No começo de novembro, o iFood se envolveu em uma baita confusão: cerca de 6% da base de restaurantes cadastrados na plataforma tiveram seus nomes alterados para frases de ataques a políticos e figuras públicas, além de ideias negacionistas. Agora, o Procon do Rio de Janeiro decidiu multar a plataforma em R$ 1,5 milhão.

Relembre o caso iFood

Para quem não se lembra, um funcionário de uma empresa que prestava serviços de atendimento ao iFood resolveu entrar no sistema do app de delivery e alterar o nome de diversos estabelecimentos da plataforma no dia 2 de novembro. E, bem, o infrator bolsonarista tinha alvos bem marcados.

Pouco a pouco, os restaurantes tiveram seus nomes alterados para frases como “Lula Ladrão” e “Bolsonaro 2022”. Isso sem contar nos estabelecimentos que foram renomeados para ataques como “Marielle Franco”, “Vereadora Assassinada em 2018” ou para afirmações falsas de que “Vacinas Matam”.

O iFood então explicou, em nota, que o incidente ocorreu devido ao uso indevido do funcionário, que tinha acesso legal aos cadastros. A plataforma destacou ainda que os meios de pagamento dos clientes não foram afetados e que não houve “nenhum indício de vazamento da base de dados pessoais de clientes ou entregadores”.

Explicações não foram suficientes para o Procon-RJ

O problema é que os esclarecimentos dados pelo iFood não foram satisfatórios para o Procon-RJ, que exigiu mais detalhes sobre o episódio. Diante do posicionamento da empresa, o órgão exigiu mais detalhes sobre quais informações pessoais são armazenadas e compartilhadas com terceiros.

O Procon também quis saber quais estabelecimentos foram afetados (não só em porcentagem), por quanto tempo os nomes ficaram alterados, qual foi o tempo de resolução, quantas compras foram realizadas durante o incidente, quem é a prestadora de serviços terceirizada e quais são as atribuições da empresa na gestão da plataforma.

Como o iFood não respondeu às exigências, o órgão julgou que a companhia não deu garantias suficientes de segurança dos dados dos clientes e que não se explicou de forma razoável. O resultado? Uma multa de exatos R$ 1.508.240,00, embora a empresa possa apelar da decisão.

Prejuízo em dobro?

Além deste revés, vale lembrar que o serviço de delivery pode sofrer ainda mais prejuízos. Logo após o ocorrido, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) reivindicou por uma compensação financeira aos estabelecimentos afetados no evento.

“Além dos óbvios prejuízos financeiros, que esperamos que sejam compensados pelo aplicativo, e de imagem para os estabelecimentos, o que chama a atenção é a fragilidade demonstrada. Menos mal que a resposta tenha sido rápida, identificando e resolvendo o problema antes que os prejuízos se avolumassem”, disse a entidade um dia após o ocorrido.

Resta saber quais serão os próximos episódios desta novela, que pode ter um desfecho ainda pior para a plataforma de delivery.

Fonte: Uol/Abrasel

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