Redfall nem deveria ter sido lançado, caso a vontade dos desenvolvedores do jogo dos estúdios Arkane e da Bethesda Softworks fosse ouvida pela Microsoft. Segundo relatos de profissionais atuais e também ex-membros da equipe – ouvidos pela Bloomberg – o jogo, desde o seu início em 2018, sofreu de falta de clareza em seu direcionamento, com a ideia primária sendo a de “criar um game multiplayer da Arkane”.

A matéria ainda afirma que o time completo de Redfall era constantemente reduzido, sempre trabalhando abaixo da capacidade pessoal que um projeto desta magnitude exige, com o escritório do estúdio em Austin, Texas, fazendo o que podia com apenas 100 pessoas no staff e a parte terceirizada tendo praticamente zero apoio da Bethesda. Com a aquisição da ZeniMax – dona da publisher – em março de 2021, a expectativa dos devs do jogo era a de que a fabricante do Xbox cancelasse o projeto depois que visse a bagunça, o que não aconteceu.

Redfall

Imagem: Bethesda Softworks/Divulgação

Como você mesmo viu em nosso review, Redfall é o mais recente “tiro no escuro” que a Microsoft e a Bethesda deram, no sentido de que criaram toda uma expectativa para o jogo (ao ponto de ele ser a surpresa de um showcase das duas empresas há alguns anos), mas cuja a entrega foi, na falta de uma palavra melhor, decepcionante.

Como é o caso com a maioria dos jogos cujo processo de desenvolvimento tem turbulências bem grandes, tudo indica que o título da Arkane estava fadado ao fracasso. Pela Bloomberg, vários desenvolvedores que não tinham interesse em fazer um game multiplayer pediram demissão, acompanhados de outros especialistas que achavam que o projeto – por imposição da Bethesda – estava se desviando demais do “DNA” do estúdio, que é mais conhecido por aventuras lúdicas e gameplay estratégico, como a franquia Dishonored.

Piorou a situação o fato de que Austin não é a mais simples das localizações, falando em termos trabalhistas, e o salário oferecido para as vagas abertas era menor que a média da indústria, efetivamente gerando dois problemas: de um lado, um time insatisfeito vai perdendo mais e mais profissionais, enquanto de outro, gente que estava disponível para contratação não se sentia atraída para repor essas lacunas.

Mais além, a ZeniMax, dona da Bethesda na época, insistia que Redfall deveria ter conteúdos de “jogos como serviços” (Game-as-a-Service, no jargão técnico), por achar que seu catálogo necessitava de uma capacidade de gerar receita após o lançamento. Ou seja, microtransações – um assunto bastante problemático para a maior parte do público gamer.

A ideia foi abandonada em 2021, mesmo ano em que a Microsoft entrou em cena. A partir daí, era desejo dos desenvolvedores que restaram que o desenvolvimento de Redfall fosse terminantemente cancelado ou, ao menos, reiniciado como um projeto single player mais próximo do que os estúdios Arkane estavam habituados a fazer.

O ocorrido, no entanto, foi outro: o próprio chefe global da marca Xbox, Phil Spencer, reconheceu que a Microsoft “pisou no tomate”, como diz a expressão, ao adotar uma abordagem mais liberal na criação do jogo. Essencialmente, eles deixaram a gestão continuar agindo como já o vinha fazendo, e o resultado foi um jogo bem fraco, com 56 pontos (de 100) para a crítica especializada e nota 3,6 (de 10) para opiniões de usuários, segundo o Metacritic.

Redfall agora deverá receber atualizações de conteúdo e correções de bugs, junto de alguns aprimoramentos cosméticos (incluindo um muito exigido “Modo Performance” no Xbox Series X, para os ávidos da alta taxa de quadros e gráficos mais que definidos), mas no que tange à melhoria de apresentação do jogo, ele ainda é uma incógnita.

A Bethesda não comentou a reportagem.

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