Reator de fusão nuclear quebra recorde de produção de energia
A partir da fusão de átomos - mesmo processo que alimenta o Sol - reator dobrou a quantidade de energia produzida e aumenta esperança de busca por energia limpa ilimitadaBy - Cesar Schaeffer, 10 fevereiro 2022 às 15:41
Um recorde de 24 anos acaba de ficar para trás. Em um experimento em um reator de fusão nuclear, pesquisadores do Joint European Torus (JET), no Reino Unido, estabeleceram uma nova marca para a quantidade de energia liberada em uma fusão de átomos: 59 megajoules de energia – o equivalente a cerca de 14 kg de dinamite – durante uma explosão de fusão de cinco segundos. O resultado é mais do que o dobro dos 21,7 megajoules alcançados em 1997.
“Esses resultados marcantes nos levaram a um grande passo na conquista de um dos maiores desafios científicos e de engenharia de todos eles”, comemorou o professor Ian Chapman, executivo-chefe da Autoridade de Energia Atômica do Reino Unido.
O reator “tokamak” é o dispositivo experimental emblemático do Programa Europeu de Fusão (EUROfusion) financiado pela União Europeia. O JET foi criado para ajudar os cientistas a provar que sua modelagem está correta e assim aplicá-la em futuros experimentos em um reator muito maior (ITER), de US$ 22 bilhões, que está sendo construído na França. Os primeiros testes estão previstos para 2025.
Como funciona o reator de fusão nuclear
O reator aquece gases a uma temperatura 10 vezes superior à encontrada no núcleo de estrelas, como o próprio Sol, assim gerando plasma. Os núcleos atômicos se fundem e liberam quantidades imensas de energia (calor). O grande desafio é manter uma reação desse tipo por tempo suficiente para produzir mais energia do que o que foi necessário para iniciá-la.
A relação entre a quantidade de energia necessária para iniciar uma reação e o total produzido é representada por um valor chamado de “Q”. No recorde de 59 megajoules por cinco segundos, o JET alcançou um Q de 0,33. Uma reação com um Q = 1 produziria exatamente a mesma quantidade de energia consumida. O recorde anterior, de 1997, teve um Q de 0,7 – a diferença é que, há 25 anos, os pesquisadores só conseguiram manter a reação ativa por menos de 4 bilionésimos de segundo; muito pouco.
“Cinco segundos não parece muito, mas se você pode mantê-la por cinco segundos, presumivelmente você pode mantê-la estável por muitos minutos, horas ou dias, o que você vai precisar para uma boa usina de fusão”, explicou Mark Wenman, do Imperial College London.
Para a equipe responsável pelo novo recorde, este é um grande passo rumo à criação de uma fonte praticamente ilimitada de energia limpa. “Demonstramos que podemos criar uma mini estrela dentro de nossa máquina, mantê-la por cinco segundos e obter alto desempenho, o que realmente nos leva a um novo mundo”, contou o chefe de operações do reator Joe Milnes.
Fonte: Nature
Com informações: The Guardian, Engadget
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