Um novo levantamento revelou que, desde que Elon Musk assumiu a liderança do Twitter em 2022, os usuários mais ativos da rede – os chamados “top users” – reduziram o volume de postagens em cerca de 25%. Além disso, 6 a cada 10 usuários admitiram que “tiraram férias” do app e, destes, um quarto não pretende retornar à rede social no próximo ano.

A situação não pinta um cenário muito favorável à figura de Linda Yaccarino, que deve assumir a cadeira de CEO a pedido do próprio Elon Musk em menos de seis meses. Ela, que é especialista em publicidade digital e liderou os esforços de monetização online da NBCUniversal antes de aceitar a proposta, assumirá as rédeas da empresa no caráter público, ao passo em que Musk seguirá como chairman do comitê diretivo e CTO, além de supervisionar a criação e implementação de novos produtos.

Imagem mostra Elon Musk, que ainda não conseguiu iniciar o projeto Twitter Blue dentro da rede social

A liderança de Elon Musk no Twitter viu os maiores usuários da rede social reduzirem volume de postagens, com alguns até abandonando a plataforma (Imagem: BBC/Reprodução)

“A nova análise de nosso grupo sobre o atual comportamento do site revela que os usuários mais constantes de antes da aquisição de Musk – definidos aqui como os 20% que tiveram maior volume de publicações – viram um perceptível declínio de atividade nos meses seguintes [à compra]. A média de tuítes por mês desses usuários caiu em uma média de 25% após a aquisição do Twitter.” Pew Research

Conforme você acompanhou aqui no blog KaBuM!, a aquisição do Twitter foi um dos episódios mais conturbados de 2022 para a indústria da internet. Após meses de deliberação, Elon Musk efetivou a compra em outubro daquele ano, e chegou já implementando mudanças no mínimo questionáveis – a exclusão da verificação de identidade para usuários legado e a liberação do benefício apenas a internautas pagantes foi de longe a mais evidente.

Além disso, porém, tivemos outras medidas que causaram dores de cabeça: teve demissão injustificada após “lavagem de roupa suja” publicamente no Twitter, implementação de medidas de segurança de interesse público, mas só a quem pagasse por ela (duas vezes, aliás)…os episódios foram variados.

Tudo isso levou a um êxodo de usuários comuns e influenciadores, bem como o crescimento de redes sociais concorrentes, como o Mastodon e, mais recentemente, o Bluesky (ironicamente, criado por Jack Dorsey, co-fundador do Twitter). Consequentemente, o volume de publicidade do Twitter caiu, com empresas revogando ou não renovando contratos de advertising – invariavelmente, isso reduziu a capacidade de faturamento do Twitter Ads, a parte mais rentável de toda a companhia.

Com a entrada de Yaccarino, o Twitter espera reverter este quadro, mas já há quem pense que a “liderança” dela seja um caso de glass cliff – um termo cunhado em 2005 onde, essencialmente, um chefe entra, comete incontáveis erros e “dá seu lugar” a outra pessoa para, caso a empresa não se recupere, ter um bode expiatório para culpar.

Se isso é verdade ou não, vai depender do desempenho do Twitter após a executiva assumir seu post. Entretanto, para alguns, o dano pode já estar em caráter permanente.

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