Uma decisão da Comissão de Comunicações Federais (FCC) dos Estados Unidos ampliou o banimento de empresas chinesas e russas do mercado de telecomunicações norte-americano: agora, além de Huawei e ZTE, outras oito empresas estão proibidas de vender produtos deste setor – bem como empresas americanas estão proibidas de requisita-los.

A FCC colocou o assunto em votação na última sexta-feira (25), obtendo uma decisão unânime favorável ao banimento: foram quatro votos a zero em favor da proibição, sob alegação de que a presença de tais empresas no mercado estadunidense configura uma “ameaça à segurança nacional.”

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Imagem: Shutterstock

Além de Huawei e ZTE, também foram barradas:

  • Hytera
  • Hikvision
  • Dahua
  • Kaspersky Lab
  • China Mobile
  • China Telecom
  • Pacific Network/ComNet
  • China Unicom

A maior parte das banidas corresponde a operadoras de telefonia, mas há algumas companhias que atuam no setor de vigilância e segurança digital – de todas, talvez a maior surpresa seja a Kaspersky: a conhecida empresa de softwares de proteção e defesas contra ataques hacker pela internet é a única russa dos nomes citados acima.

É importante ressaltar que, embora o banimento proíba novas compras, ele não torna obrigatória a remoção ou devolução de materiais adquiridos previamente à votação.

De acordo com porta-vozes da Hikvision, a decisão é errada e ilegal, e não apenas não vai proteger os interesses de segurança nacional dos EUA, como também tornará o comércio de pequenas e médias empresas americanas, escolas, autoridades locais e até empreendedores individuais mais complicado e mais caro.

Huawei, Hytera, Dahua e ZTE não quiseram comentar o caso neste momento, mas vêm há meses brigando na Justiça contra o banimento, inclusive protestando publicamente contra a decisão nas redes sociais.

A situação com a Kaspersky, especificamente, vem se formando desde setembro: naquele mês, a FCC já havia formalizado a intenção de um banimento, indeferindo a decisão de impedir o uso de softwares da empresa russa por parte do Departamento de Defesa, da Administração Nacional de Aeronáutica e do Espaço (NASA) e da Administração de Serviços Gerais.

A premissa afirma o medo de que o governo russo utilizasse programas da Kaspersky para acessar sistemas norte-americanos, uma acusação levantada em 2017 pelo próprio Wall Street Journal, que publicou uma reportagem, na época, mostrando como a gestão de Vladimir Putin havia feito justamente isso em outros países.

Todo o caso promete jogar “água fria” nas conversas recentes entre os presidentes norte-americano (Joe Biden) e chinês (Xi Jinping). Ambos tiveram encontros amistosos na primeira quinzena de novembro, onde ambos discutiram formas de “prender o descontrole” das relações entre China e EUA, bem como encontrar formas de cooperação em áreas comuns – o aquecimento global, por exemplo.

Entretanto, membros do governo chinês afirmam que o ônus dessa restauração de relações é de responsabilidade dos EUA, que devem respeitar os interesses comerciais chineses se desejar de fato a retomada das conversas internacionais mais positivas.

A FCC não comentou o caso além da divulgação de sua decisão.

via Wall Street Journal (1) (2)

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