Meta pode fracassar com o metaverso, dizem especialistas
Mudança de nome para Meta e investimento no metaverso podem não salvar o Facebook do fracasso, afirmam especialistasBy - Renata Aquino, 2 dezembro 2021 às 19:49
A Meta pode fracassar com o metaverso caso não permita a posse de itens digitais. Essa é a opinião de especialistas do mundo virtual em debate no evento #ReutersNext.
A empresa, anteriormente chamada Facebook e dona da rede social de mesmo nome, anunciou que pretende reformular suas operações para o metaverso.
Com poucas mudanças desde o anúncio da mudança de marca, a equipe de Mark Zuckerberg não convenceu especialistas.
“O que o Facebook está fazendo com a Meta é um ‘falso metaverso’, a não ser que tenham uma descrição real de como podemos dominá-lo”, disse Yat Siu, presidente e cofundador da Animoca Brands, empresa que investe e constrói plataformas para o metaverso. “Até então, é como a Disneylândia. É um lugar lindo para estar, mas provavelmente não queremos morar lá. Não é o tipo de lugar onde se pode construir um negócio.”
Para Siu, ter a propriedade de itens é fundamental para melhorias e novos caminhos para produtos e comércio.
No metaverso, terras e acessórios digitais são vendidos com tecnologia blockchain, como os NFTs (itens digitais únicos autenticados). Um terreno na Decentraland foi vendido por US$ 2,4 milhões no final de novembro. Já o mercado de NFTs gerou vendas de US$ 10 bilhões entre julho e setembro, de acordo com o DappRadar.
O Facebook foi contatado pelos organizadores do evento para responder aos comentários dos debatedores, mas não se manifestou.
Para o pioneiro do metaverso, Benoit Pagotto, cofundador da empresa digital de sapatos esportivos RTFKT, a propriedade abre espaço para mudar os papéis das marcas e dos consumidores.
O mundo real pode ser tomado pelo metaverso
“É uma grande mudança (no modo) como o relacionamento entre negócios, criatividade e consumo funciona”, disse no evento. “Um produto não é um item final. Você precisa pensar como continua a atualizá-lo”, disse. “É muito mais fluido. Acho que o mundo real logo ficará tomado por isso, pois as possibilidades de interação em um mundo digital são muito mais profundas.”
Ao mesmo tempo, ainda é um desafio a regulamentação do metaverso e do conceito de propriedade digital.
“Causa algumas dores de cabeça às pessoas que trabalham com leis tentar reconciliar o vocabulário com o que está acontecendo de fato”, disse Sophie Goossens, advogada sócia do escritório de mídia e tecnologia Reed Smith, em Londres.
“Propriedade em termos legais quer dizer algo… (geralmente) um monopólio sobre um recurso que é reconhecido pelo Estado”, ela disse. “O tipo de direitos que estão sendo garantidos pela posse digital de um NFT é um pouco diferente. Você não tem o direito de controlar totalmente o item que você possui como um NFT.”
Ainda assim, o metaverso continua em destaque, especialmente no mundo de jovens que já consomem games e moda.
“Veremos uma mistura de itens digitais aparentemente fazendo parte de nossos ambientes reais”, disse Natalie Johnson, fundadora do Neuno, um mercado novo de marcas de moda NFTs. “Não é preciso ser um gamer hardcore para fazer parte dessa nova tecnologia. Ela será para todos.”
Comentários