[Preview] Under the Waves é uma contemplativa expedição de autodescoberta

Mergulhar no desconhecido e vasto fundo do mar é um conceito que pode assustar as pessoas. Nunca se sabe o que você vai encontrar em um local submerso, escuro e isolado… mas ao mesmo tempo, a ação pode simbolizar a expedição pela autodescoberta e a profunda busca por um propósito — especialmente quando estamos lidando com a força arrebatadora do luto.

Foi esse sentimento que Under the Waves deixou em mim quando terminei de testar sua demonstração no Summer Game Fest: Play Days. O game está sendo desenvolvido pelo Parallel Studio e publicado pela Quantic Dream (de Heavy Rain, Beyond: Two Souls e Detroit: Become Human), e foi possível jogá-lo por trinta minutos. Confira a prévia do blog KaBuM!!

Aventura poética focada em narrativa

Under The Waves é um jogo de aventura poética focada em narrativa. De acordo com os desenvolvedores, a trama gira em torno do sentimento de luto do mergulhador profissional Stan, que está lutando para superar o trauma de uma perda enquanto tenta abraçar um novo futuro. A história se passa em 1979, em uma realidade tecnofuturista.

“O isolamento em águas profundas é uma manifestação adequada de seu estado de espírito e, à medida que Stan mergulha ainda mais em sua autoimposta solidão, ele começa a experimentar eventos estranhos debaixo das ondas do mar. Eventualmente, [o protagonista] terá de fazer uma escolha difícil”, explica o Parallel Studio.

Os personagens, em especial, parecem desenhados com efeitos de aquarela, o que aproxima ainda mais os elementos artísticos dos narrativos de uma forma delicada. Afinal, você controla Stan e precisa guiá-lo através de uma série de eventos e imprevistos que o farão mergulhar cada vez mais fundo no abismo — onde deverá encarar o “reflexo de sua própria psique”.

O game é também “uma carta de amor aos oceanos”, pois além de apresentar um mundo subaquático realmente bonito que se mescla a um “visual cinematográfico e uma narrativa comovente”, também está sendo feito em parceria com a Surfrider Foundation Europe para apoiar a preservação dos oceanos. Por isso, espere contemplar um belíssimo ecossistema subaquático, incluindo a vida selvagem do mar.

Jogabilidade e mecânicas coerentes com a proposta

A demonstração que joguei serviu basicamente para apresentar os controles e mecânicas. Depois de Stan acordar e começar sua rotina (matinal?) de escovar os dentes e tomar café, ele liga para uma pessoa chamada Tim que, após trocar algumas palavras com o protagonista, lhe fornece instruções para as próximas tarefas. Interessante que, enquanto os diálogos ou cinemáticas estão acontecendo, você pode alternar o ângulo da câmera.

Assim sendo, é hora de levar Stan para um mergulho. O objetivo é basicamente realizar uma inspeção rotineira de instalações próximas. Ao realizar essas tarefas, aprendi que Stan pode mergulhar em qualquer direção ou ficar de pé em algumas superfícies firmes, além de interagir com válvulas, apanhar objetos que flutuam e abrir escotilhas.

Uma mecânica importante é a de scan, que permite um reconhecimento do ambiente ao redor. Você pode ativar esse recurso a qualquer momento para entender onde os itens estão localizados ou ter uma noção melhor de nível de profundidade em que está. Por sinal, é necessário se atentar também ao oxigênio de Stan.

O oxigênio é representado por uma barra lateral que vai se esvaziando conforme você continuar nadando. Felizmente, quando o ar estiver acabando, você ouvirá um apito irritante e poderá utilizar o item de recuperação para encher novamente seu tanque. Por último, mas não menos importante, existe ainda uma espécie de submarino compacto que Stan pode controlar para se locomover mais rápido e alcançar superfícies ainda mais profundas.

Não existem grandes segredos em se tratando de gameplay e mecânicas, mas realmente fiquei encantada com o nível de atenção aos detalhes. Todos os comandos fazem pleno sentido com a proposta do jogo. Além disso, enquanto controlava Stan e seguia realizando os pequenos objetivos da inspeção, pude ouvir o protagonista conversando consigo mesmo.

Stan é um tipo de personagem que expressa seus pensamentos em voz alta — o que pode ter a ver com o fato de ele estar sozinho e isolado no fundo do mar, claro. Ainda assim, quanto mais tempo se passava, mais eu percebia que ele divagava, com raciocínios que iam cada vez mais longe. Em determinado momento, porém, achei gracioso quando ele simplesmente desatou a cantarolar enquanto executava uma ação.

A demonstração de Under The Waves

O que deveria ser uma inspeção rotineira, porém, acaba se tornando uma aventura fantástica que me fisgou em um piscar de olhos. Após investigar um contêiner que acaba caindo em uma fenda aquática, Stan prossegue em seu veículo para uma área ainda mais profunda do mar.

Nesta região, ele encontra um submarino de guerra, danificado e naufragado. Fascinado com a descoberta, ele decide investigar o navio de guerra. Em seu interior, encontra não apenas artefatos e peças da história, como também a luz inebriante de uma água viva.

A criatura guia Stan dentro do submarino até a presença de uma misteriosa silhueta iluminada, familiar para o protagonista. O contato com a hipnotizante figura apresenta um vislumbre do trágico passado que o protagonista viveu. E após este momento, ele retorna para sua base aquática, deixando mais perguntas do que respostas.

Felizmente, elas não devem demorar a chegar, pois Under the Waves será lançado em 29 de agosto de 2023 para PC (via Steam e Epic Games Store), Xbox One, PlayStation 4, Xbox Series X|S e PlayStation 5.