[Preview] ‘The Division: Resurgence’ pode revitalizar shooter da Ubisoft no mobile
Desenhado para os smartphones, ‘Resurgence’ sofre com algumas inconsistências de controle, mas título está bem bonito e fluidoBy - Rafael Arbulu, 12 junho 2023 às 15:15
Quando o assunto é jogo para celular, existe uma imensa disparidade entre os títulos mais casuais, os Genshin Impacts da vida e Call of Duty Mobile. Todos têm seus méritos, obviamente, mas há que se reconhecer que o espaço não tem o mesmo reconhecimento dos consoles de mesa e dos PCs.
Neste contexto, a Ubisoft tenta se reinserir como mais um player de peso com Tom Clancy’s The Division: Resurgence, a nova iteração da franquia de tiro tático da publisher francesa, desta vez nos dispositivos de bolso. A empresa gentilmente concedeu ao blog KaBuM! o acesso antecipado ao beta que se abrirá amanhã (13) e você confere a seguir as nossas primeiras impressões.
Antes de tudo, é importante contextualizarmos: The Division: Resurgence será um jogo free to play (baixar de graça) que mescla elementos de MMO com uma campanha single player bastante robusta. Desenvolvido dentro da Unreal Engine 4, o título traz variações gráficas bem fluidas – transições dinâmicas de dia para noite, exibição de elementos climáticos como chuvas, poeira ou fumaça…e uma narrativa que, por mais genérica que possa ser, serve bem para um jogo de tiro cadenciado como esse.
Essencialmente, os EUA foram às favas: após uma situação que rendeu a dispersão de um vírus, basicamente uma violenta anarquia se instalou – governos caíram, autoridades foram desafiadas e pessoas comuns formaram grupos e milícias, em um “cada-um-por-si” onde a sobrevivência a todo custo é a lei vigente.
Neste ínterim, você assume o papel de um dos agentes do SHD – a “divisão” titular do jogo. Resurgence se passa entre os eventos de The Division e The Division 2 e, segundo a Ubisoft, “oferece uma perspectiva única” dos eventos dos três jogos. Ao início da partida, uma cena de corte resume os eventos – o vírus chamado “Green Poison” (“Veneno Verde”) foi disseminado por um terrorista que infectou as notas de dólares e sistemas de distribuição monetária. Como todo mundo em algum momento mete a mão em dinheiro vivo, todo mundo se infectou.
Na nossa build, a missão primária era a de resgatar e escoltar pessoas de alta importância de um ponto a outro, limpando o caminho de potenciais ameaças. Genérico? Sim, mas não precisamos lembrar que isso é uma build de teste – um recorte bastante específico do jogo. E como The Division leva a assinatura do escritor de ação Tom Clancy, certamente haverá mais da história.
Nesta missão, somos apresentados à mecânica básica de jogo: você progride em perspectiva de terceira pessoa e visão sobre ombros, se movimentando pelos cenários de cobertura em cobertura, correndo a toda velocidade e enfrentando ondas de inimigos com uma inteligência artificial (IA) suficientemente avançada para propor algum desafio. Nada muito complicado, mas foi bom ver que os oponentes se preparam estrategicamente para lhe derrubar – o jogo faz alguns deles manterem o fogo aberto em você enquanto outro grupo se destaca e tenta contornar sua posição, vencer suas coberturas ou forçar sua saída com explosivos.
Achei isso bem positivo, já que facilmente – e por ser um jogo mobile antes de tudo – seria fácil a Ubisoft cair no chavão “cobertura-atira-cobertura-atira” e manter inimigos parados como alvos fáceis. De novo, não é nenhum “Dark Souls de tiro”, mas você vai ter que ter uma certa adaptabilidade e pensamento rápido.
No restante, o jogo se comporta como qualquer outro título de ação em terceira pessoa: você tem classes de combate – uma sendo o “tanque” hiper defensivo, outra especializada em explosões, uma médica e uma mais generalista e atiradora. Cada uma com suas habilidades acionáveis conforme você vai ganhando níveis ao participar de combates PvE (jogador versus IA) e PvPv/PvPvE (jogador contra jogador/equipe de jogadores contra a IA). Conforme você derruba oponentes, alguns podem deixar equipamentos e itens que você coleta e aprimora seu próprio loadout.
Bons gráficos de ‘Resurgence’ não deixam esquecer que é um jogo de celular
Para um jogo desenvolvido dentro da Unreal Engine 4, The Division: Resurgence tem uma lista bem ampla de aparelhos compatíveis. Nosso teste foi feito em um Galaxy S23 – a versão básica, não a Ultra – mas a Ubisoft contemplou aparelhos de toda a sorte, desde iPhone XS, iPad Mini de quinta geração até smartphones Android equipados com Snapdragon 8 de segunda geração e tudo o que couber nesse meio.
Entretanto, se por um lado há a vantagem de contemplar uma massa bem grande de jogadores em potencial, por outro os visuais do jogo invariavelmente vão se exibir apenas “dentro da média”.
O jogo não é feio – longe disso: o dinamismo dos efeitos ambientais realmente mostram que o mercado mobile tem tudo para ser uma plataforma tão poderosa quanto os consoles, dadas as devidas proporções. Mas nos momentos mais intimistas – zoom nos modelos dos personagens, poucos detalhes nas armas…a coisa destoa um pouco, parecendo…”básica”. Em alguns momentos, talvez por priorizar a ação, ficam perceptíveis falhas como “ombros quadrados” ou renderizações ruins. Há segundos em que tudo parece um jogo do primeiro PlayStation.
Obviamente, estamos falando de um trabalho ainda em desenvolvimento e, dando uma colher de chá para a Ubisoft, muita coisa pode mudar e melhorar até o lançamento.
Os controles precisam de ajustes
Um ponto que me incomodou foram os pontos mais finos dos controles: de uma forma geral, eles funcionam bem, mesmo que em uma tela sensível ao toque. Você corre, salta obstáculos, atira, se movimenta para os lados, controla a câmera com os dois dedos…tudo isso vem de forma simples tal qual se espera de um jogo para celular.
É na cobertura que, frequentemente, o problema se sobressai: Resurgence tem um sistema que permite que você escolha entre cobertura acionável (onde você tem que apertar um botão dedicado para se proteger) ou cobertura automática (onde você se cobre sozinho ao passar perto de um obstáculo): o primeiro atrasa a sua reação e você toma uns tiros de graça, enquanto o segundo lhe protege de danos primários, mas LITERALMENTE TODA SUPERFÍCIE vai “puxar” seu personagem…às vezes, você “se cobre” em um obstáculo que nunca teve intenção de usar, ou que lhe coloque em posição desfavorável contra uma leva de inimigos na tela.
No modo PvE ou na campanha single player, isso não faz tanta diferença, já que os danos dos disparos inimigos é relativamente minimizado para priorizar o progresso e a história do jogo. Mas imagine uma partida multiplayer, onde o nível dos jogadores é mais incisivo e a competição, mais acirrada. Já seria complicado sem esses problemas, imagine se ver sendo morto por causa de falhas de controle…
Uma teoria que temos – mas que não conseguimos testar, infelizmente – é a de que isso tudo pode ser minimizado com o uso de um joystick dedicado para smartphones. Felizmente, a oferta desse tipo de acessório é relativamente barata, com itens indo de R$ 25 a R$ 50 ou, se dinheiro não lhe for um problema, há modelos acima de R$ 100 com conexão bluetooth e outras benesses.
‘Resurgence’ será um ótimo concorrente, depois de passar um pente fino…
Ao final de tudo, a experiência de jogar Tom Clancy’s The Division: Resurgence foi satisfatória. Embora os erros tenham se sobressaído demais para o meu gosto, não deixou de ser uma partida divertida e cadenciada. Até onde jogos de ação no celular conseguem ir, este é um que cumpre bem o seu papel.
Se a Ubisoft revisar – e aprimorar – os pontos negativos abordados aqui, quem sabe…talvez Resurgence se torne um dos principais jogos mobile ao ser bastante abrangente para quem só quer protagonizar uma boa história de ação e também quem valoriza o desafio multiplayer.
The Division: Resurgence ainda não tem uma data definitiva de lançamento, mas ele já se encontra em pré-registro tanto no Android como no iOS.
Comentários