O cofundador e atual CEO da Netflix Reed Hastings comprou US$ 20 milhões em ações da própria empresa. Um dado curioso: ele fez isso apenas alguns dias após a gigante dos streamings registrar uma queda de 30% nos papéis.

As informações são de um documento liberado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), que mostra que o executivo adquiriu mais de 50 mil ações na última semana, cada uma a um preço médio de US$ 388. A transação foi feita por meio de um Trust, que é o nome dado a um administrador de bens de confiança — no caso, que faz a negociação em nome de Hastings.

O movimento parece ter surtido efeito, já que as ações da empresa tiveram uma retomada nesta segunda-feira (31), chegando a um aumento de mais de 11%.

Desacelerando?

Há cerca de uma semana, em 20 de janeiro, Hasting apresentou números da empresa relacionados ao quarto trimestre fiscal — basicamente falou sobre novos usuários e receita, que são as informações mais críticas do negócio atualmente.

Um dos fatores que impactou as previsões da empresa foi o que alguns analistas chamaram de “boom pós-pandemia”. Ou seja, a empresa registrou um aumento considerável de novos assinantes nos últimos meses muito pelo fato de que as pessoas começaram a ficar em casa em distanciamento, ilhadas por conta da pandemia.

Reed Hastings

Reed Hastings, cofundador e CEO da Netflix – Imagem: Divulgação/Netflix

Isso alimentou boa parte da base da Netflix que, agora, chega a uma espécie de estagnação — especialmente porque, neste momento, embora a pandemia não tenha acabado, as restrições em muitos países também ficaram menos rígidas com o avanço da vacinação.

No balanço referente ao quarto trimestre, a empresa prevê um aumento de 2,5 milhões de assinantes para o primeiro trimestre de 2022, ou apenas 8% no crescimento. Atualmente, a companhia soma 222 milhões de assinantes em sua base global e, no final do ano passado, ela contabilizou uma adição de 8,3 milhões.

“Embora possa parecer muito, a Netflix estava incorporando novos clientes regularmente a uma taxa de crescimento anual de mais de 25% no início da pandemia”, observou Adam Vettese, analista da rede de investimentos da eToro, ao Business Insider.

Essas estimativas, aliás, ficaram abaixo do que previam alguns analistas de mercado e foi o que resultou na queda no valor das ações da empresa.

Outro ponto citado por Vettese para a desaceleração da Netflix é a forte concorrência do mercado: “Enquanto a Netflix ainda é rainha indiscutível do mundo do streaming, ela está enfrentando alguns jogadores sérios, com amplos recursos financeiros como Apple, Amazon e Disney. Para ficar no topo, precisará gastar muito e continuar produzindo sucessos, como Round 6 e Não Olhe para Cima“, afirmou.

Mas a queda não significa mau presságio

Longe disso. Aliás, a queda está mais para um reajuste de rota e não apenas para a Netflix, mas também para outros serviços de streaming que estão batalhando no ringue.

Arte da Netflix Games

Imagem: Divulgação/Netflix

 

Segundo estimativas da CNBC , o crescimento da Netflix pode ser encarado como uma bússola: e se os números da gigante estão desacelerando, isso pode significar que o mercado streaming do mundo também deve frear seu crescimento em assinantes nos próximos meses.

Uma solução apontada por alguns executivos do mercado para não precisar cortar investimentos com conteúdos originais — o que, como consequência, poderia retirar um dos principais atrativos para novos clientes — é o agrupamento de serviços.

É uma solução simples e que trazer crescimento para diversos negócios, além de descontos para os clientes. Ou pode ser que a aposta em games evolua e outras empresas façam o mesmo movimento que a Netflix está realizando — embora a corrida tenha ficado bem mais acirrada depois da aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft.

O jeito é esperar pelas próximas movimentações.

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