A cada dia uma enorme quantidade de notícias que competem para chamar a nossa atenção é publicada. Infinitas informações estão disponíveis instantaneamente em formato de vídeos, fotos, publicações em sites, redes sociais, televisão, rádio, entre outros. Uma pesquisa realizada pela Eset em 2020, por exemplo, mostrou que mais de 70% das pessoas tiveram contato com notícias falsas sobre a pandemia, principalmente, nas mídias sociais. Por isso, é importante termos extremo cuidado ao lidar com a sobrecarga de informações que transitam no mundo digital, principalmente, quando se trata de discernir entre o que é real ou inventado.

Redes sociais: como se manter informado sem cair em fake news

Imagem: Branko Devic/Shutterstock.com

Outro estudo que li, publicado pelo The MIT Initiative on the Digital Economy (IDE) em 2018, contém análises de notícias compartilhadas no Twitter. A pesquisa concluiu que “as notícias falsas alcançam significativamente mais pessoas, se movem mais rápido, penetram mais fundo, e seu alcance é maior do que as notícias reais”.  Mesmo com a plataforma removendo bots e considerando apenas interações humanas reais, os resultados são surpreendentes, ao ponto de concluírem que as notícias falsas eram 70% mais propensas a serem retweetadas.

O problema implícito pode ser o nosso viés cognitivo, que embora nos permita lembrar processos previamente aprendidos e reconhecer situações familiares, pode nos deixar suscetíveis a atalhos mentais e pontos cegos.

Uma conversa entre duas pessoas com opiniões distintas pode ser um exemplo disso, quando ambos acreditam que apenas o seu lado é o certo. Assim, acabam estando mais abertos a consumir notícias que confirmem sua perspectiva – mesmo que a notícia seja falsa. E isto é reforçado pela realidade online que filtra as notícias que serão apresentadas nos nossos feeds, sendo baseadas no algoritmo personalizado construído por meio de nossas pesquisas e interações, alimentando e validando as nossas ideias.

Fake news: como lidar com conteúdo em plataformas online?

Facebook, Twitter, Telegram e YouTube têm sido cada vez mais cobrados por suas ações diante de veiculação de informações enganosas, com alguns governos pedindo mais responsabilidade e até mesmo considerando a possibilidade de promover a regulamentação desses serviços para a disseminação de conteúdo proibido ou ideias falsas.

Redes sociais: como se manter informado sem cair em fake news

Imagem: Henryk Ditze/Shutterstock.com

Em janeiro de 2022, sites de verificação de fatos em todo o mundo abordaram o YouTube com uma carta aberta, alertando a maior plataforma de vídeo do mundo para a necessidade de tomar medidas decisivas, principalmente por “fornecer contexto e oferecer retificações”, em vez de apenas remover conteúdo de vídeo.

Por isso, é importante que o usuário também esteja atento ao consumir informações online, pois, além de poder acabar recebendo uma fake news, muitas das mensagens veiculadas deste tipo acabam se utilizando de links e campanhas maliciosas que podem causar diversos tipos de prejuízos, como o roubo de dados pessoais e, até mesmo, o comprometimento do dispositivo que está sendo utilizado pelo usuário com algum tipo de malware.

malware phishing

Imagem: Shutterstock

Existem diversas plataformas de checagem de fatos, sempre investigando e avaliando a qualidade das informações incluídas em uma notícia ou em uma publicação viral nas redes sociais. Porém, da mesma forma, a validade desta pesquisa também pode ser desacreditada por aqueles que não veem suas ideias confirmadas, como citei anteriormente, que o nosso viés pode interferir na “aceitação” da notícia.

Por isso, considero tão interessante trabalharmos com campanhas educativas desde cedo. Isto pode ocorrer ao seguir caminhos como a implementação da alfabetização digital na matriz curricular e possibilitando um espaço virtual de mais discernimento e diálogo. Um exemplo desta aplicação é a realizada pela Finlândia, considerada a nação mais resistente à desinformação na Europa e que conta com aulas focadas em alfabetização da informação em multiplataformas, incentivando o amadurecimento do pensamento crítico.

Paralelamente, é de extrema importância sempre verificar a fonte da informação recebida, além de ter cuidado ao compartilhá-las. Você também pode contribuir para a verificação dos fatos e o compartilhamento de informações verídicas ao monitorar os conteúdos que recebe e, ao sinal de que alguma mensagem é enganosa, denunciá-la por meio das ferramentas nativas que os aplicativos de troca de mensagens e redes sociais como o WhatsApp e o Twitter passaram a oferecer.

 

Vishing: saiba como identificar o golpe e formas de se protegerDaniel Barbosa é formado em Ciência da Computação pela Universidade de Santo Amaro (Brasil) e pós-graduado em Cyber Security pela Daryus Management Business School (Brasil). Desde 2018, atua como especialista em segurança da informação na Eset.

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