Crítica | 5º episódio de The Last of Us traz novamente o debate sobre perda e luto
Os acontecimentos aqui nos preparam para mais tensão na segunda metade da temporada de The Last of UsBy - Luiz Nogueira, 11 fevereiro 2023 às 0:00
Excepcionalmente esta semana, o episódio de The Last of Us, na HBO Max, foi transmitido alguns dias antes. Portanto, a partir da sexta-feira (10), os fãs puderam acompanhar os desdobramentos da história de Joel e Ellie em busca dos Vaga-lumes.
No quinto episódio da temporada, continuamos vendo mais sobre a dupla que surpreendeu os protagonistas no fim do episódio passado. No entanto, a cena de abertura indica que a cidade foi tomada por um grupo de sobreviventes pouco tempo antes. É então que vemos Henry e Sam aparentemente fugindo de alguém enquanto indicam que querem chegar a um local há duas quadras de onde se encontram.
É neste momento também que descobrimos que Kathleen, a líder do grupo, procura pela dupla – mais especificamente por Henry. Porém, ainda não sabemos sua motivação – até porque ela é uma personagem criada para a série.
Além de servir como uma ponte importante para a segunda metade da primeira temporada de The Last of Us, foi possível perceber que Neil Druckman e Craig Mazin, responsáveis pela adaptação, não têm receio algum de adequar os papéis aos atores, independentemente disso modificar levemente a história – que já se mostrou diferente em alguns pontos, como foi com o caso da história de Bill.
Digo isso porque Sam, o irmão mais novo de Henry, é deficiente auditivo na série, assim como Keivonn Woodard, ator que interpreta o papel na produção. E essa característica por si só já altera a visão que os fãs tinham do personagem.
No entanto, outra adição da série é que ele se comunica majoritariamente por uma espécie de lousa que pode ser apagada facilmente. É com isso que ele fala com Ellie durante o tempo todo – e essa é uma relação bastante bonita, mas vamos conversar sobre ela mais adiante.
Procura por Henry e a luta dos irmãos
Durante o episódio, acompanhamos também Kathleen, que não mede esforços para procurar Henry. Isso é percebido quando ela está interrogando um grupo de pessoas capturadas. Ao ver que nenhum deles sabia onde estava o jovem, a chefe do grupo de rebeldes solicita que seus capangas matem todos.
Enquanto isso, os irmãos se escondem no sótão de um prédio e procuram uma maneira de sair da cidade sem serem notados pelo grupo, que começou uma verdadeira caçada de gato e rato.
Aqui, temos mais um episódio que não é necessariamente focado em Joel e Ellie, o que é muito bom para a narrativa, já que serve para expandir ainda mais o rico universo da adaptação – além de focar muito nas relações dos personagens, como citei anteriormente.
E, assim como no terceiro episódio, a relação dos irmãos é o ponto alto do capítulo. Henry faz de tudo para cuidar de Sam, para que ele não sofra no caótico mundo em que se encontram – mesmo o garoto já tendo nascido durante o surto.
O episódio segue mostrando os irmãos, seja em sua luta ao ver que a comida está acabando e ao tomarem a decisão de que devem sair daquele lugar em segurança. O segmento chega ao momento da emboscada de Ellie e Joel, no começo do episódio passado.
Henry vê o tiroteio que se seguiu e, a partir disso, começou a seguir a dupla para entender se poderia contar com a ajuda deles para sair da cidade e levar seu irmão junto.
Após a tensa cena do final do quarto episódio, as duplas começam a se dar bem e fazem um trato: Henry, que conhece a cidade, mostra o caminho para fora enquanto Joel limpa as ameaças.
A primeira metade do episódio é mais focada no planejamento e no diálogo dos personagens. A questão é que nada disso prepara o espectador para o que está por vir na segunda metade.
Ellie, seu novo amigo e a ameaça de Kathleen
A ligação de Ellie com Sam é quase instantânea. Eles compartilham os mesmos gostos e, por conta disso, a garota se vê encantada por encontrar mais alguém com uma idade próxima. Eles fazem tudo juntos e isso é muito bonito – embora doloroso quanto mais nos aproximamos do fim do capítulo.
Em meio a brincadeiras dos pequenos, Henry conversa com Joel e explica o motivo pelo qual Kathleen quer matá-lo. Segundo ele, Sam ficou muito doente em algum momento e o remédio para isso era muito raro. Ele descobriu que a Fedra tinha algumas unidades, mas, para consegui-las, precisaria fazer algo por eles.
Foi então que Henry decidiu entregar o líder da resistência do Kansas para a Fedra. A questão é que essa pessoa era irmão da Kathleen. É por esse motivo que ela o caça desde então; ela quer vingança.
É aqui que temos mais um exemplo de sacrifícios feitos para salvar quem ama. Desde Bill, ficou muito claro que esse seria o foco da temporada. Henry não mediu esforços para tentar salvar seu irmão – nem se isso colocasse sua vida em risco.
Baiacu em The Last of Us
Com o desenrolar dos acontecimentos, o grupo parte para tentar sair da cidade. Ao chegarem próximos aos limites do local, são surpreendidos por um atirador, que os mantém presos ali – pelo menos até Joel flanqueá-lo e conseguir abatê-lo.
No entanto, ele está com um rádio, indicando que chamou reforços para capturar o grupo enquanto os mantinha presos ali ao atirar nos quatro. Joel assume seu lugar e grita para Ellie, Sam e Henry correrem.
Mas é tarde demais, Kathleen já chegou ao local com um verdadeiro exército. Quando todos se veem sem saída e Henry vai se entregar, temos um dos melhores momentos da temporada.
O chão se abre e os monstros começam a sair de lá, como se fossem enviados do inferno para matar qualquer resquício de vida humana. Ironicamente, eles salvam os protagonistas, embora sem não oferecer muitos momentos de tensão, já que o único que está a salvo é Joel.
Nas cenas que se desenrolam, os jovens devem desviar de infectados ao mesmo tempo em que fogem dos rebeldes. Enquanto correm, um monstro implacável emerge. Quem já jogou o game conhece a ameaça como Baiacu. Ele é implacável e começa um banho de sangue no local.
Confesso que achei que Kathleen fosse a antagonista da temporada de The Last of Us – embora eu saiba que outras ameaças virão. Após um fim trágico, nosso grupo parece a salvo – pelo menos por enquanto.
Essa cena de batalha não existe no jogo – pelo menos não desta maneira – e, portanto, foi uma adição para a série. Mesmo assim, podemos ver o cuidado em manter o mesmo clima de tensão já visto nos outros episódios, ao mesmo tempo em que tememos pelos personagens. É uma experiência e tanto.
Decisão difícil
Ao fim, quando o grupo está a salvo já fora da cidade, descobrimos que Sam foi mordido no meio do ataque. No começo, apenas Ellie sabe disso e ela promete não deixar ele se transformar.
Ciente de sua condição, ela tenta colocar seu sangue na ferida do garoto, na esperança de que funcione como uma vacina e ele fique curado. Henry pede para que ela fique acordada com ele durante a noite toda; ela então aceita.
No entanto, acaba caindo no sono e, quando acorda, já é de manhã. Ela olha para a cama de Sam e ele está sentado, de costas para ela – já sabemos seu destino. Ele ataca Ellie, que grita em desespero.
Assustados, Joel e Henry veem a cena e não sabem o que fazer, até que Joel aponta uma arma para ajudar Ellie. Henry, horrorizado, toma a arma do protagonista e ele mesmo atira em Sam, matando-o.
Henry fica em choque com o que acabou de fazer e balbucia que a culpa é de Joel e Ellie, que eles o fizeram fazer aquilo. Em uma decisão repentina, o jovem tira sua própria vida, provavelmente pela culpa que sentiu pelo ato.
E é assim que o arco de ambos termina. Temos o fim trágico dos irmãos e mais um episódio que trata de perda e luto.
Não gosto de comparar os episódios, mas, com The Last of Us, isso acaba sendo inevitável já que, até então, tivemos apenas capítulos ótimos que foram usados para expandir histórias contadas no game e que ficaram muito mais ricas de conteúdo na adaptação.
Aqui, temos mais um exemplo de como uma boa adaptação deve ser feita – com aprofundamentos, conteúdo extra e fidelidade ao material de origem.
Para realização desta crítica, a HBO forneceu ao blog KaBuM! acesso antecipado aos episódios restantes de The Last of Us.
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