A ByteDance, gigante chinesa mundialmente conhecida como a dona do TikTok, demitiu “centenas de funcionários” em uma medida que vê a companhia reduzir a sua divisão de videogames, de acordo com fontes ouvidas pelo jornal chinês South China Morning Post.

De acordo com o periódico, as demissões são um efeito direto da fiscalização pesada imposta pelo governo chinês no mercado dos videogames. Desde julho de 2021, a produção de novos títulos estava estagnada em todas as plataformas, com a agência regulatória do setor deixando de emitir licenças sem motivo aparente.

Imagem mostra a fachada da ByteDance em sua sede, na China

(Imagem: ByteDance/Divulgação)

Em abril deste ano, a autarquia retomou a emissão de licenças e aprovações, porém com políticas mais pesadas de avaliação e aprovação de conteúdo. A medida fez com que gigantes como a Tencent e a própria ByteDance expandissem seus negócios em outros países, investindo em empresas estrangeiras para manterem-se firmes nesse mercado.

Na mais recente novidade do assunto, a ByteDance fechou o estúdio 101 e demitiu ou transferiu a maior parte de sua equipe, e já confirmou internamente que outro estúdio, em Jiangnan, também será fechado. O que sobrar da divisão de jogos da empresa ficará responsável por manter o suporte continuado a jogos já lançados ou em vias de serem lançados.

Censura não é o único ponto de encolhimento industrial

De acordo com diversos analistas econômicos no Ocidente e na China, o país asiático – que já foi um berço para o setor de jogos – agora sofre com o encolhimento desta indústria, cortesia das imposições feitas pelo governo local. As autoridades têm poder de veto em praticamente todos os pontos de um novo jogo, podendo ordenar mudanças que impactam desde a narrativa e enredo até o visual dos personagens.

A consequência disso é a de que desenvolvedores chineses acabam enfrentando amplo prejuízo simplesmente por não saberem se ou quando seus produtos entrarão em vendas no varejo.

O problema, no entanto, também encontra reflexos na gestão corporativa: a nova liderança da ByteDance, por exemplo, implementou uma política que “criar músculo e cortar gordura”. Em termos nada incertos: operações com baixa expectativa ou cujos resultados não sejam vistos a curto e médio prazo serão cortadas – e o pessoal em ditas operações, remanejado ou demitido.

Liang Rubo, novo CEO da ByteDance que assumiu a posição após a saída do fundador Zhang Yiming, é quem inseriu esse modelo de gestão, de acordo com as fontes do jornal.

Isso mostra um amplo reflexo no mercado como um todo. A ByteDance não tem listagem pública e, por isso, não divulga seus próprios números.

Entretanto, empresas concorrentes revelaram que os cortes são uma tendência de indústria e não uma situação fechada: a Tencent, que é dona de nomes reconhecidos como Riot Games (League of Legends) e Supercell (Clash of Clans; Clash Royale) (além de ser dona de parte da Activision, Ubisoft e investir em estúdios como From Software, que fez Elden Ring) outras empresas ocidentais) relatou capital humano de 110.715 funcionários em junho – mais de 5 mil pessoas a menos do que em março.

Em outras searas, a fabricante de smartphones e eletrônicos Xiaomi também reduziu sua força de trabalho em 900 pessoas no segundo trimestre.

Em junho de 2022, a ByteDance havia relatado US$ 1 bilhão (R$ 5,25 bilhões) em consumo (basicamente, quanto jogadores pagam para recursos de aplicações e microtransações) para seus jogos mobile, onde a empresa é mais forte que suas concorrentes por apostar em produções próprias.

Atualmente, a China é o maior mercado da indústria mundial de jogos, mas vem sofrendo retração: de acordo com a Game Publishing Committee of the China Audio-Video and Digital Publishing Association, há uma queda de faturamento geral de 1,8%, com o mês de junho deste ano fechando em 665,69 milhões de usuários – em dezembro de 2021, eram 666,57 milhões.

A empresa não comentou as informações veiculadas.

via South China Morning Post

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