Liberdade de Assange ganha apoio bilateral no Congresso dos Estados Unidos
Republicana pró-Trump e democrata ativista estão entre os 16 membros do Congresso que escreveram a Joe Biden: "pedimos que você garanta que esse caso seja encerrado o mais rápido possível"By - Liliane Nakagawa, 17 novembro 2023 às 15:33
Enquanto Julian Assange ainda permanece na prisão de Belmarsh, em Londres, a luta contra a extradição do fundador do WikiLeaks continua. Desta vez, o apoio surgiu de ambos os lados do Congresso norte-americano. Em carta a Joe Biden, o grupo formado por republicanos e democratas pressiona para que os Estados Unidos desistam da perseguição ao jornalista australiano.
A republicana Maga e ferrenha apoiadora de Trump, Marjorie Taylor Greene, e a democrata de esquerda Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), estão entre os 16 membros do Congresso que escreveram diretamente ao presidente Joe Biden pedindo que os EUA desistam das tentativas de extradição e interrompam imediatamente qualquer processo judicial.
“É dever dos jornalistas buscar fontes, inclusive provas documentais, para informar o público sobre as atividades do governo”, afirma a carta a Biden, noticiada primeiramente pelo jornal Nine. “Os Estados Unidos não devem entrar com uma ação judicial desnecessária que corre o risco de criminalizar práticas jornalísticas comuns e, assim, esfriar o trabalho da imprensa livre. Pedimos que você garanta que esse caso seja encerrado o mais rápido possível.”
Embora o grupo leve a mesma mensagem usada por líderes de Estado, grupos de mídia, associações de direitos humanos e apoiadores do jornalista, o grupo ainda advertiu que a continuação da perseguição a Assange coloca em risco o relacionamento bilateral dos Estados Unidos com a Austrália.
Em setembro, uma delegação multipartidária de parlamentares australianos, que incluía o ex-vice-primeiro-ministro Barnaby Joyce, a independente Monique Ryan, os senadores dos Verdes David Shoebridge e Peter Whish-Wilson, o conservador Alex Antic e o trabalhista Tony Zappia, viajou para os Estados Unidos para se reunir com representantes norte-americanos sobre o caso de Assange.
O grupo esperava obter o apoio dos legisladores norte-americanos na tentativa de fazer com que a perseguição a Assange fosse suspensa antes da visita oficial do primeiro-ministro Anthony Albanese a Washington.
Nos últimos meses, o governo de Albanese tem se mostrado mais proativo do que seus antecessores ao pressionar pela liberdade de Assange, no entanto, os apelos têm sido rejeitados pela administração Biden até o momento.
Assange é premiado mais uma vez por contribuição ao jornalismo
Na quarta-feira (15), o jornalista recebeu o prêmio Ossietzky Prize (Ossietzkyprisen), concedido pela seção norueguesa da P.E.N., por contribuições notáveis à liberdade de expressão. O prêmio leva o nome do escritor e ganhador do Prêmio Nobel da Paz Carl von Ossietzky e foi entregue à advogada e esposa do australiano, Stella Assange.
WikiLeaks publisher Julian Assange was on Wednesday awarded another prize for journalism, “in recognition of his critical journalism and commitment to exposing abuse of power and war crimes” #FreeAssange @PEN_Norway #OssietzkyPrize #FreeAssangeNOW pic.twitter.com/yOzbK5LCQe
— Defend Assange Campaign (@DefendAssange) November 17, 2023
Desde abril de 2019, Assange permanece na prisão de Belmarsh, em Londres, enquanto luta contra a tentativa dos EUA de extraditá-lo para enfrentar 17 acusações — incluindo a Lei de Espionagem, usada pela primeira vez na história contra um jornalista.
As acusações estão relacionadas à publicação de centenas de milhares de documentos vazados pelo WikiLeaks sobre abusos cometidos pelos norte-americanos nas guerras do Afeganistão e do Iraque, bem como de telegramas diplomáticos, em 2010 e 2011.
Com informações The Guardian e Defend Assange
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