A audiência ministrada pela Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, que trata da proposta de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, começou hoje (23) e antes mesmo da primeira hora passar, as coisas ficaram acaloradas.

Um dos pontos de interesse a serem discutidos foi um levantado pelo próprio órgão governamental: para a FTC, Starfield seria lançado para PlayStation se a Bethesda Game Studios, uma subsidiária da ZeniMax, não tivesse sido adquirida pela fabricante do Xbox em 2021. E a Bethesda em si, embora não reconheça isso como verdade, também não fez muita força para negar.

A crença da FTC vem de uma afirmação feita pelos estúdios Arkane, que trabalham para a Bethesda: recentemente, desenvolvedores da empresa admitiram que foi a Microsoft quem “cancelou” o desenvolvimento de Redfall, outro jogo da companhia, para a plataforma da Sony. Por associação, o órgão federal estadunidense presumiu que isso também valeria para Starfield.

Neste caso, porém, a Bethesda disse haver justificativa: segundo Pete Hines, em entrevista ao IGN, a mera ideia de lançar Starfield no PlayStation atrasaria a chegada do jogo – que já foi adiado repetidas vezes mesmo dentro da sua exclusividade no Xbox:

“Nós não estaríamos lançando [Starfield] em nove semanas se tivéssemos que dar suporte a mais uma plataforma completa.” – Pete Hines, Chefe de Publicações da Bethesda

A FTC afirma que o histórico da Microsoft lhe dá vários incentivos para apostar em tornar franquias recém-adquiridas em produtos exclusivos – algo potencialmente perigoso para o órgão, considerando que a Activision Blizzard é dona de Call of Duty, Overwatch e diversas outras que, hoje, estão também no PlayStation.

Apesar de manter a posição de que não fará isso no caso da Activision, os advogados da dona do Xbox afirmam que essas exclusividades são promovidas para “oferecer conteúdo exclusivo que minimize os custos e o dano da sua marca focada nos jogadores”.

Traduzindo: comprar empresas é caro, então a exclusividade serve para que essa aquisição “se pague” nas vendas dos produtos adquiridos aos consumidores. E convenhamos, nisso, a Microsoft não mentiu: quando comprou a ZeniMax, a empresa desembolsou US$ 7,5 bilhões (R$ 35,85 bilhões), ao passo em que a proposta para adquirir a Activision Blizzard está perto dos US$ 70 bilhões (R$ 334,64 bilhões). Se passar adiante, a compra será a mais cara da história dos videogames.

A situação está bem dividida: ao mesmo tempo em que a FTC tem que aprovar a proposta para que a aquisição siga em frente, o órgão tem se mostrado propenso a fazer justamente o contrário, o que pode causar até a desistência total do negócio por parte da Microsoft mesmo com mais de 40 países se posicionando em favor da ideia.

O assunto deve gerar muita discussão nos próximos dias: o julgamento da FTC tem prazo assegurado de cinco dias a partir de hoje, então espere por muita argumentação dos dois lados.

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