Bodas de porcelana, duas décadas, 7.305 dias ou 175.320 horas. Todas elas são formas diferentes para representar uma única coisa: 20 anos, um período de tempo marcante que envolve avanços, mudanças (ou manutenções) e muita comemoração — é claro.

Neste sentido, se pudéssemos voltar 20 anos atrás veríamos um mundo completamente diferente: um Brasil que ainda comemorava o pentacampeonato mundial, computadores com conexão discada, comunicações via SMS ou MSN Messenger, além dos icônicos pagamentos em cheque.

E como relembrar é viver, o blog KaBuM! incorporou este clima nostálgico e decidiu produzir um especial para relembrar como foram os últimos 20 anos de três grandes pilares do “guarda-chuva” da tecnologia: videogames, celulares e computadores.

Neste primeiro capítulo os holofotes estarão voltados para os videogames, que cresceram fervorosamente nessas últimas duas décadas. Portanto, pegue a pipoca, prepare o coração para fortes emoções e relembre mais sobre o avanço do setor desde 2003.

Entre avanços e nostalgias: os últimos 20 anos dos videogames

  • 2003 – 2005 (DreamCast, PS2, Xbox e GameCube)
Videogames de sexta geração (DreamCast, PS2, Xbox e Nintendo Game Cube)

Imagem: montagem @blog KaBuM! – Unsplash e Shutterstock

Há 20 anos, o mundo ainda comemorava a chegada da sexta geração dos videogames, iniciada no fim dos anos 90. Os mais jovens talvez não se lembrem, mas a famigerada era dos 128-bits ainda é considerada como uma das melhores épocas do setor, já que contemplou a estreia de consoles icônicos como DreamCast (1998), PlayStation 2 (2000), Xbox (2001) e Nintendo GameCube (2001).

O motivo é bem simples: os novos consoles e as tecnologias da época permitiram desenvolvimentos grandiosos nas gameplays. Sem contar a substituição de jogos de cartucho por títulos de CDs e o lançamento do motor de jogos Unreal Engine 2.0, a principal mudança foi vista nos gráficos de 128-bits.

Para quem duvida da dimensão da mudança, basta analisarmos o desenvolvimento da franquia Grand Theft Auto (vulgo GTA). No PS1, o primeiro título da série de ação/aventura trazia gráficos bastante limitados e visão aérea. Já no PlayStation 2, GTA: San Andreas destacou-se como um dos maiores jogos lançados pela plataforma, seja pela sua trama envolvente ou pelos gráficos que se mostravam bem avançados para a época.

GTA PS1

GTA (PlayStation 1) – Imagem: reprodução/SEBSTATION

GTA San Andreas

GTA: San Andreas (PS2) – Imagem: reprodução/xTimelessGaming

E embora a Sony tenha liderado a geração com seu PlayStation 2, a comunidade gamer foi muito bem servida com outros videogames. Mesmo que tenha sido descontinuado em 2001, o DreamCast conseguiu mostrar grandes avanços em relação ao Sega Saturn, de 1994.

Na concorrência, também havia o Nintendo GameCube, que deu continuidade aos consoles não-portáteis da Big N. E foi nesta mesma época que a Microsoft ingressou na indústria de videogames ao apresentar a primeira versão do Xbox — que mais tarde se tornaria o principal rival do PlayStation.

Principais jogos da geração: Resident Evil 4, GTA: San Andreas, Silent Hill 2, God of War II, Tony Hawk’s Pro Skater 3, Winning Eleven 6, Guitar Hero III r Metal Gear Solid.

  • 2005 – 2012 (Xbox 360, Nintendo Wii e PS3)
Videogames de sétima geração

Imagem: montagem @blog KaBuM! – Unsplash e Shutterstock

Já de 2005 a 2012 a indústria de videogames deu um grande salto — embora os sonystas de plantão talvez não tenham comprado essa idea. A época foi marcada por diversas novidades que chegaram, se consolidaram e são vistas até nos dias atuais.

Falando sobre consoles, 2005 marcou a chegada de dois videogames marcantes: o Xbox 360 e o Nintendo Wii. O primeiro foi fruto do sucesso da Microsoft no setor, enquanto o segundo consolidou o posicionamento da Nintendo no mercado — um nicho baseado em IPs exclusivos e que não compete diretamente com Xbox ou PlayStation.

Por falar em PlayStation, o PS3 foi lançado no ano seguinte, em 2006, pela Sony. O console também trouxe novidades interessantes, mas não é possível dizer que foi um sucesso. Tanto que, em termos de venda, ele foi menos popular que o PS1, PS2 e PS4.

Essa geração, contudo, foi extremamente importante para a história dos videogames. A começar pela melhoria de gráficos: além de sistemas físicos e de som mais avançados, a Unreal Engine 3 passou a fazer cálculos por pixel, o que otimizou (e muito) os visuais dos jogos da época.

Por falar em visuais, o Xbox 360 e PlayStation 3 acompanharam os avanços tecnológicos e passaram a rodar títulos com resolução HD (1280 x 720 pixels), o que também contribuiu ferozmente para o salto de gráficos da sexta para a sétima geração de consoles.

The Last of Us (PS3)

The Last of Us (PS3) – Imagem: reprodução

Não menos importante, vale destacar que foi nessa época em que serviços multiplayer se tornaram populares, graças à ascensão do Xbox Live e à chegada do PS Plus para o PS3. Ou seja, se você comemora as jogatinas em grupo dos dias de hoje, tem de agradecer ao sucesso obtido no Xbox 360 e PlayStation 3.

Principais jogos: Bioshock, The Last of Us, Skyrim, Red Dead Redemption, GTA V, Far Cry 3, Batman: Arkham City, Uncharted 2: Among Thieves, Fifa 10, Super Mario Galaxy e Wii Sports.

  • 2012 – 2016 (Xbox One, PS4 e WiiU)
Videogames de oitava geração

Imagem: montagem @blog KaBuM! – Unsplash e Nintendo

A oitava geração de videogames, por sua vez, teve início em 2012 com a chegada do WiiU e foi consolidada em 2013 com os lançamentos do Xbox One e PlayStation 4. O curioso é que a geração, apesar de importante para a história em geral, divide opiniões até os dias de hoje.

Isso porque apesar do novo avanço tecnológico que permitiu jogos com gráficos ainda melhores, títulos de mundo aberto robustos e novas experiências com controles atualizados, nem todos os consoles da época caíram nas graças da comunidade.

O PS4 sobressaiu-se sobre os demais ao atingir mais de 117 milhões de unidades vendidas. Mas em contrapartida, Xbox One e WiiU ganharam muito menos adeptos que seus respectivos consoles antecessores.

O mais curioso ainda é que foi nesta mesma época que vimos grandes jogos sendo lançados. Com Unreal Engine 4 e Unity em alta, os desenvolvedores puderam explorar novos títulos com melhorias gráficas, adição de iluminação global em tempo real, redução de tempo de iteração e muito mais fluidez nas jogatinas.

Mas para os críticos, há outros dois pontos importantes dessa geração. O primeiro é que, assim como a mudança de cartuchos para CDs vista em outrora, foi neste período que as mídias digitais ganharam força. Ou seja, não era mais preciso comprar uma mídia física e torcer para o disco não riscar, já que comprar títulos diretamente dos serviços online era muito mais fácil (e barato).

O outro ponto é que foi nesta época que os serviços de jogos via streaming ganharam força, especialmente com o PlayStation Now e GeForce Now (Nvidia). Isso permitia rodar títulos de consoles no PC ou emular jogos antigos em consoles atuais da época e abriu caminho para inovações na próxima (e atual) geração.

Principais jogos: Red Dead Redemption 2, God of War (2018), Bloodborne, The Witcher 3: Wild Hunt, Sekiro, Forza Horizon 4, Mass Effect, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain e Super Smash Bros.

  • 2017 – 2023 (Nintendo Switch, PS5 e Xbox Series X|S)
Videogames de nona geração

Imagem: montagem @blog KaBuM! – Unsplash e Microsoft

E neste recorte de 20 anos da indústria de videogames, os últimos seis anos foram marcados pela nona geração dos consoles. Ou seja, caso leia algo que mencione “consoles next-gen”, saiba que é esta geração (ao menos por ora) que está sendo abordada.

E assim como foi visto nas gerações sucessoras, três videogames de três marcas diferentes lideram o setor: Nintendo Switch (2017), Xbox Series X|S (2020) e PlayStation 5 — de Nintendo, Microsoft e Sony, respectivamente. Há quem classifique o Switch como um console de oitava geração, mas ele se comporta muito bem neste atual período.

Talvez seja algo óbvio de se dizer, mas novamente, os avanços tecnológicos foram brutais. Se os consoles de geração passada já rodavam títulos em 4K, os mais atuais agora conseguem reproduzir jogos em 4K e com taxas de quadros mais estáveis — em muitos casos acima dos 60 FPS.

Em termos gráficos, também pudemos observar grandes melhorias gráficas. Em parte por conta dos hardwares mais potentes do PS5 ou Xbox Series X|S, em parte pelo surgimento de motores de jogos mais robustos (como o UE5) e de tecnologias como o ray tracing, tornando os jogos ainda mais fotorrealistas.

Mas diferentemente dos últimos anos, um fator histórico veio para trazer ainda mais relevância aos videogames nos últimos anos: a pandemia de Covid-19. Como pessoas do mundo todo tiveram de ficar em quarentena, surgiu a necessidade de encontrar um lazer dentro de casa. E é aqui onde o setor cresceu vertiginosamente.

Como resultado, a busca por consoles ou mesmo setups de PC gamer sofreu um boom de 2020 para cá. E como era de se esperar, isso estimulou a indústria como um todo, que surfou nesta onda para focar no desenvolvimento de jogos e oferecer novos serviços de streaming em nuvem para jogadores que não tinham condições de comprar um console de ponta.

Querendo ou não, todos saíram felizes com essa brincadeira: a comunidade gamer viu o setor crescer em níveis absurdos, enquanto os grandes players do mercado colheram todos os fruto$s dessa procura exacerbada.

Principais jogos: Elden Ring, God of War: Ragnarok, Dead Space, It Takes Two, Gran Turismo 7, Forza Horizon 5 e The Legend of Zelda: Breath of the Wild.

Por mais difícil que seja compilar 20 anos em um único texto, é importante olhar um pouco para o passado e ver como a evolução tecnológica permitiu chegarmos aos patamares atuais.

O reprise dos videogames pode ter ficado por aqui, mas salve na agenda: o blog KaBuM! também vai preparar outros dois especiais para relembrar como foram as duas últimas décadas marcadas por evoluções e mudanças dos celulares e PCs.

Isso significa que nos vemos novamente na próxima sexta-feira (21). Portanto, até lá!

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