FTC diz que ‘Starfield’ seria lançado no PlayStation se Bethesda não pertencesse à Microsoft
Jogo da Bethesda é exclusivo do console, e Bethesda argumentou à FTC que torná-lo multiplataforma atrasaria a sua chegadaBy - Rafael Arbulu, 23 junho 2023 às 13:29
A audiência ministrada pela Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, que trata da proposta de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, começou hoje (23) e antes mesmo da primeira hora passar, as coisas ficaram acaloradas.
Um dos pontos de interesse a serem discutidos foi um levantado pelo próprio órgão governamental: para a FTC, Starfield seria lançado para PlayStation se a Bethesda Game Studios, uma subsidiária da ZeniMax, não tivesse sido adquirida pela fabricante do Xbox em 2021. E a Bethesda em si, embora não reconheça isso como verdade, também não fez muita força para negar.
Also, can't recall if they've said this before, but the FTC believes Starfield was originally planned to also release on PS5 (seems logical given time it was in development) pic.twitter.com/Ce51btTs6j
— Stephen Totilo (@stephentotilo) June 22, 2023
A crença da FTC vem de uma afirmação feita pelos estúdios Arkane, que trabalham para a Bethesda: recentemente, desenvolvedores da empresa admitiram que foi a Microsoft quem “cancelou” o desenvolvimento de Redfall, outro jogo da companhia, para a plataforma da Sony. Por associação, o órgão federal estadunidense presumiu que isso também valeria para Starfield.
Neste caso, porém, a Bethesda disse haver justificativa: segundo Pete Hines, em entrevista ao IGN, a mera ideia de lançar Starfield no PlayStation atrasaria a chegada do jogo – que já foi adiado repetidas vezes mesmo dentro da sua exclusividade no Xbox:
“Nós não estaríamos lançando [Starfield] em nove semanas se tivéssemos que dar suporte a mais uma plataforma completa.” – Pete Hines, Chefe de Publicações da Bethesda
A FTC afirma que o histórico da Microsoft lhe dá vários incentivos para apostar em tornar franquias recém-adquiridas em produtos exclusivos – algo potencialmente perigoso para o órgão, considerando que a Activision Blizzard é dona de Call of Duty, Overwatch e diversas outras que, hoje, estão também no PlayStation.
Apesar de manter a posição de que não fará isso no caso da Activision, os advogados da dona do Xbox afirmam que essas exclusividades são promovidas para “oferecer conteúdo exclusivo que minimize os custos e o dano da sua marca focada nos jogadores”.
Traduzindo: comprar empresas é caro, então a exclusividade serve para que essa aquisição “se pague” nas vendas dos produtos adquiridos aos consumidores. E convenhamos, nisso, a Microsoft não mentiu: quando comprou a ZeniMax, a empresa desembolsou US$ 7,5 bilhões (R$ 35,85 bilhões), ao passo em que a proposta para adquirir a Activision Blizzard está perto dos US$ 70 bilhões (R$ 334,64 bilhões). Se passar adiante, a compra será a mais cara da história dos videogames.
A situação está bem dividida: ao mesmo tempo em que a FTC tem que aprovar a proposta para que a aquisição siga em frente, o órgão tem se mostrado propenso a fazer justamente o contrário, o que pode causar até a desistência total do negócio por parte da Microsoft mesmo com mais de 40 países se posicionando em favor da ideia.
O assunto deve gerar muita discussão nos próximos dias: o julgamento da FTC tem prazo assegurado de cinco dias a partir de hoje, então espere por muita argumentação dos dois lados.
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