulo, na Idade Média, é liberado (e sim, há um motivo narrativo para isso: não vamos contar pois aqui evitamos spoilers) e, depois dele, o oitavo.

Cada capítulo tem recursos exclusivos: no Japão Feudal, por exemplo, você tem um botão dedicado a fazer seu personagem – um ninja – sumir da vista dos inimigos, já que este capítulo (e somente ele) contabiliza quantas vidas humanas você tirou. Na Pré-história, seu personagem tem um botão dedicado para o senso de olfato, literalmente farejando itens e inimigos pelo cenário. Finalmente, o futuro distante tem praticamente zero batalhas, salvo pelo chefão ao fim do conto.

Na prática, é como se você tivesse oito longos minigames dentro de um jogo completo. E como cada um tem seu próprio formato, você tem uma variedade de gameplay que deixa você ao mesmo tempo bem contente e bem alerta.

Falando neles, os cenários são bem expansivos, e a retexturização promovida por esse remaster faz justiça à variedade de ambientes e cores na tela. Tudo é bem vivo e deixa você bem engajado em explorar os mapas, divididos em várias telas.

O gameplay também traz um senso estratégico bem aprofundado: ao misturar elementos das batalhas de turnos (a la qualquer Final Fantasy antigo) e táticos (como XCOM ou, a despeito de soar repetitivo, Final Fantasy Tactics), o jogo sempre deixa você com o pé atrás até mesmo nas ações que parecem mais óbvias.

De uma forma geral, Live a Live é um testamento de como o design de um jogo para um console de alto desempenho não precisa necessariamente ser ultrarrealista para funcionar. E isso, ele faz muito bem.

Imagem mostra o jogo Live a Live, da Square Enix

Imagem: Square Enix/Divulgação

Ok, mas em qual plataforma eu devo jogar?

Isso é algo meio relativo: Live a Live foi originalmente concebido para ser uma experiência móvel de alta densidade, é verdade. Ao mesmo tempo em que ele tem uma progressão simplificada se comparada a um RPG tradicional, ele não deixa de ter uma forte capacidade de imersão. Isso é algo que você terá independente de qual plataforma escolher.

Obviamente, também há que se considerar a questão do preço: no Steam/Steam Deck, o jogo está agora com 20% de desconto, saindo por R$ 179,90. No PS4/PS5, a coisa fica mais salgada, indo para R$ 264,90 e, finalmente, no Switch, onde ele é mais antigo, ele está saindo por R$ 249. Se o cartão de crédito for o fator de decisão, então a versão para PC ou Steam Deck certamente é a mais indicada.

Agora, se você absolutamente precisa dos 60 fps e ver moitas e árvores e chamas com um aspecto mais perto do 3D, e ter uma sensação de profundidade de cenário maior, definitivamente você deveria ir para os consoles de mesa: no PlayStation, essas percepções estão não só mais evidentes, mas também mais otimizadas.

Independente de onde você escolher jogar, Live a Live certamente vai lhe engajar bastante. É um RPG relativamente fácil de se trafegar, e permitirá que você preste atenção em uma narrativa densa e com algumas reviravoltas bem legais.

Definitivamente, vale investir.

A nossa análise de Live a Live foi possível mediante uma chave do jogo, gentilmente cedida ao blog KaBuM! pela publisher.

Galeria de imagens

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