Já falamos por aqui como alguns aplicativos podem drenar a bateria de smartphones. A lista, desenvolvida a partir de um levantamento feito pela empresa de pesquisas pCloud, mostrou o Facebook entre os principais apps que acabam com a energia disponível em celulares — e, curiosamente, este também foi o alerta feito por um ex-funcionário da empresa.

O cientista de dados George Hayward entrou recentemente com um processo contra a Meta, alegando que a empresa drena a bateria de smartphones propositalmente, em um processo conhecido como “Negative Testing”, ou “teste negativo” na tradução livre.

Hayward explica que a prática permite às empresas de tecnologia rodar testes em um segundo plano, executando a aplicação de forma extrema — o que eventualmente leva à drenagem da carga.

Vista do close-up de uma jovem segurando um smartphone; a tela do aparelho mostra a ilustração de uma bateria fraca

Imagem: McLittle Stock/Shutterstock

O objetivo de tal procedimento é basicamente entender o comportamento do app no dia a dia, verificando itens como, por exemplo: se o aplicativo é executado com rapidez, qual a velocidade que uma imagem pode ser carregada dentro do app, entre outros.

Infelizmente, essa é um procedimento feito não apenas pela Meta, mas também por outras companhias do ramo, como explicitou o advogado de Hayward, Dan Kaiser, reiterando acreditar que a prática não é de conhecimento comum e, na visão dele, a maioria das pessoas provavelmente não faz ideia de que o Facebook ou outras mídias sociais podem drenar a bateria de smartphones intencionalmente.

“É claramente [uma prática] ilegal”, disse Kaiser. “É revoltante que a bateria do meu telefone possa ser manipulada por qualquer pessoa.”

Facebook drena deliberadamente a bateria de smartphones, afirma ex-funcionário

Hayward foi contratado em outubro de 2019 como parte da equipe do Messenger, aplicativo de conversa instantânea da empresa. Atualmente, o app possui 988 milhões de usuários ativos em todo o mundo e responde pelo 7º lugar no ranking das plataformas de mídia social mais usadas globalmente, de acordo com o Digital 2022 Global Overview Report — levantamento anual feito por meio de uma parceria entre a We Are Social e a Hootsuite.

De acordo com o processo iniciado pelo ex-funcionário, e enviado ao Tribunal Federal de Manhattan, a Meta teria demitido o cientista de dados quando ele se negou a cumprir com tal prática. Isso foi em novembro passado.

“Eu disse à gerente: ‘Isso pode causar danos a alguém’, e ela disse que ao lesar alguns poucos podemos ajudar a maioria”, afirmou ele, em entrevista ao New York Post. “Qualquer cientista de dados que se preze sabe [da máxima]: ‘Não machuque pessoas'”.

Acabar deliberadamente com a bateria do celular de alguém coloca a segurança de pessoas em risco se consideradas “circunstâncias em que elas precisam se comunicar com outras pessoas”, incluindo casos críticos como quando a pessoa precisa falar com “a polícia ou equipes de resgate”, ressaltou o especialista no processo.

Mais do que executar a prática, Hayward afirmou também que a empresa mantém o processo documentado internamente para fins de treinamento. O documento é intitulado “Como executar testes negativos ponderados” e, ainda de acordo com o cientista, contém exemplos de experimentos realizados.

Procurada pelo NYPost, a Meta não chegou a responder a um pedido de comentário até o fechamento da matéria.

Via: New York Post

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