No início de abril, a Coca-Cola anunciou o lançamento da Zero Sugar Byte, uma edição limitada da famosa bebida de extrato de noz de cola e cafeína, mas que foi desenvolvida “no metaverso“.
Explico: o Byte foi um sabor criado para o refrigerante dentro do game Fortnite. O projeto nasceu por meio do Creations, uma plataforma de “inovação para colaboração, criatividade e conexões culturais” inaugurada no início do ano pela marca e que tem como premissa criar experiências diferenciadas, bem como testar projetos com foco no digital, mas tendo também essa “pegada mundo real”.
Essa edição limitada da Coca-Cola Byte foi um exemplo da materialização desse conceito do Creations: durante o lançamento do refrigerante, gamers convidados pela marca da América Latina — incluindo o Brasil —, “destravaram” o lançamento a partir ilha criada no Fortnite. Não vou me estender sobre isso, mas se você estiver curioso, pode ver o resultado dessa saga no canal da Coca no YouTube.
Basicamente, o anúncio da Byte prometia, como o próprio site da empresa descreve:
“A primeira Coca-Cola que veio do mundo virtual com sabor de byte!”
Agora, como é este sabor, amigos, é a pergunta de um milhão.
A saga da Coca-Coca Byte
Confesso que não sei bem como descrever o que senti. Eu diria que foi a mesma sensação de ‘não-sei-bem-se-curti-não-é-ruim-só-que-é’ que eu tive quando experimentei a Lay’s de Vinagre (alô pessoas que já experimentaram esse salgadinho, sabem o que eu estou dizendo).
Em resumo: não tenho bem certeza se não gostei, mas também não posso dizer que gostei. Não é que é ruim do tipo “nunca mais compro”, mas também não achei bom o suficiente para comprar novamente, entende?
A sensação é (e tentarei ser o mais descritiva que eu conseguir): no primeiro gole fiz uma careta de franzir o nariz. Não só pela efervescência característica de refrigerantes em lata que eu acho um exagero, mas pelo sabor curioso mesmo.
Foi quase como quando você come um biscoito de polvilho que seu cérebro jurava ser salgado, mas quando você dá a primeira mordida vem o gosto de confusão misturado ao arrependimento que se comprova ao verificar que a embalagem é, na verdade, da versão de polvilho doce. (Alguém mais já passou por isso, ou é só comigo que acontecem essas coisas?)
Mas entenda: é menos terrível do que parece porque, no caso, eu sabia, ao menos, que a Coca era sem açúcar antes de prová-la. Então, na escala de coisas estranhas, o polvilho doce definitivamente tem gosto de decepção, enquanto a Coca Byte está mais para um “conheço isso de algum lugar”.
Para quem está acostumado com o gosto da sucralose (e quem gosta, que não é o meu caso definitivamente), eu diria que é similar. Se eu tivesse que definir em uma frase, diria que é uma versão “Coca Zero suavizada”.
E olha que eu já provei Coca-Colas do mundo quando fui na loja da marca em Las Vegas, nos EUA (para quem não sabe: na loja eles possibilitam aos visitantes provarem sabores que são originais de determinados países, como o Kuat brasileiro, feito a partir do nosso guaraná, e a Inka Cola peruana) — e o gosto não parece em nada com nenhum dos 16 que já provei.
Me lembrou mais o sabor de alguma bala dessas de infância – tipo Juquinha de morango. É um gosto conhecido de algo que já consumi na vida, mas que não consegui puxar pela memória qual a origem.
Não tem gosto de energético, tampouco de isotônico – embora ambos sejam sabores artificiais que eu poderia apostar que serviram de inspiração para a criação do tal do ‘sabor Byte’.
Mas, à parte daquele gosto docinho característico que senti, ressalto que no fundo, depois de engolir, o sabor muda e fica um resquício de artificial, sabe? E essa é a parte que eu não gostei tanto assim (já deu para perceber, né?)
O veredicto: Coca-Cola Byte é boa?
Bom, a promessa do marketing era experimentar a Coca-Cola Byte para “desbloquear uma experiência única”. E acredito que isso foi cumprido, porque realmente não é um gosto parecido com nada do que já provei. Admito que até cheguei a olhar a composição em busca do que seria feito a base desse tal ‘Byte’ e não há qualquer ingrediente que aponte para um aroma ou sabor artificial de coisa alguma.
O que me faz acreditar que: ou eles conseguiram alguma autorização especial para não dizer o que tem na embalagem (e, portanto, manter o mistério — o que não seria tão impossível para a Coca, visto que a fórmula da bebida é um segredo até hoje), ou esse é de fato o gosto do xarope original com adoçante dietético.
Aos amantes da Coca-Cola tradicional como eu (bem gelada, trincando, em um lindo dia de sol), meu conselho: só tomem se quiserem matar a curiosidade. Ou se estiverem em um lugar em que a latinha está gelada e é a sua única opção de consumo.
Aos amantes de Coca-Cola zero: achei o sabor um tanto similar, então talvez vocês curtam o gosto do Byte também.
No mais, deixo ao marketing da Coca-Cola os meus sinceros parabéns. Se a intenção era provocar um burburinho e atiçar a curiosidade, a estratégia deu certo. Agora, se o público gamer vai se engajar para que eventualmente a edição limitada possa se tornar algo mais definitivo, aí eu tenho minhas dúvidas.
E se você chegou até aqui e ainda assim decidiu experimentar o sabor Byte, me conta depois nos comentários o que achou?