Chip inédito combina células do cérebro humano, eletrônica e inteligência artificial
Pesquisadores australianos desenvolveram o “DishBrain”, um chip semi-biológico capaz de aprender a partir de bonificações e puniçõesBy - Cesar Schaeffer, 12 agosto 2023 às 14:14
Além do tradicional silício, células do cérebro humano. Por mais ficção científica que pareça, esta é a proposta do “DishBrain”, um chip de computador desenvolvido por cientistas australianos da Monash University que combina tecido cerebral humano, circuitos eletrônicos e inteligência artificial.
O “DishBrain”é um chip semi-biológico que contém cerca de 800.000 células cerebrais humanas e de camundongos cultivadas em laboratório. Nos primeiros testes, o processador “aprendeu” a jogar Pong em apenas 5 minutos.
O experimento com o chip semi-biológico
Neste processador, os microeletrodos são capazes de ler a atividade nas células cerebrais e estimulá-las com sinais elétricos. Assim, os pesquisadores desenvolveram uma versão do game Pong na qual as células cerebrais era alimentadas com um determinado estímulo elétrico para representar de que lado da “tela” a bola estava e a que distância da raquete ela estava.
Em seguida, criaram um sistema muito básico de recompensa baseado no fato de que pequenos aglomerados de células cerebrais tendem a tentar minimizar a imprevisibilidade em seu ambiente. Assim, se a raquete acertasse a bola, as células receberiam um estímulo previsível, considerado “bom”. Mas se errasse, as células receberiam quatro segundos de estimulação totalmente imprevisível – uma espécie de “punição”.
Esta foi a primeira vez que células cerebrais cultivadas em laboratório foram usadas dessa maneira, recebendo não apenas uma maneira de sentir o mundo, mas também de agir sobre ele; os resultados impressionaram – tanto que o projeto chegou a receber recentemente uma doação de US$ 407.000 do programa National Intelligence and Security Discovery Research Grants da Austrália.
O futuro dos chips com células humanas
No futuro (próximo), a expectativa é que esses chips programáveis que combinam computação biológica com inteligência artificial possam superar a performance dos atuais processadores puramente baseados em silício.
“Os resultados da pesquisa teriam implicações significativas em vários campos, como planejamento, robótica, automação avançada, interfaces cérebro-máquina e descoberta de medicamentos”, disse o líder do projeto, o professor Adeel Razi.
Ou seja, os recursos avançados de aprendizado do “DishBrain” poderão sustentar uma nova geração de aprendizado de máquina, especialmente quando incorporados a veículos autônomos, drones e robôs. Isso poderia dar a eles, explica Razi, “um novo tipo de inteligência de máquina capaz de aprender ao longo de sua vida”.
Via: Scimex
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