Que o disco rígido (HD) está sendo amplamente dominado pelo disco de estado sólido (SSD), é algo indiscutível: quer dizer, basta olhar os números para perceber que a forma como armazenamos nossos dados localmente vem mudando há anos. 

No entanto, ninguém de fato antecipava o “fim” propriamente dito do HD, ao menos, não até hoje: de acordo com Shawn Rosemarin, vice presidente de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Pure Storage, o antigo formato já tem até prazo certo para acabar: o último HD será vendido em 2028.

HD de computadores antigos

Imagem: Patrick Lindenberg/Unsplash

Pelo bem da transparência, é importante ressaltar que a Pure Storage é uma empresa que vende exclusivamente SSDs, então é óbvio que há um interesse comercial nas afirmações dela. Entretanto, o motivo para uma previsão tão astuta pode ser diferente do que você imagina, segundo o próprio executivo explicou:

“[Cerca de] 3% da energia do mundo vem de data centers. Cerca de um terço disso corresponde ao armazenamento. Hoje, quase tudo dele envolve o giro de um disco. Se pudermos eliminar isso, e mover tudo para memória flash, reduzir o consumo energético para 80% ou 90% enquanto movermos densidade por ordens de magnitude em um ambiente onde o preço dos conectores NAND continuam a cair, tudo aponta para a evidência do fim do HD.” – Shaun Rosemarin, VP de P&D da Pure Storage

Muito bem, vamos tirar um pouco do “tecniquês” aqui: essencialmente, os centros de processamentos de dados correspondem a 3% do gasto de energia do mundo. E um terço disso envolve o armazenamento, que nos data centers, é majoritariamente composto de discos rígidos.

Discos rígidos (HDs), funcionam (de uma forma bem resumida) por um controlador de disco que “entende” o comando de gravação de dados de um sistema operacional, como o Windows, por exemplo. Quando você quer salvar alguma coisa – digamos, uma foto ou vídeo – esse controlador “escreve” o local onde essa mídia está armazenada em um disco magnético dentro do HD. Assim, quando você precisar abrir o arquivo novamente, o controlador vai diretamente para aquele “lugar” onde ele foi escrito.

O problema: quanto mais arquivos, mais movimentos do controlador, mais comandos a serem lidos, entendidos e escritos. E como o HD é conectado ao computador, que por sua vez é ligado na fonte elétrica (vulgo “tomada” ou bateria, no caso do notebook), isso gera um consumo energético.

O SSD, no entanto, não tem partes móveis (daí o “estado sólido” do nome) e funciona de uma forma diferente, eliminando a necessidade dos discos e gravando as informações em chips de memória flash que podem ser acessados posteriormente de maneira eletrônica.

Ok, realmente fugindo do “tecniquês”, basta saber que o funcionamento do SSD não é só mais rápido, mais seguro e mais durável, mas também consome bem menos energia. Efetivamente, ele se torna uma opção mais interessante a longo prazo que o HD: não só o produto é melhor, mas o gasto dele é menor e ele traz mais confiabilidade.

O problema mais urgente nisso, como tudo na vida, é “dinheiro”: atualmente, o maior HD que você pode usar em um computador pessoal é Red Pro Sata III de 22 terabytes (TB) de espaço, da Western Digital. Atualmente, você consegue importar um por US$ 500 (R$ 2460,60 mais os impostos e tarifas).

Já o maior SSD disponível hoje – um EDDCT100 da ExaDrive – chega a 100 TB de espaço…mas tem o preço pornográfico de US$ 40 mil (R$ 196,85 mil). Obviamente, pagar o preço de um apartamento pequeno em um componente de hardware que, literalmente, cabe na palma da mão, não é a mais atraente das propostas.

Entretanto, uma análise de linha do tempo da TrendForce identificou uma tendência de queda de preço nos SSDs, e isso não vem desacelerando, mas sim ampliando. Na prática, os preços não só já caíram bem, como cairão mais, e por mais tempo: a estimativa para 2023 é de uns 15% a menos ao longo do ano.

Ou seja, considerando mais uns cinco anos de tendência de queda de preço, ao mesmo tempo em que custos do uso dos SSDs é reduzido e apresentando melhor desempenho técnico, é seguro afirmar que sim, os dias do HD estão fatalmente contados.

Agora, se isso vai acontecer exatamente em 2028 é que é o “chute”, certo? Só nos resta mesmo esperar para ver.

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