Existe “ato falho”, e existe “erro monumental” – e a Sony cometeu o segundo: de acordo com uma série de documentos mal editados, a gigante japonesa acabou revelando, sem querer, dados que sempre brigou para manter em sigilo. Especificamente, os custos de desenvolvimento de Horizon Forbidden West e The Last of Us Parte 2.

Mais além, a mesma documentação também ressaltou a importância da franquia Call of Duty para os produtos PlayStation: tempo de engajamento dos jogadores, volume de vendas por plataforma…tudo porque a documentação apresentada pelo CEO Jim Ryan, embora censurada à caneta, acabou mostrando as informações na hora de ser escaneada. Então, vamos por partes:

Horizon Forbidden West, exclusivo da Sony

Imagem: Sony/Divulgação

Call of Duty deu ganhos bilionários ao PlayStation

Começando por Call of Duty, a documentação apresentada revelou alguns dados bem interessantes: em 2021, a Sony contabilizou aproximadamente 21 milhões de jogadores que curtiam o game de tiro da Activision em alguma plataforma PlayStation – seja PS4 ou PS5. Destes, 14 milhões dedicaram “pelo menos 30% do seu tempo”, 6 milhões jogaram por 70% do tempo e 1 milhão, 100%.

A papelada não entra nesse volume de detalhe, mas isso nos permite especular algumas coisas: especificamente no PlayStation, em 2021, a maior parte dos jogadores de Call of Duty pode ter sido a turma adulta – convenhamos, 30% do seu tempo disponível em jogos deve ser algo dividido em outras obrigações, como o trabalho ou a família, por exemplo. Estranhamente, apenas seis milhões devem consistir de pessoas mais jovens – filhos adolescentes ou jovens adultos, por exemplo, teriam as responsabilidades escolares/universitárias, mas menos tempo de quem, digamos, esteja estabelecido no mercado de trabalho.

Outra informação – esta mais importante ainda – é o volume financeiro que Call of Duty traz ao PlayStation: a Sony estima que, em 2021, a franquia rendeu à fabricante japonesa algo em torno de US$ 800 milhões (quase R$ 3,89 bilhões) nos EUA. Globalmente, o número quase dobra: US$ 1,5 bilhão (R$ 7,29 bilhões).

No investimento por parte do jogador – ou seja, pessoas que compram skins, itens e expansões de conteúdo da franquia – a Sony faturou US$ 13,9 “ou” US$ 15,9 bilhões. O “ou” vem do fato dessa ser uma parte censurada, então o número do meio “parece” um 3 ou um 5, de acordo com o The Verge.

Call of Duty: Modern Warfare 2 (2022)

(Imagem: Activision/Divulgação)

Em seis anos, Horizon e The Last of Us custaram mais de US$ 400 milhões à Sony

Ainda segundo o The Verge, a Sony despendeu uma bela quantia de dinheiro para manter o ciclo de desenvolvimento de alguns de seus principais jogos no PlayStation. Falando especificamente de Horizon Forbidden West e The Last of Us Parte 2, somados, os jogos custaram US$ 430 milhões (quase R$ 2,09 bilhões) em ciclos especificos, sendo US$ 212 milhões por cinco anos no caso de Horizon; e US$ 220 milhões e seis anos para The Last of Us.

Mais além, Horizon teve mais pessoal disponível, com um time dedicado de 300 pessoas – 100 pessoas a mais que The Last of Us. É bem provável, no entanto, que os valores acima não incluam investimentos em marketing, relações públicas e divulgações, nem tampouco a distribuição dos jogos em si. 

Toda a documentação já foi removida da listagem da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, para quem a Sony a havia submetido como evidência das discussões relacionadas à proposta de aquisição da Activision, feita pela Microsoft e avaliada em quase US$ 70 bilhões (R$ 340,02 bilhões).

A FTC é contrária à aquisição, e moveu uma ação contra a Microsoft na tentativa de barrar o avanço dos negócios. A Sony, obviamente, tem interesse em apoiar a decisão da FTC – um dos medos da japonesa é o de que a Microsoft torne as propriedades intelectuais da Activision (como Call of Duty) exclusividades do Xbox, o que a Microsoft repetidamente informou que não pretende fazer.

A própria Sony – representada por Jim Ryan, CEO da Sony Interactive Entertainment (SIE, a “divisão PlayStation” do grupo) – prestou depoimento ontem (28). A empresa afirmou que ter adquirido a Bungie foi um negócio melhor do que a proposta da Microsoft com a Activision, além de afirmar que a Nintendo não é sua concorrente e que Call of Duty só se tornou um problema em agosto do ano passado. Veja mais detalhes aqui.

O julgamento deve chegar ao seu fim amanhã (30), mas a decisão final da FTC sobre a aprovação – ou revogação – da oferta da Microsoft ainda deve demorar mais algumas semanas de deliberações. A Microsoft, especulam especialistas, pode desistir completamente do negócio caso a FTC não aprove a proposta.

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