As expectativas de crescimento para o mercado de jogos brasileiros são promissoras. No ano passado, os 20 estúdios atrelados à Associação Brasileira de Games (Abragames) publicaram a somatória de 20 jogos; para este ano, o montante deve crescer ainda mais.

De acordo com Rodrigo Terra,  presidente da Associação, a expectativa é de aumento de 50% para 2023 — ou seja, ao menos 30 jogos nacionais devem chegar ao mercado este ano.

“Os estúdios estão aquecidos e este será um ano de muitos lançamentos”, afirmou.

Isso se deve especialmente por conta do total de estúdios desenvolvedores de jogos eletrônicos brasileiros, que também deve crescer.

Segundo estimativas da Abragames, divulgada por meio da 1ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), existem hoje 1.009 estúdios nacionais em atividade. Em 2018, a estimativa do total de estúdios brasileiros era de 400.

Com essa movimentação, espera-se naturalmente que não apenas o mercado ganhe robustez — seja em termos tecnológicos ou em expertise de profissionais —, mas também que os empregos na área aumentem.

Videogames (2)

Imagem: Kamil S/Unsplash

Terra prevê que os estúdios existentes irão crescer e, portanto, demandarão “uma onda de novas contratações” as quais estarão espalhadas pelo Brasil como um todo.

Corrobora com esse pensamento Eliana Russi, diretora internacional da Abragames. Para ela, o atual momento dos estúdios brasileiros é de maturação e expansão. “As empresas nacionais estão maiores e desenvolvendo jogos cada vez mais complexos. Em comparação com anos anteriores, será natural que tenhamos uma diminuição no número de empresas sendo abertas, já que as existentes estão abrindo mais vagas de trabalho para a produção de jogos próprios.”

Mercado de jogos brasileiros x incertezas econômicas

Nos últimos anos, o mercado de games brasileiro deu uma boa acelerada. De acordo a NewZoo, especializada na análise de dados e mercado de games, o Brasil se tornou o quinto maior mercado global em número de jogadores em 2022 (101 milhões, no total) e um dos mercados de jogos que mais cresce na América Latina, com uma receita gerada de 2,7 bilhões (ocupando o 10º lugar no ranking mundial).

Segundo a Abragames, o crescimento exponencial teve algumas motivações, a começar pela pandemia, que permitiu mais pessoas em casa e mais jogadores de plantão.

A mudança no entendimento do público sobre o que os games significam também contribuiu com o aumento no interesse por jogos e, consequentemente, maior interesse da indústria global em investir no mercado, bem como de profissionais brasileiros.

KaBuM! na Brasil Game Show

Imagem: divulgação/Brasil Game Show

Em última instância, os investimentos também resultaram em mais parcerias realizadas entre grandes empresas estrangeiras e estúdios locais para o desenvolvimento externo (XD). Além disso, a forte presença das desenvolvedoras nacionais nos principais eventos do mundo — como Gamescom, GDC —, além dos eventos nacionais, como a BGS e o BIG Festival, também contribuiu para mostrar que o mercado local estava (e ainda está) aquecido.

Apesar dos bons frutos dos últimos anos, bem como as previsões positivas para 2023, Terra ressalta que é preciso lembrar: o ano será de incertezas econômicas, tanto nacionais quanto globais, e isso eventualmente afetará também o mercado de games.

Ademais, com a guerra na Ucrânia, a restrição do consumo de jogos na China – um dos maiores mercados consumidores do mundo –, a procura por aquisições de gigantes do mercado e as dificuldades pós-pandemia na produção de tecnologias essenciais para o desenvolvimento de games, não é difícil concluir que o impacto no preço dos games em âmbito global será grande.

Considerando os fatores acima, somados à atual situação econômica do Brasil, a previsão da Abragames é de que o valor desembolsado pelos consumidores brasileiros também sofrerá reajustes – apesar da Associação não ter mencionado mais dados sobre a expectativa.

Mudança de gestão

Em 2023, com o início de um novo governo federal, as pautas que já vinham sendo trabalhadas em anos anteriores podem entrar em vigor, como o Marco Legal dos Games, que está em fase de aprovação do Senado e deve mudar a forma como o desenvolvimento de jogos eletrônicos é visto no Brasil.

Para Carolina Caravana, vice-presidente da Abragames, a aprovação do Marco é um passo importante para a regulamentação da indústria nacional, mas ressalta que ainda há muitas mudanças a serem feitas.

“A Abragames defende melhorias no texto para que represente ainda mais o que o mercado de desenvolvimento de games entende como essencial, como diminuir as burocracias para a importação de materiais, maior assistência regional e federal aos estúdios, e incentivos que ajudem na entrega de jogos de todos os gêneros. Com a redução das despesas e consequente diminuição de custos de desenvolvimento, acreditamos que os jogos podem ser mais acessíveis a todos os públicos.”

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