Nos últimos anos, a Capcom entrou na onda dos remakes da série Resident Evil. Em meio a novos lançamentos numerados, fomos presenteados com alguns bons jogos refeitos do zero, como é o caso do segundo game.

No entanto, em alguns casos, como no de Resident Evil 3 remake, tivemos alguns deslizes, tornando-o um game curto, linear e bem simples – isso se comparado com o original.

Por conta disso, quando o remake de Resident Evil 4 foi anunciado, os fãs ficaram preocupados que a essência do título – que é um dos mais aclamados, além de um divisor de águas – pudesse ser perdida.

Essa questão ficou em minha cabeça o tempo todo em que joguei o remake e, portanto, tenho uma visão clara do que a Capcom fez aqui – e te conto em detalhes o que esperar.

O blog KaBuM! teve acesso ao game e te conta se o remake do amado game fez jus ao clássico e se as alterações feitas fazem sentido com o universo de Resident Evil.

História

Imagem de Resident Evil 4, remake a ser lançado pela Capcom em 2023

Imagem: Capcom/Reprodução

A história se mantém basicamente a mesma. Portanto, controlando Leon S. Kennedy, recebemos a missão de salvar Ashley Graham, filha do presidente dos Estados Unidos, sequestrada por um culto bizarro e levada para um vilarejo remoto na Europa.

Lá, as coisas não são tão simples quanto se imagina, já que os moradores parecem dominados por algo que os deixa violentos e com sede de sangue. O plot é basicamente esse e não teria como ter mudanças significativas.

No entanto, o que a Capcom fez aqui – e fez muito bem – foi expandir alguns momentos iniciais e explicar um pouco mais do pano de fundo que fundamenta a história de Resident Evil 4. Na demo, disponibilizada recentemente, pudemos ver um pouco disso por meio de uma animação antes do início do jogo.

E essa questão é trabalhada durante toda a jogatina. Obviamente, há momentos idênticos ao game original, apenas com a diferença gráfica. Mas as mudanças são perceptíveis, ainda mais para aqueles que jogaram o título de 2005 exaustivamente.

Portanto, apesar de não poder dar detalhes sobre essas alterações, posso dizer que a história do remake de Resident Evil 4 tem mais profundidade e trabalha melhor diversos aspectos narrativos.

Jogabilidade

Resident Evil 4

Imagem: Capcom/Reprodução

Na questão de jogabilidade, o jogo conta com diversas mudanças. Talvez essa seja a área em que mais tivemos alterações. A começar pela implementação de uma Despensa, que pode ser acessada diretamente pela Máquina de Escrever – sim, elas estão de volta – e serve para guardar armas e outros itens que não serão usados no momento.

No entanto, é importante lembrar que munições e itens-chave não podem ser guardados, obrigando o jogador a ficar com esses itens durante toda a jogatina.

Outra característica implementada no remake de Resident Evil 2 e que está presente aqui é a faca quebrável. Isso quer dizer que elas podem ser usadas para libertar Leon dos braços de inimigos, finalizá-los quando atordoados e até aparar ataques – incluindo investidas do Dr. Salvador. Mas a grande questão é que elas são consumíveis, têm limite de uso.

Portanto, saiba muito bem quando usá-las, já que elas são escassas nos cenários e são a melhor forma de finalizar alguns chefes e inimigos mais fortes.

Além disso, a questão da organização da maleta, que é uma das maiores características de Resident Evil 4, está presente. É preciso fazer um verdadeiro Tetris para encaixar tudo para que sempre tenha espaço para coletar espólios por todo o jogo.

Resident Evil 4 remake

Imagem: Capcom

Mais um aspecto que volta – e desta vez melhorado – são os itens que podem ser vendidos. Durante a jogatina, os jogadores podem encontrar tesouros que podem ser combinados com pedras preciosas para aumentar seu valor. Isso é altamente recomendado para conseguir uma grana extra para usar.

Agora, Leon conta com um menu de acesso rápido às armas que já adquiriu. Com isso, é possível alternar entre os armamentos de maneira rápida – embora não tão eficiente, já que ele é lento para fazer isso, dando brecha para ataques inimigos.

E por falar em inimigos, há algumas adições interessantes em alguns segmentos. Os jogadores que já conhecem a história e as surpresas do game vão se surpreender positivamente quando alguns momentos estiverem diferentes do original.

Diferenças do remake de Resident Evil 4

Resident Evil 4

Imagem: Reprodução

Não vou entrar em detalhes sobre as principais mudanças do remake, mas temos segmentos que foram expandidos ao mesmo tempo em que alguns foram diminuídos. A duração média da campanha é de 13 horas para se terminar com qualquer quantidade de coletáveis.

Caso você seja daqueles colecionadores que querem encontrar tudo, podem ser necessárias cerca de 20 horas para conseguir explorar tudo e fazer todas as atividades disponíveis.

O que chama a atenção é a escolha da Capcom em termos de narrativa. Isso porque o começo do jogo é relativamente diferente, como já citado. No entanto, a partir de certo ponto, tudo é exatamente igual, sem nenhuma alteração.

Porém, isso não se sustenta por muito tempo. A partir de certo ponto, as coisas voltam a ser tão diferentes que fica difícil descobrir qual segmento substitui aquele ponto. Considero isso um dos maiores triunfos e acertos desse remake.

Principalmente porque os jogadores acham que conhecem tudo que vai acontecer, mas eles não estão preparados para o que os aguarda em Resident Evil 4. Me peguei de queixo caído com alguns acontecimentos.

Mercador

Resident Evil 4

Imagem: Capcom/Reprodução

Como era de se esperar, uma das figuras mais misteriosas e queridas dos fãs está de volta: o Mercador. Ele aparece de maneira semelhante ao game original e oferece ao jogador a possibilidade de adquirir equipamentos, melhorar armas e vender itens.

Ele, inclusive, é quem recompensa os jogadores pelo cumprimento das missões secundárias, que falaremos mais abaixo.

No entanto, ainda há diversos questionamentos sobre sua existência – que, infelizmente, não foram respondidos no remake. Como se há mais de um Mercador, como ele faz para se locomover tão rápido entre lugares e por qual motivo ele está ali.

Brincadeiras à parte, ele ainda é uma das figuras mais importantes do game e, junto de outros rostos conhecidos, ajudam Leon em sua jornada para salvar Ashley.

Ashley

Resident Evil 4 remake

Imagem: Divulgação

Finalmente chegamos ao motivo de Leon ir até o vilarejo isolado. Ashley é uma adolescente que, se bem lembrarmos, era insuportável no game original. Aqui, ela está menos chata, ainda bem, mas exige muitos cuidados dos jogadores.

Isso porque, apesar de ter uma inteligência artificial relativamente melhor, ela ainda comete alguns erros, como entrar na frente dos tiros de Leon e ficar bem próximo de inimigos que podem capturá-la, obrigando os jogadores a ficar de olho a todo momento.

Uma das coisas que mais achei interessante na nova dinâmica de Ashley com Leon é que, quando leva dano, a jovem fica Incapacitada, obrigando o jogador a levantá-la do chão. Isso traz um senso de urgência maior à jogatina.

Além disso, quero destacar o segmento em que a controlamos. É totalmente diferente do que vimos no título original e traz diversos novos elementos de jogabilidade. É algo totalmente inesperado e original para a franquia. Serve para quebrar o ritmo frenético visto durante o jogo – o que é muito bem-vindo.

Missões secundárias

Resident Evil 4

Imagem: Reprodução

Ao longo da jornada, há missões secundárias espalhadas pelos cenários. São papéis azuis que dão tarefas para os jogadores em troca de itens que podem ser trocados por recompensas posteriormente. Isso veio diretamente do jogo original – não necessariamente da mesma forma.

Logo no começo de Resident Evil 4 de 2005, os jogadores tinham que destruir medalhões azuis espalhados pelas áreas iniciais em troca de uma arma. Aqui, essa é uma das primeiras missões secundárias – embora o prêmio não seja a mesma arma.

Essa é só a porta de entrada para diversas tarefas extras que vão evoluindo conforme o jogador progride na história.

Chefes

Resident Evil 4 remake

Imagem: Capcom

Por fim, os chefes foram quase todos retrabalhados e contam com batalhas novas e inventivas. Portanto, esqueça as estratégias que você sabia anteriormente. Apesar de ajudar, elas nem sempre são a melhor forma de derrotar os poderosos inimigos do local.

Portanto, tenha um bom estoque de facas, guarde munição – que é bastante escassa – e tenha em mente que o jogo está um pouco mais difícil que o original.

Conclusão

Resident Evil 4 remake empolga pelas novidades, mesmo para quem já conhece o jogo inteiro. As novas batalhas são interessantes, os inimigos criativos e as ameaças constantes – principalmente no início, com armadilhas de urso espalhadas ao acaso por vários lugares.

O remake vai agradar quem é fã de longa data do game e quem vai ter o primeiro contato com Resident Evil 4 através da versão mais recente – apesar desses jogadores não terem a experiência de uma Ashley insuportável.

Eu, como fã da franquia e do jogo original, devo dizer que as mudanças fazem sentido dentro da proposta de entregar uma nova experiência, mas se mantendo na essência do que é Resident Evil 4.

Vale lembrar que o game chega para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox Series S/X em 24 de março.

Para realização desta análise, a Capcom forneceu uma cópia para PlayStation 5.

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