Aplicativo Celular Seguro ‘carece de ajustes rapidamente’, diz startup de segurança
Sócio-fundador da Exa destacou fragilidades como tempo de espera para bloqueio de bancos e aplicativos, além da falta de garantia para bloqueio imediato da linha telefônicaBy - Liliane Nakagawa, 28 dezembro 2023 às 16:34
O Celular Seguro, que atingiu mais de 270 mil registros nas primeiras 24 horas, já sofreu as primeiras críticas em relação à segurança do aplicativo lançado na terça-feira (19) pelo governo federal.
O projeto que inutiliza telefones furtados “carece de ajustes rapidamente”, segundo Alberto Leite, da startup de serviços digitais focada em segurança Exa, em entrevista à Folha de S. Paulo. “O tempo de espera para que os parceiros, como bancos e outros aplicativos, façam o bloqueio é muito grande”, complementa o executivo.
Embora afirme que seja uma ferramenta louvável, afinal a Exa também oferece serviços de segurança voltados a furtos de smartphones (com ferramentas extras como exclusão de mídias, mensagens, gravação remota de vídeo [para identificação do infrator] e outras), Leite aponta que nesse período seria possível acessar os dados sensíveis da vítima usando uma rede Wi-Fi.
“Embora o Celular Seguro tenha registrado mais de 270 mil usuários em apenas um dia, é crucial destacar que a plataforma não proporciona segurança completa”, destaca Leite. “Ao se conectar a uma rede Wi-Fi, o criminoso ainda mantém acesso ao dispositivo. Além disso, o bloqueio imediato da linha telefônica não é garantido, já que o sistema requer até seis horas para enviar a notificação e mais um dia útil para efetivar o pedido”.
De acordo com dados do governo federal, nas primeiras 24 horas após o lançamento, 276.177 cadastros foram realizados: 182.645 celulares foram registrados via site ou aplicativo e incluídas 169.843 pessoas de confiança. Até quarta-feira (20), a ferramenta já tinha recebido 1.213 alertas de usuários referentes à perda, roubo ou furto.
Como funciona o aplicativo Celular Seguro
O objetivo da medida, descreve o governo federal, é de “combater roubos e furtos de celulares em todo o país”. Para isso, cada pessoa que se cadastrar no Celular Seguro poderá indicar “pessoas de confiança” (que tenham uma conta gov.br e que tenham o aplicativo baixado) para que essas também possam fazer o pedido de bloqueio de aplicativos digitais e do aparelho, que tenha sido furtado, roubado ou perdido. As ocorrências podem ser registradas pelo proprietário do aparelho roubado ou pelas ‘pessoas de confiança’.
De acordo com o site do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), “o cadastro de ‘pessoas de confiança’ é opcional e, se registradas como contatos de emergência, elas não terão acesso aos dados do celular, podendo, apenas, comunicar o crime no site ou aplicativo Celular Seguro, gerando o bloqueio do aparelho e de aplicativos”.
Ao jornal O Globo, Ricardo Capelli, secretário-executivo do ministério da Justiça, disse estar discutindo com a Meta a possibilidade de aderir as suas respectivas plataformas Facebook, Instagram, Messenger e WhatsApp ao projeto.
Proteção de dados cadastrados
Quanto ao tratamento de dados dos cadastrados, a Pasta adiciona que será realizada de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo que os dados não serão usados para outras finalidades exceto constados nos Termos de Uso do projeto.
Vale lembrar que o cadastro é realizado apenas pela plataforma gov.br, por contas de qualquer nível (ouro, prata ou bronze). Com o aumento da procura pelo serviço, golpes com links maliciosos podem ser usados em nome do projeto.
Com informações Folha de S. Paulo, O Globo e Convergência Digital
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