Ex-funcionários da SpaceX processam empresa por violar leis trabalhistas
Demissão de funcionários teria sido motivada por carta aberta chamando atenção ao comportamento de Elon Musk no TwitterBy - Liliane Nakagawa, 21 novembro 2022 às 21:35
Assim como o Twitter, a SpaceX também tem sofrido acusações de ex-funcionários da empresa por violar leis trabalhistas. Segundo a queixa aberta na quarta-feira (16), uma demissão teria sido motivada por circularem uma carta aberta chamando atenção ao comportamento de Elon Musk.
A ação judicial registrada no Conselho Nacional de Relações Trabalhistas detalha que a carta circulada em junho pedia aos executivos a condenação – entre outras atitudes – do comportamento do CEO da empresa no Twitter – incluindo trazer à tona alegações de um caso de assédio sexual a uma comissária de bordo – e responsabilizar todos pela conduta inaceitável.
A ação veio após uma reportagem ter apurado que Musk teria pagado US$ 250 mil à uma comissária de bordo para dar fim a um possível processo de assédio sexual contra ele.
Na carta, embora tenham observado que a SpaceX aplique a política contra comportamento inaceitável de forma equitativa e se compromete com um processo transparente de respostas a alegações de má-conduta, cinco funcionários que participaram organização da carta foram demitidos um dia depois. Outros quatro adicionais também forma desligados semanas após identificarem o envolvimento com a correspondência.
O comportamento de Musk frente às regras e regulamentos não é novo. Além da ação trabalhista no Twitter, a Tesla tem sido processada por discriminação racial desenfreada, colocando-a em uma luta desafiadora com o departamento de Direitos Civis.
Paige Holland-Thielen, ex-engenheira da SpaceX que participou da organização da carta, disse em uma declaração que experimentou “problemas culturais profundos” e confortou os colegas que haviam experimentado problemas semelhantes. “Ficou claro que esta cultura foi criada a partir do nível mais alto”, disse ela.
Embora tenha tido problemas, ela afirmou que apreciava em partes a empresa, já que qualquer pessoa podia escalar as questões para a liderança e ser levada a sério.
“Elaboramos a carta para comunicar ao pessoal executivo sobre seus termos e mostrar como sua falta de ação criou barreiras tangíveis para o sucesso da missão a longo prazo”, disse Holland-Thielen. “Nunca imaginamos que a SpaceX nos demitiria por tentarmos ajudar a empresa a ter sucesso”.
Demissões coincidem com aquisição do Twitter
A reclamação dos ex-funcionários também afirma que, ao demitir o primeiro conjunto, a SpaceX teria interrogado dezenas de outros durante os dois próximos em reuniões privadas, coagindo-os a não revelar tais diálogos a terceiros devido ao privilégio advogado-cliente.
Em julho e agosto, mais quatro funcionários teriam sido desligados após terem sido identificados como auxiliadores da ação, somando um total de nove demissões. “A administração usou esta filosofia de ‘fins justifica os meios’ para fechar os olhos para os contínuos maus tratos, assédios e abusos relatados por meus colegas, muitos dos quais foram diretamente encorajados e inspirados pelas palavras e ações do CEO”, disse Tom Moline, que também foi demitido da SpaceX após organizar a carta.
Para o professor especializado em comportamento organizacional na escola de negócios da Universidade de Stanford, Jeffery Pfeffer, as alegações não são uma surpresa, dado o estilo de liderança de Elon Musk no Twitter. Ele aponta que o comportamento do bilionário carrega o que ele rotulou de arrogância sob falsa noção de que se tratava de “tudo sobre o gênio individual”.
“Pessoas poderosas conseguem quebrar as regras”. Elas não pensam que estão vinculadas às mesmas convenções que as outras pessoas”, disse Pfeffer, criticando o comportamento de Musk. Ele disse que isso mostrou a arrogância do Musk, um dos homens mais ricos do mundo: “Por que ele pensaria que ele é um mero mortal?”
Via Associated Press
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