Em busca de entender melhor o mercado de live streaming, o blog KaBuM! resolveu fazer um especial para analisar o sucesso da Twitch — a plataforma líder do setor —, as condições dos criadores de conteúdo no maior serviço do mundo, bem como a existência de outros players do segmento.

A primeira parte deste especial tratou de observar toda a trajetória da Twitch — desde sua concepção baseada na finada Justin.tv até a conquista do posto de maior serviço do setor —, bem como os motivos que fizeram toda essa estratégia vingar.

Já na segunda parte, foi a vez de analisar como toda essa dominância também tem seus lados negativos. Por conta da visibilidade, a plataforma atrai cada vez mais streamers. Mas mudanças (contestadas) nas condições destes profissionais acabaram dificultando a vida de pequenos/médios criadores.

Inclusive, se perdeu alguma das partes vale dar aquela conferida:

Nesta última parte, chegou a vez de conhecermos o universo de live streaming fora da Twitch. Novamente — e talvez pela quadragésima quinta vez: sim, a plataforma da Amazon domina o mercado. Mas isso não significa que a ocupação está apenas restrita ao serviço.

Então há vida fora da Twitch?

A resposta é direta e reta: existe. Assim como é possível usar outros motores de busca além do Google para tirar uma dúvida na internet. E assim como é possível usar outros aplicativos de comida por delivery além do iFood para fazer algum pedido em solo tupiniquim.

É claro que a visibilidade, as formas de interação e até mesmo diretrizes empresariais serão diferentes em outros ambientes. Mas em suma, grande parte desse esforço vai depender do próprio streamer e da maneira com que ele lida com o público: se o criador é bom, a comunidade vai acompanhá-lo onde estiver.

É mais ou menos essa a visão da streamer Melissa “Seacaos” Munis, criadora de conteúdo da Twitch e da Trovo e que também figurou nas duas primeiras partes deste especial.

“Se existe espaço para streamers fora da Twitch? Com certeza. Existem muitas plataformas de streaming por aí e todo mundo tem chance de crescer em alguma delas e também se destacar na plataforma que escolher. Se o streamer tiver uma boa comunicação com o público, souber dar atenção para o chat e jogar por diversão, acredito que ele consiga conquistar um bom espaço em qualquer plataforma” destacou a criadora.

Com base nessa linha de raciocínio, o blog KaBuM! resolveu listar algumas boas opções de streaming “alternativas”. Algumas delas já são bastante conhecidas pelo público. Outras, acabaram de “dar as caras” e ainda estão em busca de mais espaço no mercado.

De todo modo, vale conferir as sugestões, esteja você pensando em migrar de plataforma ou entrar de cabeça nesse universo de live streaming.

Confira 4 plataformas (além da Twitch) para streaming de jogos

YouTube Gaming, alternativa à Twitch

O YouTube Gaming é o principal concorrente da Twitch nos dias de hoje e pode ser uma boa alternativa para quem esteja pensando em ingressar nesse universo de lives. Segundo dados da Streamlabs, a plataforma hoje responde por 14% das horas assistidas por streams.

Como a maioria dos vídeos de streams de outras plataformas costumam ser publicadas no YouTube posteriormente, o serviço traz esse benefício que fideliza os viewers que só acompanham o criador por lá. Em contrapartida, apesar de as ferramentas de interação com o chat serem razoáveis, não chegam perto dos recursos da Twitch.

YouTube Gaming

Imagem: Reprodução/blog KaBuM!

Os recursos de remuneração incluem Super Chat e Super Stickers, exibição de anúncios, ou assinaturas pagas para membros do canal.

Principais streamers da plataforma: Sykkuno, Ludwig, Valkyrae e DrDisrespect.

Facebook Gaming, alternativa à Twitch

No ar desde 2018, o Facebook Gaming é um dos principais rivais diretos da Twitch no mercado de live streaming — atualmente com 10% de participação de horas assistidas por lives. A plataforma é alocada dentro da rede social do Facebook e pode ser acessada pelo ícone característico no topo do feed principal.

Como é de se esperar, sua interface é a mesma utilizada na rede social da Meta — uma das principais diferenças em relação à Twitch. O chato ao vivo é idêntico a uma publicação do Facebook e, embora não disponibilize os emotes da plataforma da Amazon, oferece os icônicos emojis de reação.

Facebook Gaming

Imagem: Reprodução/blog KaBuM!

Em relação à remuneração, os criadores de conteúdo podem participar do programa Level Up para ganhar acesso a ferramentas de monetização. O programa tem como pré-requisitos ser maior de idade, ter uma página de criador de conteúdo de vídeo de jogos há pelo menos 14 dias e com ao menos 100 seguidores, além de ter streamado por pelo menos 4 horas em dois dos últimos 14 dias.

Com isso, os streamers poderão ganhar dinheiro por meio de assinaturas mensais, anúncios (disponíveis apenas em alguns mercados) e doações de Estrelas pelos viewers. Nesta última modalidade, o criador recebe US$ 0,01 por estrela.

Principais streamers da plataforma: MPL Philippines, Tarboun, NexxuzHD e Maherco gaming.

Trovo

A Trovo é relativamente nova no mercado de streaming. Criada pela gigante chinesa Tencent, a plataforma surgiu em 2020, ainda em formato beta. Dezenove meses após essa fase de testes (em dezembro do ano passado), o serviço finalmente foi liberado para todos os usuários.

Não é nem preciso mencionar que ela não nem se compara aos números da Twitch. Mas é importante destacar que, com menos de um ano desde sua versão oficial, a Trovo já contabiliza cerca de 174 mil criadores de conteúdo, segundo dados recentes do StreamsCharts.

Para quem está habituado com a interface da Twitch, a boa notícia é que o design da Trovo lembra bastante o visual da plataforma rival. Recursos como emotes, assinaturas, follow e outras interações com o público também lembram são parecidos.

Trovo

Imagem: Reprodução/blog KaBuM!

Seu programa de incentivo e monetização é conhecido como Trovo 500, baseado em metas de horas assistidas e dias de transmissão. Ao todo, esse programa de benefícios oferece cinco categorias aos streamers: Master, Diamond, Platinum, Gold e Silver. Quanto maior o selo, maior a recompensa.

E o melhor de tudo é que a plataforma não exige exclusividade de conteúdo. Isso significa que o streamer pode abrir uma live na Trovo e ao mesmo tempo em outro serviço que permita transmissões simultâneas.

Principais streamers da plataforma: PanosDentOfficial, MrStivenTc, MELLSTROY e ItsOnlySkillz.

Booyah, alternativa à Twitch

Lançada em 2020 pela Garena, a Booyah! foi criada inicialmente como um serviço voltado para o popular game Free Fire. Mas com o sucesso inicial, a expansão para demais jogos foi inevitável e hoje, títulos como Tibia, CS:GO e GTA Online, por exemplo, também têm seu espaço no serviço.

Booyah

Imagem: Reprodução/blog KaBuM!

Assim como a Trovo, a Booyah! é uma plataforma de live streaming relativamente nova. Apesar disso, há quem consiga ganhar relevância na plataforma. Um levantamento feito pelo StreamCharts revelou que o brasileiro Cerol conseguiu 32,38 milhões de horas assistidas no serviço de março de 2021 até fevereiro de 2022. Muita coisa? Muita coisa.

Streamers Booyah

Imagem: Divulgação/StreamCharts

O programa de parcerias da plataforma é muito bem definido. Para tornar-se elegível, o streamer precisará ter conquistado nos últimos 30 dias: ao menos 10 horas de transmissão (distribuídos em 3 dias); audiência média de 3 usuários logados; ao menos 10 seguidores.

Caso cumpra todas essas metas, o criador poderá ingressar no programa de parcerias da Booyah, que oferece os níveis Casual, Meio Período e Profissional.

Remuneração Booyah

Imagem: Divulgação/Booyah

Principais streamers da plataforma: Cerol, Seven Premios, LOUD Eltin e Delo.

Insista e não desista

Seja na Twitch, no Facebook, na Trovo ou em qualquer outra plataforma, o streamer deve ter em mente que a trajetória não será nada fácil. O mercado de live streaming tem crescido diariamente e, cada vez mais, novos concorrentes criadores de conteúdo entram no segmento em busca de estourar na internet.

A visibilidade certamente pode acelerar todo o processo. Mas fato é que o carisma, interação com o chat e personalidade única de cada streamer serão alguns dos principais pontos que vão diferenciar um criador de conteúdo do outro.

Importante também é respeitar os seus limites e estar feliz com o que está fazendo. Vida de streamer não é fácil — inclusive, falamos mais sobre isso nesta matéria — e será preciso muita disciplina e persistência nessa ocupação, encarada como “profissão do futuro”.

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